Muitas expectativas para a estreia do Fluminense de Abel nessa temporada, em função das contratações novas (embora envelhecidas em sua maioria) e do velho – suposto moderno – esquema 3-5-2, sob a narrativa de que daria mais liberdade à equipe atacar e criar pelos lados do campo, além de trazer segurança por dentro, no miolo de zaga, podendo ter apenas um primeiro volante a fim de criar mais pelo meio. Mas não foi isso que se viu.
A despeito de quem acreditou que bastava o Fluminense contratar (ex-)jogadores vencedores e chamá-los de reforços, precisava entender em que condições vieram esses jogadores e como iriam jogar, menos pelo esquema, treinador, escolhas e afins, mais por modelo de jogo, ideia e aproveitamento das peças para fazer funcionar.
A concepção de 3-5-2 como um norte ao desnorteado Fluminense em campo só durou 45 minutos, talvez nem isso, pois em vários momentos foi possível ver o velho esquema se desmoronando desta vez pra valer. E logo em seguida, se tentou começar uma outra história aqui na luz deste dia D. Não deu, e o que se viu foi um time sem saber que rumos tomar em campo, sem saber como desatar a retranca e nó bem feito por Felipe Loureiro ao empoderado Abel Braga.
Primeiro tempo para esquecer, de uma equipe que teve apenas duas boas oportunidades, uma vinda dos pés, de fora da área de Willian Bigode e a outra em uma cobrança de falta dos pés de David Braz. Já o Bangu teve ao menos três boas chances, duas delas bem defendidas por Marcos Felipe, que mesmo tendo feito uma partida segura quando exigido foi o mais criticado pelos torcedores de internet, cravando que o goleiro havia sofrido o gol antes da finalização de Roberto Baggio, o atacante improvisado na lateral esquerda banguense na primeira etapa, em bela trama de sua equipe após roubar a bola de Felipe Melo e armar a jogada pela direita, com direito a corta-luz em cima de Nino, que tentava cobrir a posição do preposto pitbull, mas sem sucesso.
Já o segundo tempo retorna com Luiz Henrique em lugar de, ruf ruf, Melo 52, que já estava amarelado e sub judice em outra entrada faltosa ainda na primeira etapa, decerto Abel achou melhor não arriscar, tanto no esquema 3-5-2 (que estava ali mais para justificar a presença do pseudo canino), como na não expulsão a posteriori.
E Luiz Henrique já chegou mostrando sua credencial: foi de seus pés a primeira boa chance, também a segunda e outras tantas. Se tornou a única válvula de ataque tricolor, o que já era verdade na temporada passada, deixando encucado até o mais blasé torcedor sobre o porquê de sua barração para que outros nomes jogassem em seu lugar.
Mesmo assim, o Fluminense foi incapaz de quebrar o ferrolho alvirrubro, que se compactava no miolo de zaga, dando ao Fluminense os lados de campo, que até ali seguiam inoperantes, pois seus personagens, Samuel Xavier e Cristiano da Moldávia, não punham medo a uma alma sequer.
Foi então que Abel ousou, tirou Samuel e oportunizou (lembrando Odair aqui) Mario Pineida de lateral direito e impôs a presença de Caio Paulista (aliviado com a venda de Biel) pelo lado esquerdo, retirando o proeminente lateral braso-moldavo. Os dois juntos somam a bagatela de R$ 17 milhões de reais em investimento feito por seus direitos econômicos, 50% de Caio e sabe-se lá quantos porcento de Cris Silva, para os íntimos.
Logo em seguida retirou o insuficiente Nathan de campo e trouxe Martinelli, que também pouco agregou. E por fim, deu a Germán Cano sete minutos mágicos, além dos oito de acréscimo, para jogar ao lado de Fred, que não foi substituído até o final.
Dos pés de Pineida veio um belo cruzamento que Fred desperdiçou tentando repetir o famoso voleio sobre os rivais há alguns pares de anos atrás. Além de brigas de Cano, que sofrera possivelmente dois penais, um totalmente ignorado e outro transformado em falta de fora da área, que inclusive foi a última chance de gol do Fluminense, já com os 53 minutos de partida decorridos. Fred então deu sua carteirada de capitão e bateu a falta, no meio do gol, com força, com raiva, mas defendida pelo bom goleiro e também capitão de sua equipe, Paulo Henrique, não o Ganso – esse não entrou, embora muitos tivessem noticiado que estava impressionando nos treinos.
O que nos resta saber agora é: como são chegadas as conclusões de como e de quem deve jogar com a camisa do Fluminense dentro de campo? Embora seja só o primeiro jogo da temporada, não era também a do Bangu? Aliás, nosso adversário de hoje consumiu todo seu combustível de stamina até os 15 minutos do segundo tempo; depois disso morreu fisicamente, muitas cãimbras, mesmo assim batalhou seu resultado até o fim, diferente do chamado Time de Guerreiros.
Há muito o que melhorar e evoluir, porque nesta quinta-feira não deu nem para um aperitivo, tampouco um acepipe inicial de temporada, a prometida que seria a mais vitoriosa de todos os tempos pelos adeptos da SeleFlu.