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Amigos, amigas, o Maracanã presenciou na noite de ontem um grande encontro entre o atual líder e o vice-líder do Brasileirão. Um jogo em que estilos diferentes se confrontaram e brindaram a plateia com um ótimo espetáculo.
O que se sabia antes do jogo era que uma vitória palmeirense praticamente liquidaria o campeonato. Um empate manteria a disputa pelo título por tubos. Uma vitória tricolor revitalizaria tal disputa. Aconteceu que o resultado foi o empate. Ótimo para o Palmeiras, péssimo para o Fluminense. O Palmeiras manteve a distância para nós em oito pontos, faltando 14 rodadas. Pode ver a distância para o vice-líder cair de oito para sete pontos, em caso de vitória da Dissidência sobre o Botafogo.
O Palmeiras fez uma sequência de três jogos contra seus principais concorrentes na briga pelo título. Venceu uma e empatou duas. Excelente para quem tem gordura para queimar. Começou com seis pontos de vantagem, terminou com sete. Um resultado excelente, haja vista não terem mais esses adversários o trunfo do confronto direto para descontar a vantagem.
O Palmeiras já é campeão brasileiro? A matemática diz que não, mas a razão diz que as coisas estão muito bem encaminhadas. Até porque, estamos falando de um time que sofreu apenas duas derrotas em 24 rodadas. Fruto de um planejamento bem feito, de um elenco bem remodelado e de um técnico muito capaz.
O que cabe ao Fluminense? Jogar sempre como ontem. Deixar claro, a cada duelo, que não entrou na brincadeira para ser coadjuvante. Assim como no jogo de ontem, quando foi o protagonista, diante do atual bicampeão da América. Temos que fazer nossa parte, eles que não façam a deles, e é bom ficar de olho na Dissidência, que vem, nesse momento, praticando o melhor futebol do Brasil, muito embora o Fluminense de ontem não fique em nada atrás, o que é muito bom.
O jogo de ontem mostrou Diniz solucionando dois problemas chave em nossa trajetória. O problema número um eram as escolhas na hora de substituir. Contra o Palmeiras, não vimos erros. Diniz colocou em campo jogadores que não comprometem a qualidade do nosso jogo, principalmente se no momento certo: Martinelli, Nathan, Caio Paulista e William. O número dois, mais importante de todos, foi não dar ao Palmeiras, como já não vinha ocorrendo nos últimos jogos, o espaço atrás da nossa zaga, mesmo mantendo o time marcando em bloco alto.
A segunda evolução me deixava em suspense, pois já percebera nas duas partidas anteriores, e hoje veio a boa notícia. A primeira, a dos acertos nas substituições, é uma grande conquista para quem quer percorrer o resto da temporada alcançando grandes feitos.
Outro problema era a lateral-esquerda. Cristiano conseguiu dar mais qualidade ao nosso jogo pelos lados, com movimentações mais inteligentes e até uma certa ousadia, sem, em nenhum momento ter deixado de comprometer o trabalho de Dudu, de cuja marcação estava incumbido. Tomara que eu não tenha visto uma miragem, pois são três problemões resolvidos em um único jogo, e olhem que estamos falando do Palmeiras.
A torcida saiu do Maracanã orgulhosa e frustrada, pelo menos foi essa a sensação que eu senti. Orgulhosa, e muito, porque o Fluminense foi altivo e mostrou, embora alguns não queiram enxergar, que está na primeira prateleira do futebol brasileiro hoje, ao lado de Palmeiras e Dissidência. Frustrada, porque o Fluminense mereceu a vitória, que nos deixaria a cinco pontos do líder, mas não veio.
O Fluminense começou o jogo turbinado, encurralando o Palmeiras, rondando perigosamente a meta adversária, incendiando a torcida. Mas logo o Palmeiras começou a mostrar suas garras, esticando bolas perigosas. Numa delas, Dudu recebeu livre pela direita e o Fluminense falhou. Três homens próximos ao atacante e ninguém para dar o bote. Dudu conseguiu um cruzamento aparentemente inofensivo, embora evitável, mas Rony executou bicicleta magistral, um lance de cinema, e conseguiu mandar a bola no canto. Há quem diga que Fábio falhou. Eu digo, no máximo, que o lance não foi indefensável.
Palmeiras 1 a 0. O Fluminense já começava a demonstrar ansiedade no jogo. Para o desespero de Diniz, o time flertava com a precipitação, tentando verticalizar o jogo quando não devia, abrindo mão de sua essência. Isso piorou após o gol palmeirense e eles chegaram a estar mais próximos do segundo gol do que o Fluminense do primeiro. A ansiedade da arquibancada passava para o campo e as coisas não aconteciam. Não ameaçávamos o adversário, apesar de termos a posse de bola.
Parece, no entanto, que em algum momento alguém deu um berro no pé do ouvido do Fluminense e o time se transformou em campo, passando a praticar o seu jogo, aquele para o qual treina. As trocas de passes rápidas e deslocamentos começaram a surtir efeito. As triangulações pelo lado direito venciam a marcação palmeirense e as bolas vinham cruzadas com perigo. Acuado, o Palmeiras cedeu escanteio. Árias cobrou e Manuel, como um gigante, surgiu entre os zagueiros para empatar.
Dali em diante, até o final do jogo, o Fluminense foi superior ao adversário, fazendo exatamente o seu jogo, proporcionando lindos momentos ao espetáculo. Foram duas bolas na trave e muita pressão, mas a bola, que tem seus caprichos, não quis entrar. Méritos para o árbitro da partida, obviamente, que foi conivente com toda e qualquer tentativa do Palmeiras de evitar que a bola rolasse. Ao ponto de dar apenas cinco minutos de acréscimos no segundo tempo, em um jogo em que as paralisações foram muito maiores.
Não se pode dizer que o Palmeiras se acovardou. Apenas jogou com o resultado que lhe era favorável. Caberia à arbitragem respeitar o público e quem paga pelo espetáculo, um jogo entre os dois líderes do campeonato. Mas em nada o soprador de apito coibiu a cera palmeirense, inclusive invertendo marcações em profusão contra o Fluminense, levando nossa torcida à loucura.
O Fluminense faz uma trajetória que nos orgulha em 2022. O empate de ontem foi, efetivamente, uma derrota, inclusive pelas circunstâncias do jogo, assim como foi o de quarta-feira com o Corinthians, pela Copa do Brasil. Mas o simples fato de podermos encarar empates contra grandes adversários como derrota já é capaz de retratar o tamanho do Fluminense em 2022. Assim como o fato de sermos campeões estaduais, estarmos em uma semifinal de Copa do Brasil e na vice-liderança do Brasileiro.
O Fluminense de 2022 exala sua própria essência, com plateias robustas e exibições que nos enchem de alegria. As limitações do nosso elenco estão mais na cabeça de quem analisa o que não conhece, embora elas existam, e em decisões que não se justificam e que, como em anos anteriores, nos roubaram muitos pontos. Se o Fluminense de daqui para frente será o de hoje, devemos acreditar na possibilidade de feitos grandiosos ainda nessa temporada.
Sem deixar de reconhecer méritos a quem quer que seja, é preciso enfatizar aqui o trabalho extraordinário de Fernando Diniz. Pode colocar na conta desse monstro grande parte do mérito por podermos presenciar o Fluminense protagonista, jogando bonito e com o Maracanã repleto da Mais Extraordinária Força Popular do Planeta. Como é bom ir ao Maracanã e ver o Fluminense nos fazendo sonhar acordados!
Aliás, falando em sonhar acordados, o que foi o Samuel Xavier hoje? E os desarmes espetaculares do Nino e do Manuel? E aquela enfiada longa de três dedos do Ganso, metendo a bola atrás da última linha do Palmeiras no segundo tempo? E a rotina de Maracanã recebendo grandes plateias para ver o Fluminense jogar?
Eu sempre digo que a linha de chegada é o que nos faz campeões, mas saborear a jornada é o que nos faz viver de verdade.
Saudações Tricolores!
Crônica soberba! Parabéns!
Nada a acrescentar.
ST.