Amigos, amigas, lá pelos quinze ou vinte minutos do segundo tempo eu já contava nossa vitória sobre os Café com Leite como consumada.

A impressão era de jogo repetido. Eu já vira aquele filme antes e sabia como terminava, o que me consolava dos maus tratos sofridos.

Quem lê os comentários sobre o Fla-Flu de ontem reage com incredulidade ao saber que o Fluminense venceu por 1 a 0. E qual a explicação para o resultado? Isso é futebol.

Já estava meio na cara que a coisa não ia funcionar com tanta pardalice numa escalação só. Eu não quero aqui acender a fogueira da fritura já no primeiro jogo em que o nosso técnico atua à beira do campo, mas eu estou aqui para analisar o jogo e não consegui, honestamente, entender qual foi o propósito.

Eu pensava que Ganso e Michel Araujo fossem jogar de meias, o que a mim parecia fazer todo sentido, mas Ganso foi jogar de auxiliar de atacante, enquanto Michel foi fazer aquela velha função de ala direita.

Nossa ideia de transição era, então, contar com as arrancadas espetaculares de Caio Paulista. Até porque André e Yuri batiam cabeça, sem organizar a transição, sem proteger adequadamente a zaga e sem chegar à frente, deixando o Fluminense absolutamente sem meio de campo.

Os Café com Leite deitaram e rolaram. Encurralaram o Fluminense em seu campo e andaram criando oportunidades para marcar o gol.

É bem verdade que o Fluminense andou subindo um pouco de produção na medida em que Roger ia fazendo suas mudanças. Ganso, para provar que estava jogando de atacante, foi substituído por John Kenedy.  A entrada de Gabriel Teixeira e o deslocamento de Julião para o meio deram um pouco mais de povoamento criativo ao nosso meio.

Eu sou um cara que olha mais o desempenho do que o resultado. Não é à toa que quando começou aquela conversa de ramonismo, com o Vasco liderando o Brasileiro eu já cantei a pedra: “esse time é horroroso, tem que comemorar duas semanas sem parar se conseguir fugir do rebaixamento”. Deu no que deu.

Não é, evidentemente, o caso aqui. Roger tem todo direito de fazer suas experiências, mas é preciso haver um pouco de bom senso. Tirar Ganso do meio para colocá-lo no ataque e deixar o time sem meio de campo não faz sentido. O Ganso não viu a cor da bola, a exemplo do Pacheco.

Eu até ia dizer que a falta de conexão entre meio e ataque já virou um problema crônico esse ano, mas acabo me lembrando de que não estamos falando do mesmo time. Tínhamos a molecada, agora estamos com os “mais cascudos que estão sendo testados pela milésima vez”.

Eu não sei quanto a Roger, mas eu já vi tudo que precisava de todos que estiveram em campo ontem. Ganso pode achar o que ele quiser, mas só tem duas posições para ele: volante ou meia ofensivo. E eu prefiro de volante para dar qualidade à saída de bola. Considero uma grande perda de tempo escalá-lo lá na frente.

Teremos ainda mais um jogo com time alternativo e pouca coisa ou quase nada agregaram as três partidas que vimos até agora. Gabriel Teixeira era o destaque do time e foi barrado para o time jogar sem meio de campo. Daniel saiu para a entrada do Julião, que nós já estamos carecas de saber o que tem para entregar. Com John Kenedy, Kayke e Samuel no elenco, a minha visão é de que colocar Ganso no ataque é desperdiçar oportunidades.

Aliás, o título da coluna tem tom de brincadeira, devido ao golaço de Julião, que transformou o clássico sapo em clássico príncipe encantado, mas a verdade é que eu não vejo essa ruindade que parte da nossa torcida vê nele.

No mais, o que todos lembrarão daqui a uma semana é do golaço de Julião, que é o que fica para a história. A atuação ruim será apagada a tal ponto que não agregará nem mesmo às análises posteriores, porque não houve nada, além do gol, que se aproveitasse no Fla-Flu de ontem.

Saudações Tricolores!