Na maminha (por Alva Benigno)

Em sua tradicional mesa, onde muitos times horrorosos do club foram rascunhados, o Conde Di Zanzibar, recém chegado de Brasília, só observa a a velha confraria de monas vert, blanc, rouge se deliciando com espetos de corações mal passados, tudo numa tradicional boutique de carnes carioca.

Homens que se querem brancos heterossexuais de bem, cristãos poderosos família pela pátria tradicional, meritocráticos, honestos e apaixonados pelo club mas que, na verdade, não passam de manjarrolas enrustidos que desejam praticar intensamente o amor que não ousa dizer seu nome. Homens que se dizem totais mas, na verdade, ainda carentes da sexualidade permanente. Homens que curtem fanfarras, caras e bocas, faniquitos bufantes e bichices performáticas, tudo para manter certa pode de autoridade que simplesmente não existe.

Na penumbra, o velho safado Zanzibar controla a política do club com olhar de desejo. A sauna sempre fala mais alto. E pensa: “São apenas bundões de internet, viadinhos desimportantes”. Pensa em sacar do bolso um charutão de ganha, mas decide adiar seu encontro labial com a Erva do Norte. Enquanto isso, deslumbrados puxam o saco de suas lideranças do que chamam “política”. Promessas, cargos e acordos são costurados. Bichonas da militância nas redes são tratadas como comunicadores de talento, mas é tudo o estilo falsiane.

Chiquinho, matreiro que só, agora energizado com o élan vital da assessoria especial da Presidência da República, aciona, num clique de olhar maroto, de soslaio, uma pequena mas estratégica entrada na cozinha. Pede para o garçom perguntar qual a carne da preferência da mesa, que será presente de um grande admirador. A resposta chega: alcatra no alho. Subitamente o Conde saca seu membro ereto e o acaricia com jeito andrógino e alta velocidade. A peça chega à sua frente, e o sêmen quente de Zanzibar encharca o charque. Suspira e limpa The Beast na carne, com o creme da vida se misturando ao alho derretido. Uma onda branca envolve a suculenta carne dourada.

O Conde escreve um cartão, colado com a última gota de porra grossa: “Uma cortesia de quem sempre vence com cheiro de eucalipto e volúpia.”

Volta à mesa, observando o espanto e a alegria dos comilões a cada fatia de carne, deixando escorrer dos seus lábios cheios a ânsia pelo poder. A fome da ganância será saciada por pouco tempo, filosofa o Conde.

Não vai ter golpe, pensa alto. Tudo será devidamente decidido no rodízio de travestis etc que Zanzibar está tramando, com garrafada anti hiv aids e sem bebida alcoólica, uma exigência da família evangélica tradicional brasileira, que lhe cederá a mansão na Baixada Fluminense para a realização do encontro do tesão entre iguais.

Depois de um licor de tamarindo, um café e a conta. Chiquinho Zanzibar a confere e pede para um amigo entregá-la pra quem tiver cara de bicha velha petequeira do Posto Seis pagar. E aí surge a dúvida: quem será a Mona-Mor do pedaço? Uma das candidatas diz querer a morte do lutador careca. O velho resmunga sozinho: “Essa tia idosa quer brincar de IML, só para autopsiar o Careca nu. Que viadagem medonha, cruz credo, Nossa Senhora!”.

Da porta, antes de sair, o Conde vê o garçom acertar na mosca de quem se tratava. O resto, Happybath decide no rodízio temperado com o velho banho da alegria. Por algumas especulações, ele se lembra do velho rival que já humilhou em tantas oportunidades, literalmente na merda. Pensa em dizer várias coisas, mas prefere escrever e deixar outro bilhete, onde se lê “13 na cabeça”. É uma mensagem enigmática, sem dúvida, mas que faz pensar.

Roger chega com o carro, Zanzibar embarca, diz “Oi, bofão!” e dá uma gargalhada caótica, bem ao seu estilo. O veículo toma a direção da Glória. Fica para trás o ambiente de alto teor homoerórico da boutique de carnes. Mas os planos não param.

Panorama Tricolor

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