Dois tempos antagônicos de um mesmo jogo. Se no primeiro tempo vimos um time confiante, o reverso de todos os inversos chegou na segunda etapa. Mas, sigamos alguma cronologia.
Apitou o árbitro, rolou a bola e o que se viu no primeiro tempo foi uma equipe organizada. Teimamos em olhar placares, prefiro emplacar os olhares. E meu olhar estava na mesa de botão de Abelão. Parece que ele convenceu ao elenco que era melhor não ter medalhões. O coletivo sobre o individual. Trabalho, trabalho, trabalho.
E não é que o time comprou a ideia? O Fluminense versão 2018 tem consciência tática! Os jogadores sabem onde devem estar e… estão! A filosofia do ano é ter a bola, trocar passes e construir jogadas. Em que pese que isso nos exponha a riscos: na saída de bola, na defesa, na pressão, continuamos acreditando em tocar a bola e sair na base do passe. Vacilamos algumas vezes neste quesito nos primeiros quarenta e cinco e levamos alguma sorte por o time catarinense ter desperdiçado as oportunidades.
Sobra vontade e disciplina tática a um elenco visivelmente comprometido com as ideias de seu comandante. Por outro lado, é evidente a limitação técnica do elenco. Alguns erros advêm do rompimento desta fronteira… Há de se melhorar fundamentos nos jovens e esperar o melhor dos mais experientes. Às vezes, a confiança não é a melhor conselheira.
Bem postado, o time sabia o que fazer, mostrando que há valor em nosso treinador. E em uma jogada ensaiada, o jovem Ibañez abriu o marcador. No meio, Jádson e Richard faziam bem o papel da saída de bola, Sornoza assumiu o controle da criação e os laterais apresentavam-se ao jogo.
O texto talvez faça parecer fácil um jogo que não era. Apesar de bem postado e jogando bem, o adversário também mostrava-se bem armado e não se recusou ao jogo. Aliás, vale um comentário: poucas faltas e um jogo bem disputado foi o que se viu na primeira etapa. Aproveitando uma das falhas de nossa zaga, o tricolor André Moritz empatou para o Avaí. Decretado o empate, o placar descreveu o primeiro tempo, apesar de estar na cabeça de nós tricolores que poderíamos ter saído com a vitória.
Descem aos vestiários, é hora de Abel. E assim começa a segunda etapa. O que era receio e percepção tornou-se realidade: nosso time é muito limitado tecnicamente. Quando experimentado por uma equipe mais bem postada parece cair nas teias do adversário.
Nervoso, o time não foi sombra do que havia produzido no primeiro tempo. Logo Abel abriu mão de seu 3-5-2, sacou Ibañez (que quase entregara a paçoca por excesso de preciosismo) e lançou Robinho. Era a ousadia, a vontade de vencer e de impor-se em casa. O time ficou mais ofensivo, mas era visível que o meio perdia o gás. Os “lateralas” já não se apresentavam tanto, Richard e Jadson já mostravam-se lentos e Sornoza desapareceu. Na frente, Pedro escondia-se na marcação e Marcos Jr mostrava-se esgotado.
É nesse momento que todas as críticas mostram-se pertinentes: não temos um elenco. Ou resolvemos a coisa no primeiro tempo ou sofreremos. E muito. Marlon Freitas substituiu Sornoza e tudo piorou tão de repente. Em uma falha grotesca, bola perdida, gol sofrido. E tudo voltou a 2017. Desespero, desorganização e correria sem sentido. Tudo regado a um time cansado no segundo tempo e com uma clamorosa limitação técnica.
Abafa daqui, chuta de lá, cruza de qualquer lugar. O tempo passou e o Avaí quase fez o terceiro. Cinquenta minutos. Poderiam ser mais duas horas que nada aconteceria. Temos muito a sofrer no ano. Que Abel convença a equipe que devemos ganhar logo no primeiro tempo. Do contrário, se precisarmos do banco, será um empréstimo a juros altos. E haja reza. Haja fé.
Isso é o Flu de hoje. Não faltou luta, faltou qualidade. Organização no primeiro tempo, afobação e desespero no segundo. Vai ser luta, vai ser difícil. Só na vontade não vai dar. Mas tem o Flu de sempre. Aquele que faz o impossível. Sobrenatural de Almeida, esperamos você em Santa Catarina. Precisaremos.
Panorama Tricolor
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#JuntosPeloFlu
Imagem: wal