IVO, O CAMPEÃO DE UM JOGO SÓ
27/11/2022
Dia 26 de novembro de 1980, há exatos 42 anos. Já classificado para a final do Campeonato Carioca, o Fluminense cumpria tabela na última rodada do segundo turno diante do America, numa quarta-feira à noite. Jogo para pouco mais de 1.500 pagantes, com
o Maracanã vazio.
Poupando os titulares para a decisão do campeonato, que seria com o Vasco, o treinador Nelsinho mandou a campo o time reserva. Um dos jogadores que vibrava com a chance era um jovem goleiro de 21 anos, vindo da Desportiva Ferroviária do Espírito Santo e que havia sido destaque tricolor na Taça São Paulo de Juniores, hoje conhecida por Copinha.
Seu nome era Ivo. Jogou na base das Laranjeiras, foi treinado por ninguém menos do que Félix e confiava tanto em seu futebol que se recusou a ir para o Atlético Goianiense, clube que havia negociado o meia Gilberto com o Flu. Na transação, o Tricolor se comprometeu a enviar um goleiro para o Rubro-negro de Goiânia. Com a recusa de Ivo, o Fluminense mandou Carlos Afonso.
Numa partida sem grande ânimo, o America abriu o placar com o eterno tricolor Luisinho Lemos. Ivo não teve culpa no gol, mas acabou substituído apenas para que Braulino, o outro goleiro do elenco, tivesse oportunidade de jogo. O atacante Wallace empatou para o Fluminense ainda na primeira etapa.
No segundo tempo, já com Braulino no gol, o panorama do jogo não mudou. A pasmaceira se manteve até os 41 minutos do segundo tempo, quando o America confirmou sua vitória com um gol de Cleber. Por coincidência, este mesmo jogo foi o último disputado por um dos grandes craques do Flu: Cléber, multi campeão da Máquina e dos anos 1970, que encerrou sua passagem no Fluminense, indo para o Náutico.
O sonho de Ivo no Fluminense não se concretizou, nem o de Braulino, mas ambos registraram para sempre seus nomes no querido time campeão de 1980. Paulo Goulart levantou a taça e, poucos anos depois, começou a Era Paulo Victor, que duraria boa parte dos anos 1980, até ser sucedido por Ricardo Pinto. Outros goleiros passaram pelo Fluminense naquela década: Edson Cimento, Ricardo Lopes, Ricardo Cruz.
Ivo se chamava Wilson Roberto Schwambach. Faleceu anteontem, aos 61 anos, no Espírito Santo. Cléber, super craque dos anos 1970 e multicampeão pelo Flu, já havia nos deixado em julho de 2009, quando residia em Campo Grande, MS. Também já morreram o consagrado ponta-esquerda Zezé e o zagueiro Adilço.
AMERICA 2 x 1 FLUMINENSE
26/11/1980
Local: Maracanã (RJ)
Árbitro: Aloísio Felisberto da Silva
Renda: Cr$ 151.850,00
Público: 1.525 pagantes
Gols: Luisinho (15 1oT), Wallace (26 1oT), Cléber (41 2oT)
AMERICA: Ernâni, Zé Paulo, Alcir, Zedílson e Álvaro; João Luís (Celso), Nedo e Luisinho; João Carlos, Porto Real (Cléber) e Nelson
Borges. Treinador: Antônio Lopes.
FLUMINENSE: Ivo (Braulino), Marinho, Adilço, Paulo Roberto e Vassil; Edson, Cléber e Marcus; Paulo, Neinha e Wallace. Treinador: Nelsinho.
Publicado em “Fluminense Cotidiano: crônicas do tempo”, Paulo-Roberto Andel, Vilarejo Metaeditora, 2023.