Agora que a chance de conquistarmos uma vaga na Libertadores tornou-se concreta, exequível, ainda que siga bastante difícil torná-la um fato consumado, podemos indagar: para que queremos disputar a Libertadores? Dinheiro, prestígio etc. virão à cabeça de muitos, mas, para mim, ou entramos para ganhar ou é melhor deixar esse projeto para lá e lutar pela retomada da dianteira nos títulos cariocas.
Mas, alto lá, não quero ser mal entendido: prefiro que o Fluminense lute pela Libertadores e deixe o filhote bastardo monopolizar o torneio local. Aliás, considerando que eles já assumiram que sua participação direta na Ferj valeu títulos estaduais em sequência e a liderança no ranking da competição, por mim, a gente deixaria eles brincando sozinhos e escalaria, no máximo, um time de garotos, para dar experiência e selecionar os melhores. Com relação à Libertadores, entretanto, minha questão é bem outra.
Vou direto ao ponto agora: o Fluminense não pode alimentar um histórico de participações mal sucedidas no que quer que seja. Nunca fomos assim, ao menos enquanto estávamos capacitados para conquistas. Nossa história, ao contrário, nos credencia ao título de midas do futebol, pois levamos glórias para casa em tudo que nos metemos. Pois bem, quando sem dúvidas encabeçávamos a lista dos maiores clubes do país, sob qualquer critério, não havia torneios internacionais verdadeiramente organizados ou regulares. Essa ideia foi ser maturada apenas na década de 1950 – já aí faturamos nosso mundial – e tornou-se concreta na década seguinte, para depois recuar novamente.
Qualquer tricolor sério sabe que nosso clube enfrentou uma paulatina, mas contínua decadência desde a década de 1970. Ou alguém acha que, de um dia para o outro, na década de 1990 apareceu um clube quebrado, financeira e materialmente (a sede estava um lixo), mas também em termos de elenco (de todas as modalidades)? Tivemos, de lá até os anos 2000, surtos de conquistas (máquinas de 1975/76 e 1983/84/85), entremeados por períodos longos de sofrimento.
Foi somente na década de 1980, no entanto, que os torneios internacionais oficiais realmente começaram a atrair os clubes do Brasil. A Libertadores, por exemplo, era um campeonato sem credibilidade, disputado em campos de várzea por toureiros e não jogadores de futebol. Quando o filhote bastardo foi campeão, por exemplo, um dos episódios que garantiu o título foi um soco na cara que o zagueiro Anselmo deu em Mario Soto, do poderoso Cobreloa (que fim deu?) – e os caras se orgulham disso, o que é mais incrível. Creio que seja claro que esse episódio é um clássico de torneios amadores, de escola ou várzea, mas não deveria ser típico de campeonatos profissionais.
Pois bem, o que quero dizer é que a Libertadores virou coisa mais ou menos séria quando a gente estava no fundo do abismo. O mundial interclubes, interrompido nos anos 1960, só foi retomado nos anos 2000, com um ensaio em 2000 mesmo e continuamente a partir de 2005. Não me venham, por favor, com a história da Copa Toyota, que além de não ter a chancela da Fifa, sequer se chamava Campeonato Mundial de Clubes e sim Copa Intercontinental.
Agora, temos um clube – não exatamente um time, mas um clube – que pode disputar a Libertadores em sequência e sonhar com a conquista. Esse clube é o Fluminense, o midas do futebol. Aí é que morre o problema: como pudemos nós perder uma Libertadores em casa e depois deixar, na prática, de disputar outras duas? Isso porque tanto em 2011 quanto em 2013 entramos no torneio para fazer figuração, o que é totalmente contrário à nossa história.
Queremos a Libertadores, certo? Conquistemos a vaga, mas também montemos um time capaz de ganhá-la. Já temos a base e não é exatamente a de 2010/12, mas sim a que aos poucos estamos montando agora. Já está claro que sairão Carlinhos e Valência. Saindo mais uns dois com contrato a vencer, por exemplo, Diguinho e Walter (devolvam ao Porto, por favor), abre-se espaço para contratar uns dois ou três grandes nomes, do porte de Mariano, Michael-Bolt e até Marcelo (parece que o Nem está mesmo bichado). Façamos isso e montemos uma grande comissão técnica, com ou sem Cristóvão nela. Escalemos reservas no estadual, façamos uma grande pré-temporada (grande mesmo, um mês) e nos dediquemos exclusivamente ao torneio. Se o título não vier, mudo de nome.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: fluminense-incomparavel.blogspot.com.br
Está assinado, amigo.
ST,
João
Esquece o Flamengo…. tá parecendo Vascaíno.
Eu quero o brasileiro. Mais 6 vitórias.
Prezado José,
que negócio é esse de esquecer o Flamengo? Eu o tomei de contraste, pelo simples fato de ser nosso rival mais imediato. Agora, saiba você que o Flamengo e não o América é o meu segundo time: é nosso filho, ainda que cheio de problemas, com um comportamento reprovável!!! Eu não abandono nada que sai do Flu!!!
Agora, o brasileiro, meu querido, não depende mais de 6 vitórias. Se a gente ganhar 6 vezes, o Cruzeiro ganhar 4 de 6, já era.
Abraço,
João
Onde eu assino João?! Perfeito! ST!