Ninguém, absolutamente ninguém pode ficar satisfeito em ter corrido riscos em um estádio de futebol, acobertados por suposto pagamento de propina para a liberação de laudos que permitam a realização das partidas, caso o delito seja absolutamente verdadeiro.
Se alguém supostamente cometeu crimes na questão, que sofra investigação e, comprovado o logro, receba punição exemplar. Dia a quem doer.
Agora, não deixa de ser no mínimo curioso que, numa entrevista coletiva, o Fluminense seja o único mencionado como suspeito de uma situação irregular, que não somente atinge o estádio de Edson Passos, mas também a todo o futebol carioca em todas as temporadas, ainda que as investigações da operação tenham mirado na Baixada Fluminense.
Como se sabe, em todo o Estado do Rio de Janeiro há partidas de futebol profissional e, consequentemente, com laudos autorizando a realização das partidas.
Trata-se de um problema muito antigo e recorrente. Basta pesquisar jornais antigos do Rio a cada janeiro e verificar os fatos, há anos e anos. Isso não diminui de forma alguma a gravidade do exposto ontem e suas decorrências, mas convida à reflexão.
Há também a questão da televisão: não é segredo para ninguém que o Madureira não recebe os grandes clubes em Conselheiro Galvão porque a emissora que detém os direitos de transmissão não consegue colocar por lá todas as câmeras que deseja e, assim, exerce seu poder de veto.
Tome-se por exemplo a temporada mais recente, a atual de 2017. Assim publicou o jornalista Gian Amato em O Globo no dia 05/01/2017:
“A menos de uma semana da primeira fase do Campeonato Carioca, apenas quatro estádios possuem os laudos exigidos para a realização de partidas.
Os primeiros jogos estão marcados para o dia 11, quarta-feira, e o regulamento do campeonato exige laudos com cinco dias de antecedência, que expira nesta sexta-feira. A Lei Pelé estabelece prazo de 72 horas para iniciar a venda de ingressos. As duas legislações geram conflito de interpretação.
Laranjão, em Nova Iguaçu, Moça Bonita, em Bangu, Conselheiro Galvão, em Madureira, e São Januário estão aptos hoje, de acordo com as exigências, principalmente as de segurança, fiscalizadas pela Polícia Militar, e pelo Corpo de Bombeiros (LPCI).
Nenhum dos estádios aptos está escalado para a primeira rodada. Campos x Bonsucesso ainda não tem local definido. Tigres e Bonsucesso se enfrentarão em Los Larios, em Xerém (sem laudos de segurança) e a partida entre Portuguesa e Nova Iguaçu está marcada para o Luso Brasileiro, na Ilha do Governador, que também não possui laudos da PM e do Bombeiros.
– Sempre será preocupação da Federação de Futebol do Rio de Janeiro a segurança do torcedor independentemente do momento (econômico) vivido pelo estado ou país. E qualquer estádio apenas será utilizado após conseguir reunir todos os laudos exigidos por lei e passar pela vistoria da equipe da Ferj, composta por engenheiro, arquiteto, engenheiro agrônomo, além de profissionais da área esportiva. Diversos laudos de engenharia, por exemplo, são expedidos com a participação da Ferj em conjunto com a equipe credenciada pelo CREA, em parceria iniciada entre as instituições há três anos – declarou Marcelo Vianna, diretor de competições da FERJ.
Estádios alternativos serão estudados
Para não deixar o problema arranhar a imagem do Carioca, que este ano reuniu os times menores em uma primeira fase preliminar, a Federação trabalha com locais de jogo opcionais, caso os donos dos estádios, responsáveis por reunirem as condições para a liberação dos laudos, não obtenham os documentos a tempo. Estes estádios serão definidos em reunião. A segunda fase, com os grandes, tem estreia marcada para o dia 29.
– As vistorias da Polícia Militar estão sendo realizadas com prioridades para os estádios em que serão realizadas as partidas da primeira fase do Campeonato Carioca. Todos estão aprovados pela Polícia, porém os laudos apenas são confeccionados com aprovação após a obtenção das LPCIs dos respectivos estádios. Na medida em que recebemos os laudos, repassamos para Polícia para a complementação do laudo. A preocupação sempre existe em função dos clubes demorarem muito para iniciar o processo de renovação. Mas estamos trabalhando com estádios opcionais e devemos ter o cenário da primeira rodada concluído a tempo – declarou Vianna.
O parágrafo I do artigo 44 do regulamento do Carioca prevê a transferência de estádio em caso de ausência de laudos:
Art. 44 – As partidas deverão ser disputadas nos estádios indicados pelos clubes mandantes, salvo:
I – Se o estádio não tiver sido aprovado pelos laudos técnicos exigidos pela legislação, ou pelo DCO, ou ainda vetado pela emissora detentora dos direitos de televisão no caso do interesse de transmissão de qualquer das partidas do campeonato, a partida será marcada pelo DCO para estádio legalmente aprovado, após consulta ao respectivo clube mandante.”
Dada a gravidade da situação envolvendo a prisão de mais de 30 bombeiros nesta terça-feira (12), cabe no mínimo a investigação devida e ampliada, assim como a publicidade e transparência idem, sobre o que permitiu a velocíssima liberação das praças esportivas para o Carioca 2017, algumas utilizadas por outros clubes além do Fluminense.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: pan
É pra desconfiar.
Creio que se o Flu tivesse comprovadamente algo com esse esquema, a globo já teria colocado os documentos na primeira página……aguardemos.
Como lembrou o Savioli, o primeiro clube a mandar jogos no Giulite, foi o do esgoto da lagoa, imagina se no decorrer da investigação descobrem que ele, nosso filho bastardo, foi o responsável pela propina?
Vão abafar como em 2013?
Aguardemos
ST