Terminado em Volta Redonda, a cidade do aço, o jogo entre Madureira e Fluminense, o choque de tricolores. Um o mais tradicional, outro o charmoso e chavoso time do subúrbio da Central, coladinho ao Mercadão de Madureira, principal local de compras do cidadão carioca que sabe o que é bom. Como diria um ilustre frequentador do bairro querido: o melhor lugar do mundo.
Uma pena o jogo ser tão longe de casa, mais ainda ser em outra cidade, o que certamente interferiu mais no jogo que seria disputado nas arquibancadas do que no de dentro de campo, porque esse já era esperado, ainda mais com a escalação do Abel, insistindo em algumas ideias ultrapassadas e jogadores notadamente em fim de carreira.
Em relação à derrota para o Bangu, uma mudança de nome. Nathan deu lugar a Luiz Henrique, mas dentro de campo houve mais escaramuças, pois sem um meia mais articulador, o que se viu foi uma tentativa de um 3-4-3 com pitadas de aglomerações esporádicas pelos lados de campo. Ora com Luiz Henrique, principal articulador das jogadas ofensivas, ora quem estivesse pelo lado esquerdo: Willian, Moldavo ou David Braz, sim, David Braz fez muitas subidas ao ataque pelo lado esquerdo, medianamente ocupado por Cristiano, que errou praticamente tudo que tentou. De consolo, muitos dirão: ao menos ele não se escondeu, de fato, mas o futebol não apareceu.
Com tentativas infrutíferas de sair jogando a partir dos defensores, o Fluminense travou muito na marcação a meio tanque do Madureira, que não marcava tão em cima quanto o Bangu, mas sabia fazer bem as coberturas territoriais, sobrando ao pobre Tricolor alguns lançamentos aéreos e inversões de jogadas. Em uma delas, Cristiano achou Samuel Xavier entrando na área, no que dominou no peito e na hora de chutar, foi travado pelo bom zagueiro Edgar Silva, um quase xará desse que nos escreve. Aliás, Edgar foi em minha visão o melhor quadro em campo do Madura, sempre chegando bem nas coberturas e praticamente anulando as ações ofensivas do Luiz Henrique.
A única grande chance real de gol do primeiro tempo foi do Madureira, dos pés de Rafinha, após falha de André. O meia driblou Yago e chutou para defesa cirúrgica de Marcos Felipe, enquanto o Fluminense chegou algumas vezes no abafa, com a melhor chance sendo em bola que sobrou nos pés do lateral Cristiano, mas a finalização foi nas mãos do goleiro Gerson Dida, que mais pareceu um recuo de bola.
Para o segundo tempo, Abel trocou Yago por Nathan, que entrou e deu mais mobilidade ao setor de criação do Fluminense, acertando dois cruzamentos que ofereceram perigo ao gol de Dida, mas as duas finalizações não foram bem aproveitadas, ambas por Willian, uma um chute por cima do gol e a outra uma boa cabeçada defendida pelo goleiro Gerson.
Mas ainda faltava mais mobilidade ao ataque. Àquela altura, Fred estava apagado e o esquema que havia levemente alterado para um 4-3-3 com Nathan mais a frente de André e Felipe Melo, precisava de mais agilidade. Foi então que, após a pausa para hidratação, o chamado ‘tempo técnico’, Fluminense voltou com mais duas mudanças, Jhon Arias no lugar de André (que não fazia boa partida) e Germán Cano na vaga de Fred. A mexida provocou melhor condição de o Fluminense jogar na pressão da saída de bola do Madureira, tanto que um minuto depois em pressão no meio, o Flu interceptou a bola e Willian conduziu até passar para a direita, onde Arias entrou na área e finalizou para o frango do goleiro Dida, abrindo e fechando o placar para o Fluminense, 1 a 0.
Depois disso o Fluminense conseguiu minimamente pressionar melhor no ataque, com Luiz Henrique, Arias, Willian e Cano, mas teve desequilíbrio na marcação, fazendo Abel tirar Willian para a entrada de Martinelli. Mas foi o Madureira que conseguiu imprimir bons ataques, enquanto o Fluminense perdeu algumas oportunidades. Era impossível àquela altura visualizar esquema tático ou sistema de jogo, era muito mais na base da vontade e algumas ceras, sim, o Fluminense gastou tempo, tendo até Marcos Felipe tomado cartão amarelo e, por fim, Abel mandou a campo Caio Paulista no lugar de Luiz Henrique, que correu bastante mas não conseguiu agregar nada aos ataques.
Por fim, algumas coisas óbvias puderam ser observadas nesse jogo de hoje. Uma delas é: não dá pra jogar em alto rendimento tendo em campo ao mesmo tempo Fred, Willian e Felipe Melo, além de laterais improdutivos, mesmo insistindo em jogar pelos lados. Outra certeza também: o Fluminense segue sem uma jogada treinada, é bastante na base das individualidades e no abafa. Espero que ao menos Abel faça melhores escolhas de quem deve entrar e jogar como titular.