Fluminense x Corinthians: noite de prova final (por Paulo-Roberto Andel)

LANÇAMENTO DOS LIVROS EM 30/08, TERÇA, NO CAFÉ LAMAS A PARTIR DAS 18 HORAS.

Ainda que nesta quarta aconteça o primeiro jogo da semifinal entre Fluminense e Corinthians, ele já tem o gosto e a cara dos desafios da escola, dos primórdios até a universidade. Coisa de prova final.

Você, sua caneta e calculadora, seu preparo e a batalha. Ficam para trás os vacilos. Hora de concentração máxima e superação.

A história desse jogo vem de muito longe. Há 70 anos o Fluminense se tornou campeão mundial em cima do Corinthians. Há 46, a incrível semifinal do Brasileiro de 1976, que perdemos nos pênaltis – esse jogo sozinho dá um livro. Há 38, nosso troco no baile de 1984. Em 2002, foi a vez deles no Brasileiro, assim como em 2009 na Copa do Brasil. Em 2010, fomos campeões do centenário corintiano. Um adversário sempre difícil.

Também há episódios de risco. No Brasileirão de 2003, um gol de Romário no finzinho sobre o Timão salvou o Fluminense do rebaixamento. E surpresas, como em 1983, quando Leão estreou pelo time paulista e vencemos por 1 a 0, gol do lateral esquerdo Cândido, que tinha como reserva o jovem Branco.

Pouca gente se lembra, em especial as otoridades tricolores do Twitter, de que uma partida entre os dois clubes mudou a história do Flu para sempre. Aconteceu num sábado à noite de Maracanã vazio, em 1982, pelo Torneio dos Campeões. Tempos de maré braba e de saco cheio da torcida, a ponto de acontecer um velório na geral – com caixão e tudo, incluindo a presença do eterno presidente Francisco Horta e, claro, organizado por Antonio Gonzalez – a Fôrca Flu cobrava um time digno depois de dois anos sem títulos. O Corinthians venceu por 1 a 0, mas o protesto repercutiu tanto que as cobranças continuaram por um ano inteiro, até que vieram Assis e Washington – e o resto você já sabe.

Ah, sim, os dois clubes dividem um de seus maiores ídolos: ninguém menos do que Roberto Rivellino.

Com tanta coisa em jogo, a prova final de logo mais é um tremendo desafio em horário ingrato. Para chegar à final da Copa do Brasil, o Fluminense precisa superar suas deficiências – um ex-goleiro sem tempo de bola, um lateral esquerdo que inexiste, substituições que só atendem o interesse de empresários – e impor suas virtudes – o jogo mais vistoso do país, uma tremenda força ofensiva e uma sintonia com a torcida mais vibrante do futebol brasileiro. Longe de ser fácil, também não é nenhuma zebra uma expressiva vitória tricolor, capaz de dar tranquilidade para a batalha de Itaquera em setembro.

Hora de prova final. De decisão. Mais uma vez estaremos lá.

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Hoje teremos cerca de 50 ou 55 mil tricolores contra cinco mil corintianos.

Cuidado: se depender da Flapress, vão inventar uma invasão corintiana e até inverter as proporções das torcidas no Maracanã.

Já fizeram isso em 1976.

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Será que o super controle de segurança logo mais vai nos impedir de ouvir dezenas de bombas explodindo no Maracanã?

A imposição de ingressos físicos, que levou parte da torcida a filas absurdas, foi de um planejamento extraterrestre.

E não adianta a falácia de que a Polícia impôs o fato sozinha. O jogo é do Fluminense, quem o organiza é o Fluminense.

O torcedor minimamente informado imagina muito bem o motivo dessa fanfarronice.

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É justo que se peça uma trégua nesta quarta para um elemento infelizmente representativo de parte da nossa torcida.

O P.I.T. Perfeito Idiota Tricolor. Sim, ele existe, em quantidades maiores do que o aceitável.

Para o P.I.T., não se pode criticar aberrações como a recente dos ingressos, ou a sandice financeira que assola o Fluminense só porque a temporada tem sido boa. Se a bola entrar, ele aceita que toda barbaridade da atual gestão seja varrida para debaixo da partida. E quem não se presta ao papelão de trouxa “torce contra”.

Só sendo muito estúpido para seguir tal diretriz. Isso não é torcer, mas fazer papel de claque. Não faço parte disso.

Portanto, P.I.T., dada a importância da decisão, peço trégua por esta noite. Depois eu continuo criticando com minha turma e você, passando pano. Melhor assim.