Prezados amigos, saudações tricolores!
Tempo de eleições. Não, não me refiro às eleições municipais. Não pretendo ser eu mais um dos muitos cientistas políticos de plantão que aparecem de tempos em tempos, definindo e rotulando a tudo e a todos. Tenho as minhas convicções e as minhas opiniões, mas enquanto eu acreditar que a prudência é a mãe de todas as virtudes, elas continuarão sendo só minhas.
Nesse estranho ano de 2016, além de prefeito e vereadores, escolheremos também o novo presidente e um novo Conselho Deliberativo para o Fluminense. E o fim de um ano que já foi demasiado estranho para os tricolores tem se apresentado ainda mais estranho.
Foi-se a Adidas, depois de quase 20 anos. Foi-se o Fred, depois de sete longos anos. Vierem jogadores estranhíssimos. Montamos um time no mínimo esquisito. E o mais estranho disso tudo é que temos chances reais de terminar o campeonato no estranho G6, conquistando o prêmio de consolação mais cobiçado entre os torcedores brasileiros.
Em meio a tudo isso, a política interna ferve. Tome cuidado, tricolor. Não acredite em tudo o que lê! O papel aceita tudo. A internet, também. Pesquise, se informe, faça parte do processo. Procure conhecer e entender as propostas. Eu já disso isso aqui antes, mas vou repetir: passa da hora de deixarmos de lado o comodismo, por mais tentador que seja participar via rede social.
Pois bem. Fui conhecer as propostas. Tenho ouvido aqui e acolá que o Fluminense construirá um estádio, na gestão desse ou daquele candidato, caso vencedor. Um estádio ou uma Arena, sei lá. Na Barra. Memorandos de entendimento. Temos mais de um, até. Tricolores exultantes aqui e ali. Pularam. Abraçaram-se até. Entoaram cânticos das arquibancadas. Vi alguns chorando. Juro. E me senti estranho.
Estranho por não compartilhar desse entusiasmo quase pueril ao ouvir que temos um papel (tá bom, mais de um!) que para alguns representa o início de novos tempos. Não são poucas as perguntas que me vêm à mente. A primeira delas é se é exatamente disso que o Fluminense precisa nesse estranho ano de 2016. Um estádio.
Fico pensando no acordo de 35 anos com o Consórcio Maracanã. Se cumprido integralmente, valeria até 2048. E como comemoramos esse acordo… estávamos todos enganados? Penso que não. A depender, é claro, do inteiro teor do contrato. Não teríamos despesas em caso de ocupação inferior a 43 mil lugares. Depois, a coisa mudou, é verdade. E vai mudar de novo. Não podemos ficar de fora.
Ora senhores, o assunto “Maracanã” tem que ser tratado como estratégico nas Laranjeiras. Deixar o estádio à mercê do rival da Gávea representará transformá-lo em algo maior do que já é. Representará a ampliação do abismo que já existe entre as receitas dos dois clubes. Representará o fortalecimento deles.
Deixemos o estádio para eles e em breve você estará comprando ingressos para qualquer coisa em uma arena rebatizada com alguma referência à Gávea. As rampas de acesso e os vestiários terão os nomes dos ídolos de lá. Os acentos terão aquela combinação de cores. Pense também nas receitas com publicidade, turismo, aluguel do espaço para shows e outros eventos… pense nisso. Será que faz algum sentido?
Trata-se somente do estádio de futebol mais conhecido do mundo. Mais do que um estádio, um monumento do Rio de Janeiro. Um ponto turístico. Não façamos deles os donos do Maracanã.
Teremos o “Laranjão”, na Barra, objetarão alguns. Ou em Jacarepaguá, sei lá. Pense, meu amigo. Coloque-se na posição de investidor e me responda (honestamente!) onde você investiria os seus tostões. Estivesse eu sentado na cadeira de presidente da Gávea, seria um grande incentivador da construção do estádio do Fluminense.
Além disso, convém lembrar que há anos a torcida tricolor questiona a possibilidade de voltarmos a realizar jogos pequeno porte no Estádio das Laranjeiras. Outros tantos pedem a construção de uma arena nova no mesmo lugar. É impossível, dizem aqui e ali. Tanto a reforma para jogos menores, quanto a reconstrução. Pois bem. Onde está o laudo? Qual foi a autoridade que vetou? Quais as contrapartidas que haveríamos de cumprir? Alguém de fato tentou? Onde estão os projetos?
O Maracanã precisa ser encarado de forma estratégica. Laranjeiras, com serenidade, até que se afastem todas as dúvidas relacionadas à sua utilização futura.
Seria interessantíssimo termos o nosso estádio, mas o momento pede uma reflexão um pouco mais tranquila. Gostaria muito de saber o que estaria acontecendo se esse estranho ano de 2016 não fosse ano eleitoral nas Laranjeiras. Estaríamos falando em construir um estádio?
Saudações Tricolores!
Panorama Tricolor
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Imagem: trigs/jb
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