Fluminense: o erro na estimação (por Paulo-Roberto Andel)

Já voltado para a Sul-americana no meio de semana, o Fluminense ainda se ressente do empate com o Vitória no domingo passado. Naturalmente, ficou o gosto amargo porque o Tricolor dominou boa parte do jogo, teve chances de liquidar a fatura, mas acabou sofrendo o gol de igualdade no marcador no apagar das luzes.

E então começa um velho vício: buscar o culpado exclusivo pelo relativo insucesso.

Pode ter sido o pênalti claro e não marcado sobre Arias, ou a incrível furada de Canobbio, ou a desatenção defensiva. Na verdade tudo faz parte do pacote.

Depois de um ano terrível em 2024, naturalmente a torcida tricolor espera uma temporada diferente. A chegada de Renato deu novo ânimo ao time do Fluminense e uma sequência de vitórias. Ótimo.

O problema é ter a exata noção de onde estamos neste momento.

Primeiro, o Flu está longe de ser um time pronto. Precisa de uma sequência mais longa e expressiva para que permita análises mais criteriosas.

Segundo: apesar de ter gasto bastante dinheiro, uma característica da atual gestão, o Fluminense trouxe jogadores que, por motivos diferentes, não emplacaram. Como titulares, Freytes, Hércules e Canobbio. No banco, Paulo Baya e Eve – este, apesar de tudo, autor de um ou outro belo gol.

Então, um time com jogadores ainda em afirmação certamente vai errar outras vezes. É preciso ter um pouco de paciência antes de cobranças mais acentuadas, o que não quer dizer tolerância passiva. É uma questão de equilíbrio. Agora, parece claro que alguns jogadores deixarão de ser titulares, até por terem sido superestimados.

Falando da Sula, não pareceu uma voa ideia viajar para o jogo desta quarta com o time quase todo poupado. A alegação de enfrentar o Botafogo no fim de semana não é convincente; afinal, mesmo sendo um clássico ainda estamos no começo da disputa do Brasileirão. Do ponto de vista fisiológico também não faz sentido no momento. Ainda que seja considerada fácil, a partida da Sula deveria ter sido encarada com mais sobriedade. Renato, que parece ter começado um bom trabalho no Flu, tem essa verdadeira obsessão por poupar jogadores e a si mesmo.

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Se a SAF tricolor tem números ao menos parecidos com os publicados pelo porta-voz oficial da gestão tricolor, Lauro Jardim, qualquer pessoa com mínima iniciação matemática há de saber que ela é lesiva aos interesses do clube, por subestimar a avaliação financeira do Fluminense e propor adiantamentos baixos para o atual padrão financeiro tricolor.

Desnecessário dizer da barbaridade que é o atual presidente assumir um futuro cargo de CEO. Não bastasse o absurdo conflito de interesses, sempre ficaria a dúvida de que o Fluminense foi negociado por um preço abaixo do mercado para garantir favorecimentos pessoais.

Enfim, o contrário de tudo que diz respeito a boas práticas do mundo corporativo.

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