Flu x Bota, uma longa história (por Claudia Barros)

SEJA LUZ PARA O LUIS. COLABORE.

Fluminense e Botafogo são instituições nacionais.

Em 21 de julho de 1902, nasce o Fluminense Football Club.

O Flu já foi do céu ao inferno, da terceira divisão aos títulos nacionais. Fez história, protagonizou momentos importantes na vida política e cultural do País, alcançou muitas glórias. Eternizou Preguinho, Tim, Waldo e Castilho.

Em 12 de agosto de 1904, nasce o Botafogo Football Club ou o Botafogo de Futebol e Regatas, como hoje se denomina o clube.

O time da Estrela Solitária presenteou ao Brasil simplesmente gênios como Garrincha e Nilton Santos.

Os dois clubes já foram protagonistas de grandes espetáculos no cenário do futebol brasileiro, alguns destes espetáculos terminaram em goleadas históricas a favor do tricolor. Os dois clubes também são responsáveis pela alcunha de “Clássico Vovô”. Por ser o clássico mais antigo do futebol brasileiro, o designativo faz sentido e sempre emoldurou o encontro com um charme especial.

Tenho memória de vários encontros entre Fluminense e Botafogo, mas em especial um que ocorreu há 28 anos: 29 de abril de 1994.

Eu, recém-chegada a Brasília. O Maracanã, recebendo o Clássico Vovô pelo quadrangular final do Carioca daquele ano. Era mais um Campeonato Carioca com suas fórmulas de disputa “inovadoras”. E assim os dois times se enfrentaram na corrida pelos pontos do quadrangular.

O Carioca de 1994 não foi tricolor, mas foi nossa uma das maiores goleadas de todos os tempos: sacramentamos 7 a 1 sobre o Botafogo. E assim foi naquela noite chuvosa no Maracanã, numa inusitada sexta-feira.

O time alvinegro possuía valores como Wagner, no gol; Sergio Manoel e Túlio.

O Fluminense possuía um elenco com figuras memoráveis. Branco, nosso eterno lateral canhoto; o raçudo Jandir e o nosso super-herói, Ézio. O comando era do não menos ídolo, Deley.

E no Maracanã tudo foi tricolor. Super Ézio vivia, com a camisa do Fluminense, mais uma atuação mágica. Fez gols aos cinco e aos 18 minutos do primeiro tempo.

Naquela noite, Mario Tilico fazia seu melhor jogo pelo Flu. O quinto gol tricolor foi dele. Aliás, foi o gol que Gabriel Teixeira deveria ter tentado contra o Olímpia, lá no Paraguai, pela Libertadores. De cobertura, perfeito, admirável.

Choveram gols tricolores no Maracanã. Choveram como chuva.

Contavam os tricolores à época que os atrasados, que entraram no Maracanã após o apito inicial mal acreditavam quando olhavam o placar. Alguns ainda se acomodavam nas cadeiras para ver o espetáculo quando, aos cinco minutos, Ézio abriu o placar.

Com sete minutos o Flu já marcava 2 a 0. Que susto! Era verdade? Diziam os incrédulos atrasados. Era. Com 25 minutos do primeiro tempo, o placar estampava lindos 4 a 0.

A noite era mágica no Maracanã. A torcida vibrava com seu elenco aguerrido e sua forma alegre de jogar. Os laterais tricolores faziam muita diferença naquele time.

Mas o tempo passou, e a lógica do futebol mudou.

Passados 28 anos, o Clássico Vovô visto na noite da última segunda-feira, 21 de março de 2022, não foi nem sombra do que essas equipes já protagonizaram outrora.

Diante de um Botafogo sem capacidade ofensiva, ainda que tenha exigido duas grandes intervenções do excelente Marcos Felipe, o Fluminense, numa escalação originária retranqueira e acéfala na criação, pouco ou nada criou.

Na verdade, as duas únicas criações do time aconteceram após Abel mexer no time, desfazer o esquema com três zagueiros e lançar cérebro no meio de campo, um cérebro chamado Ganso.

Não foi nenhuma noite mágica. Longe disso. O clássico teve tons de medo e retranca e o Fluminense acabou vencendo por 1 a 0. Tem vantagem no próximo jogo. Que medo! Tínhamos vantagem maior sobre o Olímpia e jogamos para não ganhar. Ou jogamos para não perder, apenas.

Que medo.

O clássico no qual o Fluminense tem vantagem histórica, onde já estrelou vitórias memoráveis, hoje causa preocupação, medo e um certo dissabor: apesar de ter elenco, o esquema tático é contido, a capacidade criativa é tolhida e a torcida ainda está ressabiada pela indesculpável negociação às escondidas e incompetente de Luiz Henrique.

Por falar nisso, cadê Luiz Henrique? Não vai mais jogar pelo Fluminense, diretoria? Machucou, foi? Sabia não. Machucado ficou o coração da torcida com a notícia da sua venda.

Sobre o jogo de volta, que decidirá quem fará a final do Carioca 2022 contra o Flamengo, que não seja uma afronta à história do Clássico Vovô e que vença o futebol e, óbvio, o Fluminense.

A torcida ainda não comprou a ideia, e o número de ingressos vendidos antes do jogo é pífio. Por que será?