Esta semana, o primeiro ministro da Inglaterra veio a público pedir desculpas formais pela tenebrosa participação da polícia na tragédia de Sheffield, onde morreram noventa e tantas pessoas vítimas de esmagamento contra o lambrado do estádio.
Caso clássico do mal que vem pra bem, essa desgraça marca o início da tranquilidade no futebol inglês, antes lotado de episódios tenebrosos. A partir dai, os alambrados foram retirados dos campos da Inglaterra. O cidadão se senta a dois passos do campo, sem obstáculos físicos que o impeçam de virar um ladrilheiro em potencial. O que então impede hooligans e demais loucos de invadirem o gramado e promoverem uma zona em campo? Leis. Quem invade o campo de futebol sem uma justificativa muito sólida vai em cana. A pena é apresentar-se, por alguns anos, numa delegacia de polícia nos horários dos jogos do time do meliante. Se o sujeito faltar, a pena vira reclusão. Cadeia. Com isso, leis firmes, acabou a violência.
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Ainda sobre esse episódio, o The Sun, jornal sensacionalista da Inglaterra, publicou, dias depois do ocorrido, uma reportagem mentirosa, acusando a torcida do Liverpool de ter agredido policiais, feito misérias e, claro, causado a tragédia. Resultado: a população de Liverpool e redondezas passou a boicotar o jornal. Hoje, mais de vinte anos depois, as vendas NÃO CHEGAM A DEZ POR CENTO do que eram antes do jornal publicar a mentirada. Morri de inveja dos ingleses ao saber disso. Os boicotes deles funcionam! Eles sabem exercer o direito de cidadania e retribuir a uma empresa o que sofrem naquilo que verdadeiramente incomoda: o BOLSO. No dia em que soubermos fazer algo parecido, o Brasil melhora…
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Ainda sobre violência: Pra quem não conhece, esta é a HAKA, espécie de dança de guerra que os All Blacks – o time de Rugby da Nova Zelândia – exibem na cara dos adversários antes de cada jogo. Ok, é tradição… Mas convido vocês a imaginarem tal cena num campo de futebol. Nessa era ridícula do politicamente correto, em que se proclamar favorito já é encarado como provocação, um drible mais ousado também, imagine a reação a uma dança provocativa dessas – com caretas, urros, bananas, mão no saco e o cacete? Outra: não há simulações no Rugby. Elas não são toleradas. Podem até acontecer, mas há uma regra de conduta, um acordo de cavalheiros que norteia a limpeza de atitude dos jogadores. Apesar da idade, o futebol tem lições a aprender…
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Assunto a aprofundar em póximo texto: o corner curto é uma das maiores imbecilidades já criadas num campo de futebol.
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Em qualquer esporte que não o futebol, a chance de acontecer o que ocorreu ontem com Flu e Atlético Goianiense é zero. Por isso, essa coisa é tão interessante.
José Augusto Catalano
Panorama Tricolor/ FluNews
@PanoramaTri
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