Amigos, amigas, confesso que ao ver a escalação do Fluminense hoje a minha reação foi de desânimo. Sabe aquela história do time de veteranos? Pois é: Fábio, Samuel Xavier, Felipe Melo, Marcelo, Keno e Cano. Seis jogadores com mais de 32 anos. Muita desconfiança com o nosso meio de campo e com Marcelo, que não vinha atuando bem nas últimas partidas.
Na medida em que o jogo transcorria, já com Keno tendo feito jogada magistral pela direita, aplicando uma caneta no contrário e obrigando o goleiro colorado a fazer defesa difícil, a péssima impressão ia se transformando em um agradável ponto de interrogação.
O jogo continuava e o Fluminense seguia marcando pressão a saída de bola do Inter, provocando erros em profusão dos adversários. Um lance desses seria a gênese do segundo gol, quando Marcelo, ele mesmo, desarmou um adversário, recebeu de volta e soltou um canhão, que desviou no zagueiro e passou muito perto do travessão colorado. Na sequência, o próprio Marcelo fez cobrança magistral de escanteio na cabeça de Martinelli, que testou e desviou a trajetória da bola, que morreu no canto direito.
Era o segundo do Fluminense, precedido de uma obra de arte de Marcelo na frente da nossa área, com um lençol no adversário. O Fluminense já vencia por 1 a 0, merecidamente, em gol de Cano, aquele a quem a bola procura incansavelmente. O arremate de Samuel Xavier saiu, aparentemente, sem direção, mas só aparentemente, porque a bola sabia muito bem para onde queria ir: para os pés do argentino.
O primeiro tempo do Fluminense foi algo que raramente se viu nos últimos dois meses. Talvez, para não sermos injustos, vimo-lo no primeiro tempo do jogo contra o Corinthians. Fábio não viu a cor da bola, inclusive pela incapacidade do time do Inter de articular jogadas no meio de campo, condição agravada pela marcação muito bem executada pelo Tricolor em todo o campo.
O segundo tempo não repetiu o primeiro. Faltou, talvez, um pouco mais de ímpeto do Fluminense para liquidar a fatura, o que nos custou um certo sufoco no final, com, inclusive, uma bola na trave, em lance de cinema de Alemão. Tirando isso, porém, o Inter pouco nos ameaçou, mas, mesmo assim, senti falta de trocas na equipe no momento em que o Inter nitidamente começava a levar vantagem física, devido às inúmeras substituições de Mano Menezes.
Como eu tenho cornetado o Felipe Melo, aqui não falta justiça e reconhecimento. Fez uma atuação em que o único ponto negativo foram duas tentativas desnecessárias de viradas de jogo longas, em que devolveu a bola para o adversário. Marcelo, que foi uma das grandes figuras da partida, fez, porém, pior que isso. Tentou meter umas cinco ou seis bolas longas e errou todas, mas não pensem que embalde. A trabalheira dos zagueiros do Inter para correr atrás de Lelê pareceu algo premeditado. Lelê, que, injustamente, foi vaiado pela torcida quando já estava extenuado de tanto correr, mesmo sem aparecer muito no jogo, tendo sido, inclusive, uma das peças vitais na pressão que o Flu exercia nas saídas de bola do Inter.
Qual é o resumo dessa ópera? O Fluminense voltou? É você, Fluminense?
Honestamente, amigas, amigos, para quem quer ser alguém nessa temporada, ganhar do Inter no Maracanã era obrigação. Mas eu confesso que não vi nos últimos tempos um time que proporcionasse ao Fluminense tanto conforto para fazer o seu jogo. É claro que isso tem muito a ver com a nossa forma de jogar, voltando a marcar o campo todo e oprimindo o adversário. Mas os caras não marcavam nossa saída de bola e, quando entrávamos em sua intermediária, formávamos maioria em todos os setores do campo quando queríamos, o que tem, também, muito a ver com o trabalho incansável de Lima e Martinelli, que forneciam apoio em todas as fases e áreas do jogo. Tem a ver com atuações formidáveis de Nino, André, Marcelo, Samuel Xavier, Keno e Martinelli. Todos beneficiados por uma proposta corajosa de jogo, repleta de alternativas táticas.
Sendo assim, teremos que esperar as próximas partidas para um diagnóstico mais preciso, mas o jogo de hoje reacende a chama da esperança de que o Fluminense não só volte a fazer grandes exibições, produzindo grandes resultados, como o faça com regularidade, agora que nosso elenco está mais forte do que o do primeiro semestre, pelo menos até que a porta de saída para a Europa se abra.
A impressão deixada pelo jogo de hoje é ótima. Esperamos pelos reforços para a zaga para que possamos nos recolocar no patamar onde estávamos desde a virada do ano: a de candidatos a protagonistas em 2023.
Saudações Tricolores!