Naqueles tempos idos, o Volta Redonda seria uma carne de pescoço enorme para o Fluminense, num jogo estranho: importante mas nem tanto. Explica-se: claro que seria bom ter a vantagem de dois empates nas semifinais, mas é preciso reconhecer que, em dois clássicos decisivos, essa mesma vantagem torna-se relativa. Não são mais os tempos do goleiro Leite ou do zagueiro Marreta. Nem do Raulino de Oliveira: agora foi em Macaé.
Num jogo tímido e enrolado, sem facilidades, o Flu demorou para marcar – e bevou um balaço no travessão -, mas conseguiu depois de meia hora. Passa o tempo e fica cada vez mais claro que Walter não pode ficar de fora da escalação titular. Ele foi o autor do 1 x 0 – tirando do goleiro Gatti depois do belíssimo cruzamento de Bruno – e em vários momentos esbanjou talento.
Noutros lances, o Voltaço incomodou em jogadas pela nossa esquerda. Bruno – sim, ele mesmo! – pode ter sido o melhor jogador em campo no primeiro tempo. Não é piada nem deboche. E Jean jogou? Quase não soube dizer. Wagner foi razoável. Jogo duro.
O segundo tempo começou sem alterações nas escalações. E o Volta Redonda resolveu vir para cima recuando as linhas tricolores por certo – e curto – tempo. Uma boa resposta estaria num velho problema das Laranjeiras: velocidade na armação para o ataque. Seria talvez o caso de tirar Fred, cansado, mas o velho problema de ferir suscetibilidades está sempre vivo. Mas é justo dizer que o artilheiro brigou, lutou e buscou muito jogo fora da área. Ah: Bruno sumiu. Ou quase. Droga.
Aí veio o inesperado: aos 25 minutos, Jean deu bola açucarada para Fred escorar frente ao gol vazio e confirmar a vitória. Ressalte-o esforço de Carlinhos na participação na jogada. Logo depois, Renato foi matreiro: Sobis no lugar de Fred, Marcos Junio no de Walter. E o Voltaço beijou a lona.
A seguir, 3 x 0 no bom chute de Wagner no canto esquerdo, depois do passe rápido de Marcos Junio. E o valente Valencia abriu vez para Chiquinho, sempre em campo nas alterações. A partida seguiu sem surpresas de impacto mas o Volta descontou no finzinho, com um gol de cabeça de Thiago Amaral depois do escanteio cobrado – e serviu de mais um alerta: nossa defesa é frágil demais, seja qual for a partida. Mas bastou para ser o segundo colocado na primeira fase da competição.
Pelo menos o esforço e os gols na segunda etapa foram um verdadeiro prêmio para os menos de mil heróis que foram apoiar o time em Macaé.
Discreta e sem brilho, acabou a Taça Guanabara. A Rio também, nestes tempos modernos. Como esperado e ainda em busca de afirmação, o Fluminense vai brigar pelo título carioca no meio da semana, quinta-feira.
O velho Vasco pelo caminho.
Eu espero que sejam duas grandes partidas, com público de outrora. E que valha o velho paradigma tricolor: desafiar definições, subverter a ordem do favoritismo vigente e brigar pela taça que tem Álvaro Chaves como habitat natural.
Não nos deixemos cair na tentação dos empates.
Panorama Tricolor
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Imagem: RAP