Tricolor para saber ganhar e perder (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, primeiramente faço questão de deixar claro que escrevo esta coluna às 14h15 do dia 8 de junho de 2019, de modo que ainda não terminou o pleito democrático que elegerá o presidente do Fluminense, seus vices e conselheiros para o próximo triênio and a half year à frente do clube. Dito isto, venho falar de um assunto muito relevante que deveria ser prioridade em todas as esferas onde a competição – e não a cooperação – impera, mas que, cada vez mais, tem sido deixado de lado, não apenas no futebol, mas a nível Brasil: o ato de saber perder. Em todo evento em que haja competição de qualquer natureza, seja dentro de campo, diante das urnas, ou até mesmo numa brincadeira inocente de pique-pega, vai haver um vencedor (às vezes mais de um), e um perdedor (geralmente mais de um). Sendo assim, o número de vencedores e perdedores diretos será, na melhor das hipóteses, igual; na pior, os perdedores serão muitos e os vencedores, poucos.

Seria de se esperar que, dado o cenário exposto, a tolerância à derrota fosse maior, certo? Afinal, diferente de se acostumar com ela, é necessário aceitá-la. A derrota é dura, mas ensina. Frustra, mas concede experiência. Dói, mas nos amadurece. Sem nunca perdermos nada na vida seríamos pessoas insuportáveis, mimadas ao extremo, esnobes, arrogantes e toda sorte de adjetivos que se possa conceber para definir quem não entende a importância de aprender com os próprios erros ou de valorizar a jornada, não apenas o seu desenlace. Nos últimos dias tenho notado que estamos longe, muito longe, de alcançarmos um nível de sabedoria mínimo como sociedade que nos permita tratar as derrotas como elas merecem ser tratadas. Afinal, já tem gente dizendo que vai deixar de ser tricolor se o candidato A ou o candidato B ganhar, ou deseja ardorosamente que passemos a ganhar de qualquer jeito, seja jogando um futebol medíocre ou, até mesmo, sendo ajudados em campo.

Notem, falei apenas de Fluminense. Se eu expandir para a sociedade inteira, veremos a cultura da exaltação dos vencedores a qualquer preço e da humilhação dos derrotados honestos, com raros sopros de exceção. Não à toa, vivemos num presente em que as pessoas são imediatistas e buscam a satisfação pessoal sem medir esforços, muitos passando por cima de tudo para obtê-la. A corrupção alarmante e sistemática que se alastra cada vez mais por nosso país, tornando hábitos nocivos em comuns, é o mais grave sintoma dessa doença social. E como mudar isso? Bem, temos que começar por nós mesmos, é claro. Empatamos em 2 a 2 com o Cruzeiro e fomos eliminados nos pênaltis. Fábio claramente se adiantou na cobrança de João Pedro e não houve revisão do lance. Vamos reclamar de arbitragem, de VAR? Vamos. Uma coisa é querer a justiça, outra coisa é desejar que tudo seja diferente e que passemos a ganhar na marra, de qualquer jeito. Desejar que o VAR roube a nosso favor? Não, obrigado.

O mesmo pode ser dito do pleito deste sábado. Eu não sei quem vai ganhar, se será o Mário ou o Tenório. Se o Mário ganhar, que ele seja realmente um bom gestor, que seja a maravilha que falam dele, e que seus detratores não estejam com a razão, pelo menos enquanto ele governar o clube; que ele unifique o Fluminense finalmente e possamos recuperar nosso prestígio de outrora. Se o Tenório ganhar, que tudo isso que falei acima para o Mário também aconteça. E que ninguém tente prejudicar um ou outro apenas e tão somente porque não está do mesmo “lado”. O único lado que me interessa é o do Fluminense. Se o vencedor não governar direito, que todos tenham senso crítico para contestá-lo, tanto os que o apóiam quanto os que a ele se opõem. Se ele for um excelente presidente, que todos tenham honestidade para apoiá-lo, sem tentar boicotar sua gestão por conta de interesses pessoais, sejam eles quais forem. O Fluminense sempre foi exemplo para o mundo. Precisamos que ele volte a sê-lo!

A mudança tem que acontecer de dentro pra fora. Boas posturas e atitudes também contagiam. As pessoas precisam passar a acreditar que não é errado fazer o certo. Buscar a luz no fim do túnel é a única maneira de efetivamente atravessá-lo. Se queremos os melhores nomes nas posições certas em campo, também temos que exigir isso fora dele, e caso já tenhamos esses nomes, prezar por mantê-los e deixar que desenvolvam seu trabalho. O Fluminense hoje é uma baita bomba. É difícil conceber que alguém queira gerir o clube sem receber vencimentos e não ame aquele pavilhão. Que Mário ou Tenório honrem a confiança daqueles que neles a depositaram, e que um deles nos dê a esperança de dias melhores para nossa tão sofrida e tão amada paixão. Tricolores, não podemos nos acostumar com as derrotas, mas entendê-las é fundamental e aceitá-las, mais ainda. Se o Flu sofre com a arbitragem é porque precisa de mais representatividade. Que o próximo presidente resolva esse problema e nos conduza a destinos gloriosos. Salve o Fluminense!

Curtas:

– Uma pena o golaço de João Pedro não ter servido para nada. Claro, nos encheu de orgulho, mas os cobradores não estavam num bom dia. Gilberto não acertou um chute o jogo inteiro. Eu não o colocaria para bater.

– Vamos de Frazan e Luan na zaga contra os molambos muito provavelmente, a não ser que Diniz prefira testar Yuri no setor. A que ponto chegamos… a zica está grande!

– Agenor, dessa vez, teve uma boa atuação. Mas não vou me cansar de pedir #umachanceparaMarcosFelippe

– Molambada nesse domingo no Maracanã e Chape na Arena Condá na quinta-feira, com o Flu cheio de desfalques. Depois, Copa América. Alguém duvida de duas vitórias nossas?

– Palpites para as próximas partidas: Fluminense 2 x 1 Flamengo; Chapecoense 0 x 1 Fluminense

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

2 Comments

  1. Concordo com TUDO. Parabéns pelo equilíbrio e SABEDORIA. Saudações TRICOLORES

    1. Caro Luiz,

      Obrigado por seu comentário e pelo carinho. Que a nova gestão mude o Flu para melhor. ST!

Comments are closed.