Tricolores de sangue grená, infelizmente não dá mais para Marcão. Eu apoiei a efetivação dele porque sabia que era uma ideia melhor que “contratar qualquer um” que eventualmente seria demitido daqui a algumas rodadas, nos deixando numa situação impreterivelmente inescapável. Mas, contra a Chapecoense, Marcão deu toda a mostra que não será o nome que nos salvará do descenso, que continua a nos rondar. Por sorte, o Cruzeiro, que havia recuperado o fôlego ao vencer duas seguidas, empatou em casa contra o Fortaleza e se manteve um ponto atrás de nós, e o Ceará não conseguiu ganhar do Vasco em casa, empatando também. Assim, nos mantivemos fora da zona de rebaixamento, empatados em pontos com o Ceará, a dois pontos do Fortaleza e um ponto à frente do Cruzeiro. Desses três, um tem que cair, pois não pode ser o Fluminense o eleito. Vimos neste sábado um jogo ruim de doer, revivendo os piores momentos da Era Diniz, onde pressionávamos e tomávamos um gol no contra-ataque. No segundo tempo, o empate veio, mas ficou nisso. Não tivemos força para vencer.
Não sou treinador, mas as mexidas eram óbvias a qualquer um que entende de futebol. A primeira substituição foi ok. Nem estava mal e precisávamos de um centroavante. A segunda mexida claramente deveria ser Allan por Yuri, já que Allan já tinha cartão estava muito mal no jogo. Finalmente, a terceira mexida poderia ser Nenê, que também errou muito, por Ganso, para dar qualidade no passe longo e nas bolas alçadas para João Pedro, Marcos Paulo e Yoni. Assim que ele tirou Daniel, perdemos o meio-de-campo e morremos no jogo. Daniel não é nenhum supra-sumo, mas era o motor do time e criava as melhores chances – o gol saiu de uma jogada sua. Lucão é completamente inexplicável, assim como manter Nenê em campo durante 90 minutos mais acréscimos (que por sinal, foram um escárnio). Marcão não consegue resolver os problemas táticos do jogo, e estamos pagando caro por isso. Ficou claro que o lado esquerdo foi asfixiado no segundo tempo com as mexidas do técnico da Chape. Em vez de encostar Marcos Paulo em Caio Henrique, Marcão promoveu a entrada de Lucão. Ficou difícil.
Marcão, ou qualquer treinador que porventura venha a chegar (talvez Odair ou Lisca), precisará mudar radicalmente de atitude se quiser evitar a queda. E mudar peças também, pois as atuais são mal utilizadas, e nem sempre correspondem. Digão está errando absurdamente, e Marcão insiste com ele. Se não confia em Frazan, que também não é nenhuma sumidade, é hora de usar a base. Onde está nosso zagueiro Luan? Estou de saco cheio de tomarmos os mesmos gols idiotas sempre. Por onde anda Miguel, que poderia ser opção a Daniel quando este cansar? Por que diabos estão demorando tanto tempo para subir Evanílson, quando não temos mais João Pedro em fase inspirada? Brasileiro sub-20 é mais importante que o time profissional se manter na primeira divisão? Cadê Pablo Dyego, que nunca mais entrou? Ou não era melhor colocar o Pablo em vez do Lucão? Que interesses estão se sobrepondo ao desempenho e à competitividade do time? Só escapamos em 2009 porque Cuca teve colhões pra mudar tudo. O comandante da vez precisará fazer o mesmo se quisermos ter alguma chance!
Esta próxima semana pode ser decisiva para o resto do ano. Temos 10 partidas restantes e perdemos mais dois pontos do planejamento que eu havia feito (estamos agora com quatro pontos de déficit). Isso significa, entre outras coisas, que teremos que vencer Vasco ou Atlético-MG de qualquer jeito, além dos já conhecidos Ceará, Fortaleza, CSA e Avaí. Desses jogos, só o Fortaleza será em casa. Quarta-feira temos o Ceará no Castelão e sábado já é o clássico contra o Vasco. Seja lá quem estiver no banco do Flu no Nordeste, precisa tirar os jogadores que não estão performando – e dos quais a torcida já encheu o saco – e colocar opções. Imediatamente, acho que não teremos surpresas, pois é necessário trazer os meninos que citei e colocá-los disputando posições, o que ainda não está acontecendo. As principais mudanças precisam ser a saída de Digão, Gilberto e Nenê, que vem muito mal. Eu também não escalaria Allan contra o Ceará e mandaria um time mais consistente defensivamente.
O time contra o Ceará, para mim, seria Muriel, Igor Julião, Nino, Frazan (ou Luccas Claro) e Caio Henrique; Yuri, Daniel e Ganso; Marcos Paulo, Yoni e João Pedro. Contra o Vasco, talvez eu tirasse João Pedro, colocaria Allan junto com Yuri, Daniel e Ganso, e deixaria Marcos Paulo de centroavante. O menino rende muito mais dentro da área, e o gol dele contra a Chapecoense é uma prova disso. Desde a base ele é homem-gol. Opções para o segundo tempo nos jogos seriam Nenê (ou Miguel) no lugar de Ganso quando o mesmo cansasse, e Wellington Nem (embora esteja mal) ou Brenner, caso o jogo apresentasse uma característica que favorecesse os contra-ataques do Fluminense. Por último, eu testaria Pablo Dyego (ou Evanílson – subam o rapaz!) no lugar de João Pedro, caso a intenção seja manter Marcos Paulo em outra posição. Gilberto entrega demais a paçoca, não dá pra confiar nele de saída. Tanto ele quanto Nenê não se omitem, não se escondem do jogo, mas estão mal há tempos.
Como eu não acredito que Marcão vá fazer nada disso (só tirou Ganso porque parte da torcida começou a querer boicotá-lo), resta-nos orar para que o jogo contra o Ceará seja atípico (tipo uma reprise da vitória contra o Fortaleza) e levemos uma vitória para o Rio. Precisamos demais de resultados positivos, sob pena de atravessarmos o vale das sombras da morte daqui até o fim da competição. Depender de vitórias sobre São Paulo (fora), Internacional (fora) ou Palmeiras (casa), e até eventualmente sobre o Corinthians (fora) na última rodada pode colocar tudo a perder e, se realmente estivermos nessa situação, não vejo saída. No mais, torcedor, ainda que esteja difícil, ainda que seja sofrido, vá ao estádio nas partidas em casa. Nós só teremos essas oportunidades para apoiar o time, e elas serão escassas. Estive no Maracanã contra a Chape, e estarei lá contra o Vasco, mesmo não sendo um frequentador assíduo por diversas razões. O Fluminense é um dos amores da minha vida, e não vou largá-lo por nada. E nem vocês vão. Associem-se, participem da vida do Fluminense hoje. Amanhã pode ser tarde.
Curtas:
– Falei pra burro, mas escrever após um jogo como esse é assim mesmo. A Chape era a lanterna e não conseguimos superá-la. Ela já caiu, na minha opinião, e temos que rezar em outra cartilha para não a acompanharmos. Se a mudança tiver que ser no comando técnico, que seja feita para ontem.
– Serei obrigado a inaugurar o “guia do secador” na minha coluna, já que a situação está tão turva que precisamos torcer muito contra nossos adversários diretos. Então, lá vai: 29ª rodada – Avaí x Fortaleza (Avaí); Vasco x Grêmio (Grêmio); CSA x Corinthians (Corinthians); Botafogo x Cruzeiro (empate) /\ 30ª rodada – Fortaleza x Atlético-MG (Atlético-MG); Palmeiras x Ceará (Palmeiras); Athletico-PR x CSA (Athletico); Cruzeiro x Bahia (Bahia); Santos x Botafogo (Santos).
– Excelente a iniciativa da associação em massa capitaneada pela própria torcida. Sugiro iniciativa similar de comparecimento em massa ao Maracanã para apoiar o Flu nos jogos finais, pois vamos precisar muito disso.
– Palpites para os próximos jogos: Ceará 0 x 1 Fluminense; Fluminense 2 x 1 Vasco.