Fluminense 2×0 Náutico (por Walace Cestari)

FluNauticoForça. Glória. Tradição. O canto apaixonado da torcida não encontrou nos primeiros minutos razão alguma para qualquer empolgação. Mal, o time não parecia ter sentido a mudança de treinador. Confuso em campo, o Flu errava passes simples e abusava dos chutões. A zaga continuava insegura, o meio-campo pouco criativo e o ataque sem poder de finalização.

Uma falta perigosa foi o máximo da criação. Mas que importa jogar bem? De que valem as jogadas ensaiadas ou mesmo as táticas infalíveis? Não estamos no palco do Municipal. Não corremos atrás da bola pela arte. Estamos no CTI. Lutamos para viver. Sobreviver. Por isso, pouco importa se Rhayner alia disposição a um irritante cai-cai; se Euzébio é um beque de totó a espanar qualquer bola e nos colocar em perigo constante; se Marcos Júnior é campeão de pique-esconde nas quatro linhas.

O primeiro tempo se resume a um grito. A uma emoção. A um alívio. Wagner! Wagner! Wagner! Às favas se não é o cérebro de que precisávamos. É gol. Golaço. Craque. Gênio. 1 x 0. O Bahia perde. Comemoração. A torcida fervilha. Posta no Facebook, curte e compartilha. A rede pede para marcar a localização. 1 x 0. Aqui, de fora do rebaixamento. O Maracanã acolhe o incentivo sofrido das arquibancadas. O primeiro tempo é sofrível. O Timbu chega com perigo. São Cavalieri olha por nós. Que venha o segundo tempo.

Volta do intervalo. Volta o Náutico. Berna se encaminha para a baliza e a torcida presta a mais que merecida homenagem a um dos profissionais mais sérios que já vestiram as três cores. O Maracanã respira admiração e reconhecimento. Palmas e lágrimas para o goleiro tricampeão brasileiro. Apita o árbitro, começa a segunda etapa.

O time sente a energia da arquibancada. Não há mais jogadores, não há mais torcedores. Todos somos um. Somos o mesmo. Temos um único sonho. Suor e entrega como há muito não se via. Samuel no lugar de Marcos Junior. Toques rápidos e Dorival mostrou ter estrela: Samuel, de costas, toca a Wagner, que limpa e chuta. No rebote, arremate do garoto-matador. Samuel! Samuel! Samuel! 2 x 0, alívio em forma de festa no gigante.

O Flu cadenciava e o Náutico não parecia ter forças para desempenhar outro papel senão o de coadjuvante. Um chute perigoso para lembrar que Cavalieri é espetacular. Felipe e Rafinha entraram e mantiveram o Tricolor rodando a bola, gastando o tempo e criando algumas outras boas oportunidades. Uma falta mais grave, uma expulsão. Temos nossos onze contra os dez entregues de Pernambuco. Com o domínio do jogo, a torcida agradecia louvando os guerreiros. Apito final, time unido em agradecimento à torcida.

Não somos a máquina. Não somos nem mesmo organizados em campo. Jogamos contra um adversário inferiorizado. Dirão que nada fizemos de excepcional. Mas fizemos. Como sempre, o Flu se recusa a morrer. Sobrevivemos. Respiramos sem os aparelhos. A luta pela própria vida é a mais importante de todas. E nós continuamos vivos. Por mais que vaticinem o contrário. Somos o Fluminense, somos a personificação da própria vida. Que venha o São Paulo.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @wcestari

Foto: Nelson Perez / Fluminense F.C.

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2 Comments

  1. Lutemos até o fim, lutemos por eles, lutemos pelo Flu, lutemos por nós. A cada ano, a cada desafio, a cada vitória, a cada derota, mais me apaixono por minha torcida.
    Parabéns para nós.

  2. Andel: “Tamos numa boa pescando pessoas no mar” (Arnaldo Baptista)

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