Fluminense 2 x 1 Cerro Porteño (por Edgard FC)

Em um jogo em que, confesso, meus amigos, eu assisti na transversal, tal qual um professor doutor em banca de doutorado desinteressante e, como diria Milton Neves, ‘precisaria nem ter’.

A luta para acompanhar via aplicativo, desses que infestam nossos aparelhos que deveriam ser de telefonia, era tamanha que acabei preferindo acompanhar nas vozes dos amigos e nos relatos pavorosos desde os famigerados grupos de whatsapp, outro aplicativo, senhor.

Consegui assistir, em tempo quase real, pois um outro app, que usei para espalmar na televisão de casa, capricha naquele delicioso delay, que nos irrita profundamente quando, toda a vizinhança parece já saber o que aconteceu há minutos atrás.

Mas vamos que vamos, pois como diria um certo alguém: é jogo da Libertadores, nada mais interessa.

Escrevo depois de ter assistido e reassistido, pois a única coisa a se comemorar desses épis, além da vitória bucólica desde o Maraca, é o fato de podermos assistir repetidas e detalhadas vezes, em compactos de cinco ou quinze minutos, ou jogo inteiro, sem cortes.

Como já poderíamos prever, quis o Cerro Porteño, envergando uma camisola linda, de encher os olhos mesmo, se defender até que pudesse sair em contragolpes, nas boas. E assim foi a tônica da partida, obrigando um Fluminense litigioso a ficar com a bola, antes motivo de orgulho, mas que hoje mais parece uma obrigação, tal aos convescotes de familiares e amigos que vamos na intenção de fazer a social.

O Tricolor foi dominante, sem ser impositivo, teve a posse de bola, mas não a conquistou, pois já sabemos: estar perto não é estar junto. Esse também era o sentimento da torcida para com o Catadão do Pardal, sem eira nem beira, assim como os gestores do club, que assistem a tudo de cima do muro, inaptos e covardes que são.

Mas para a alegria geral, Marcelo acertou um belo chute de direita, após derivar da esquerda para o meio, rondando a grande área. Um belo golo, para ninguém botar defeito, no que diriam os lendários Apolinho, Sílvio Luiz e Antero, respectivamente: Feito um pinto no lixo, olho no lance, foi, foi, foi, foi ele, o craque da camisa doze; mas também não precisava encher a boca, amigão.

Onde quer que tenham ido, lendas, saibam que deixam um enorme legado entre toda a gente que mais do que acompanha o futebol, o vive.

Mesmo a pintura que o ex-craque do Real Madrid emoldurara minutos atrás, não evitou que os Azulgranas lograssem êxito, empataram sem cerimônias, mostrando o quão frágil é nosso sistema defensivo, explorando o vão, semelhante ao que há entre o trem e plataforma, aqui no Rio, nas costas de Marcelo e os não zagueiros escalados pelo ex-interino da Seleção Brasileira.

A equipe das Laranjeiras ainda levaria a virada, não fosse Churín, o que seria autor do gol, estar em posição irregular, em uma jogada que fez nossos zagueiros de bobinhos em altinha de cabeça em nossa devassada área, que mais parece uma casa de chá, daqueles que não costumam servir xá em xícaras.

O jogo seguiu seu roteiro infalível: de um lado os donos da casa em cima, mais por negação adversário, enquanto La Mitad Mas Uno de Asunción, buscavam aquela bolinha que daria o triunfo sobre os atuais campeões do certame.

Porém, o Fluminense venceu pelo cansaço, após rodar com a bola de um lado para trás e de outro para trás de novo, Martinelli primeiro, depois Guga, alçaram a bola para a área, no que o lateral que costuma ser barrado até por cones e balizas nos treinos e jogos em sua posição de ofício, encontrou Paulo Henrique Ganso. O maestro acordou subitamente neste lance para marcar o gol da vitória, aquele que classificou o Fluminense em primeiro de seu fraquíssimo grupo, pois agora nenhuma outra equipe poderá alcançar sua pontuação.

Mais uma vez podemos olhar a partida por diversos prismas, mas sem evocar dois principais; o primeiro: um excelente resultado de uma equipe invicta no torneio internacional ou, o segundo: o time que arrastava multidões, dentro e fora do estádio, dentro e fora da torcida, hoje não consegue mobilizar nem os vivos, que dirá os mortos, prospectados por Nelson Rodrigues, certo dia.

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FLUMINENSE 2 x 1 CERRO PORTEÑO

Copa Libertadores – Fase de Grupos (5ª Rodada)

Maracanã – Rio de Janeiro-RJ
Quinta-feira, 17/05/2024 – 19:00 (Brasília)
Renda: R$ 1.498.003,20
Público: 42.232 pessoas presentes

Arbitragem: Darío Herrera (ARG), Auxiliares: Cristián Navarro e Maximiliano del Yesso (ARG) / Árbitro de vídeo: Silvio Trucco (ARG).

Cartões Amarelos: Martinelli 75’ (FLUMINENSE); Javier Báez 34’ e 70’, Ronaldo de Jesús 90’, Piris da Motta 90’+3’ (CERRO PORTEÑO)
Cartões Vermelhos: Javier Báez 70’ (CERRO PORTEÑO)

Gols: Marcelo 14’, Ganso 74’ (FLUMINENSE); Wílder Viera 19’ (CERRO PORTEÑO)

FLUMINENSE: 1-Fábio©; 23-Guga (13-Felipe Andrade 81’), 25-Antônio Carlos, 8-Martinelli e 12-Marcelo; 5-Alexsander, 45-Lima e 10-Ganso (20-Renato Augusto 81’); 11-Keno(32-Isaac 90’), 21-Jhon Arias e 14-Germán Cano (9-John Kennedy 79’). Téc.: Fernando Diniz. 4-3-3

CERRO PORTEÑO: 13-Jean; 2-Alan Benítez, 24-Javier Báez, 4-Eduardo Brock e 21-Santiago Arzamendía; 6-Rafael Carascal (5-Jorge Morel 65’), 26-Piris da Motta, 11-Juan Iturbe (8-Federico Carrizo 75’) e 10-Cecílio Domínguez (35-Ronaldo de Jesús 75’); 20-Wílder Viera (17-Gabriel Aguayo 84’) e 19-Diego Churín© (39-Tobias Portillo 65’). Téc.: Manolo Jimenez. 4-4-2