Espiava o Facebook, fato cada vez mais raro nesta república federativa de ódios, quando me deparei com a foto acima, postada por um colega e comentada por outro.
Bateu um mar de saudade quando se trata de Fluminense, mas não somente ele. Ganhava muito; quando não ganhava, disputava até o fim. Quando não tinha dinheiro, montava times humildes de batalha.
Nos anos 1980, o Flu era protagonista e não um figurante desprezado.
Apesar da superioridade tricolor, todo jogo no Carioca no mínimo começava disputado. Os times de menor investimento tinham dois, três ou quatro jogadores de boa ou ótima qualidade, nivelando o campeonato por cima.
As coisas eram mais simples num futebol sem gourmetização, delivery for TV. Dava prazer em ir aos acanhados Luso-Brasileiro (palco da foto que ilustra esta coluna), Aniceto Moscoso, Ítalo Del Cima, a mitológica Bariri e outros. Jogo com torcida, pó de arroz, canto e abraço. Às vezes era preciso brigar, acontece – e tricolor defendia tricolor, ao contrário de agora, quando qualquer babaca deslumbradx usa a covardia das redes antissociais para buscar 30 segundos de fama estúpida.
Na volta, tinha a emoção de se ver uma partida nas Laranjeiras.
As pessoas torciam para o Fluminense e não para suas mamatas pessoais em caso de emplacar um candidato, nem se imaginava isso. É claro que havia oposição e disputa, mas havia respeito. E mesmo com o Flu às vezes contando com inimigos do futebol em sua direção, havia respeito. Homens respeitáveis, gostando-se ou não deles.
Fluminense e Portuguesa na Ilha, jogo numa tarde qualquer, não me lembro do placar e nem exatamente o ano. Não vale colar para escrever, amigos. Mas basta dizer que éramos grandes de verdade, sentimento e coração.
Eu, garoto, tinha todo o tempo do mundo pela frente, o futuro era um horizonte do oceano. Agora ele chegou, sem as promessas do passado. Os mais velhos e mais lúcidos sabem que a perenidade do Fluminense está ameaçada e que, hoje, ninguém tem os meios para evitar uma verdadeira tragédia. Nelson Rodrigues deve sentir a úlcera, onde quer que esteja.
Não há outro caminho. Vamos em frente, às vezes mergulhando num mar de saudade, às vezes sabendo que tudo agora é muito diferente do que um dia foi prometido. Mas estão rolando os dados.
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O Savioli gostou do primeiro treino, estou esperando as avaliações dos nossos outros companheiros de casa. Na verdade estou de férias, mas acabei passando aqui porque a foto era linda e representativa demais. Amanhã o Jácome está de volta.
Só nos resta torcer, torcer a favor do time e, por ora, esperar que as contratações se tornem reforços. E que venha coisa nova e boa por aí, tanto em campo quanto nos bastidores. A Fernando Diniz, meu desejo de total felicidade e realizações no Fluminense.
Estão rolando os dados.
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Nesta semana o PANORAMA está de volta para o começo de sua oitava temporada.
Continuamos a produzir nosso próprio material de publicação. Desde o ano passado, renovamos o time com novos colunistas – Gabriella Amorim, Eliane Cunha, CH, Leo Moretti e Roberto Rutigliano, mais a agradável surpresa de Marcelo Savioli – que tem mais serviços prestados ao clube do que 99% dos “blogueiros” e “formadôris de openeaum” juntos – ao beijar nosso escudo panorâmico.
Uma satisfação pessoal para mim. Foi no Fluminense & Etc de Savioli que, logo após ter lançado meu primeiro livro, tive espaço midiático de ponta. Depois, colaborei com mais de 50 colunas de O’Tricolor e, agora, voltamos a tabelar por aqui.
Que a terceira oportunidade seja duradoura ao extremo. Aliás, será.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Caro Andel, essa foto representa um período de grandes recordações. Só temos que lhe agradecer por nos proporcioná-la! É impressão minha ou o senhor de bermuda branca, pendurado no alambrado atrás do gol, é o nosso saudoso e querido “Careca”? ST.
Andel: Leonardo, tudo indica que sim. Em certo tempo dos anos 1980 o Careca parou de usar talco por questões de saúde. Abraço. ST.