Amigos e amigas tricolores, especialmente os mais jovens, sei o que devem estar sentindo desde ontem à noite. Imaginem um garoto de nove anos de idade abrindo o jornal e lendo a despedida de Rivellino. Ou aos treze, vendo a saída de Edinho. Foi o que aconteceu comigo quando eu era um menino tricolor, o que infelizmente já faz tempo demais.
Embora tenha diversas críticas ao comportamento do jogador Fred, a ele sou grato pelos gols e por sua grande passagem pelo Fluminense, especialmente no ano de 2012. E também sou grato por fazer a alegria de milhões de tricolores. É um dos maiores artilheiros da história do clube e isso sintetiza tudo.
Sem saber efetivamente o que aconteceu, não há como apontar a vilania de ninguém. É um negócio comercial. Envolve riscos, perdas, perigos, mas é um negócio. E mesmo que não fosse por conta desse negócio, isso iria acontecer um dia. Foi mais cedo do que todos gostaríamos, mas aconteceu.
Não tenho dúvidas de que a perda de Fred é imensa, mas tenho vivido o Fluminense há quatro décadas e sou testemunha ocular da sua capacidade de desafiar definições e paradigmas, mesmo que às vezes maltratado por alguns de seus líderes notáveis.
Fred foi um grande nome da história do Fluminense e agora alinha-se de vez ao lado dos gigantes. Um dia, Rivellino, Castilho, Edinho, Assis e tantos outros também saíram, mas ficaram nos corações tricolores para sempre. Lembro da modéstia de ninguém menos do que Tom Jobim, quando dizia algo como “Se Vinicius e Pixinguinha puderam morrer, eu também posso”, gênio e modesto.
O craque vai, a história fica, a torcida que agora chora há de sorrir muito. Assim foi nos anos 1930, com nosso supertime, depois de mais de uma década sem títulos. Entre a saída de Edinho e a chegada de Assis, passou pouco mais do que um ano. O Fluminense, tido como morto em 1999, pouco tempo depois estava brigando por títulos brasileiros. Do quase rebaixado em 2006 ao vice-campeão da América em 2008, um ano e meio – e da dor da Libertadores, passando por duas fugas espetaculares do rebaixamento até o monumental tricampeonato brasileiro em 2010, dois anos e quatro meses.
Uma de nossas maiores estrelas é o poeta Cartola. Uma de suas grandes canções tem um título definitivo: “O sol nascerá”. Por menos que pareça nesse dia nublado, triste e frio, mas uma realidade irrefutável.
A Fred, a melhor sorte em seu novo desafio.
Ao Fluminense, a força que nunca seca, a força que é maior do todos nós juntos, incluindo os ídolos do passado, presente e futuro: todos muito importantes, nenhum deles maior do que o clube.
Amar o Fluminense é, acima de tudo, perceber-se pequeno diante de sua caudalosa história.
Vivamos em paz.
Panorama Tricolor
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Imamge: rap