Parafraseando o Pastor Martin Luther King, eu tenho um sonho.
Eu sonho que um dia a competência se instale na direção de nosso clube, e que se estenda até os vários postos e setores de Xerém, e que nossa base seja o suficiente para abastecer nosso time profissional.
Sonho que, desde a captação dos moleques, toda sua preparação seja de excelência, com profissionais de alto nível, sem cabides de emprego, alocação de cabos eleitorais e tudo o mais que hoje vemos. Um grupo assim prepararia sempre jogadores com habilidade, capacitação e todos os requisitos para ocuparem o elenco titular do clube, as contratações externas seriam apenas pontuais, e isso aconteceria apenas quando nossos profissionais que preparam os jogadores da base falhassem em uma ou outra peça e/ou posição.
Sei que isso seria a realização de uma quase utopia, isso mesmo, quase, feito que utopia é algo inatingível, e se o pessoal que trabalha os garotos for realmente de excelência e tiver a dedicação em realizar o trabalho, o resultado iria beirar essa breve descrição.
Para que o sonho fosse completo, nunca precisaríamos trazer ninguém de fora e por falta de ter como usar a todos os formados na nossa base, seríamos obrigados a vender os que, ao chegar a idade adulta, não atingissem a plenitude do desempenho futebolístico para integrar nosso elenco, mas que ainda fossem muito bons, podendo render bastante para nossos cofres.
Com a direção do clube ocupada por tricolores completos, honestos e que agiriam sempre pensando no melhor para o nosso Flu, e em benefício dele, conseguiríamos estar no lugar que sempre merecemos e estaríamos sempre disputando todas as competições que estivessem em jogo. Nosso time seria bom, duro de bater e quase sempre a vitória nos premiaria pelo bom desempenho em campo. Seríamos um time a ser batido e nossos adversários quase nunca estariam à altura disso.
Sonhar é muito bom, pois é o início de um caminho para que se realizem as maravilhas do sonho. Não adianta se o sonho for de apenas uma pessoa, mas se mais tricolores iniciarem a ter o mesmo objetivo e for fazendo algo nessa direção, por menor que seja o movimento individual nessa direção, a soma das ações individuais pode se transformar em um movimento enorme e que devaste todas as ações que tentarem impedir essa onda, pois estará lastreado pelo amor ao clube das três cores que traduzem tradição, e o lado opositor terá como mote apenas o que hoje controla nosso clube, que é a busca por negociatas, desprezo pelo trabalho na base, ralos enormes esvaindo nossas finanças.
É no mínimo interessante que aqueles que agem quase sempre prejudicando a vida e o desenvolvimento do clube primem em acusar quem não os “venera” de serem anti tricolores, de não terem dado dois treinos e toda a lista de chavões que estão sempre na ponta da língua de todos que infelizmente compõem a direção do nosso clube.
Em meu sonho, nossa base seria uma linha do produção a gerar jogadores, e não seria difícil se, desde a captação de moleques, trabalhassem pessoas que realmente fossem a campo e tivessem a capacidade de ver a semente que está por trás da fruta, e vissem o real potencial da molecada, que se não me engano acontecia em passado distante. Essas pedras brutas ao chegar a Xerém seriam lapidadas e trabalhadas por todo um conjunto de fisiologistas, nutricionistas, médicos, dentistas e todo o staff, que melhoraria a capacidade física e aplicaria capacitação para melhorar as valências necessárias à prática do futebol. Técnicos de futebol muito capacitados terminariam essa “lapidação” ao prover aos moleques todos os fundamentos do jogo, e desenvolveria as características individuais e coletivas necessárias para a prática desse jogo encantador que é o futebol.
Neste processo não haveriam cargos ou vagas para quem quer que seja que não fosse pela capacidade de desempenhar a função, nada além disso colocaria alguém enfronhado em Xerém, bem como o clube teria que assumir o papel que os empresários fazem hoje, e com isso levam uma parcela do futuro atleta, às vezes maior que a do próprio clube.
Sei que isto é sonho mas, se nesta vida não se puder sonhar, será que vale a pena viver?