Amigos, amigas, conquistou o bicampeonato do Flamengão o melhor time da cidade. O Fluminense, como tal, se impôs aos dissidentes durante os 90 minutos, não deixando do senso comum pedra sobre pedra. Uma vitória de 4 a 1 que bem poderia, embora desnecessário, ter sido ainda mais acachapante, tal a superioridade tricolor.
Não bastasse o que já tínhamos no plantel, ganhamos mais um craque para a companhia. Marcelo participou do jogo de forma ativa, compartilhando com os meias o trabalho de criação, dando nó nos pobres dissidentes, que até começaram o jogo se insinuando, mas só enquanto o Fluminense não encontrava suas trocas de passes envolventes.
Não durou dez minutos a volúpia rubro-negra. O Fluminense foi, progressivamente, se assenhorando do jogo, até que o moleque de Xerém, agora Deus de Madrid, fez jogada espetacular e balançou as redes com um tiro certeiro da entrada da área, estabelecendo a vantagem no placar.
Não demorou muito para que o demônio da camisa 14 recebesse passe na entrada da área para mandar a bola no canto esquerdo, pulverizando a vantagem rubro-negra, alcançada no primeiro jogo, com a ajuda da arbitragem, que, apesar de alguns momentos de flamenguismo, não foi capaz de mudar o rumo da partida.
Tanto foi assim, que veio o segundo tempo e não demorou para que uma penalidade máxima fosse assinalada para o Tricolor. Bola na mão do defensor da Dissidência em disputa pelo alto. O jogo continuou com a torcida do Fluminense, maioria no Maraca – que coisa linda! – urrando de raiva contra a negligência do árbitro, até que o VAR – acreditem! – intercedeu, talvez atendendo ao pedido de Diniz na entrevista da última quarta-feira, no Peru, para que houvesse imparcialidade no comando do espetáculo.
A arquibancada pedia Paulo Henrique Ganso na cobrança, mas coube a Cano a honra de fazer o gol que nos daria o título. Cobrou mal, o goleiro defendeu, mas deu rebote nos pé do argentino demolidor. Resultado? Gol de Cano e 3 a 0 Fluminense.
Não faltava valentia aos dissidentes, que procuravam o ataque, mas deixavam espaços generosos em sua defesa. O quarto gol tricolor era questão de tempo. Alexsander pegou um rebote na área e mandou no ângulo. Fluminense 4 a 0, com assinatura do craque de Xerém.
Dali em diante era esperar o desfecho. Os dissidentes ainda fizeram um gol nos acréscimos, mas já era muito tarde. O Fluminense era o bicampeão do Rio de Janeiro em cima da Dissidência, repetindo feito de 1984, com direito a novo carrasco e chocolate de Páscoa, repetindo o placar daquela semifinal de 2005, que terminou com gol de placa de Preto Casagrande.
O torcedor do Prêmio Nobel do Esporte tem todas as razões para estar exultante. É um momento mágico o que vivemos, contra todas as adversidades, mas com a força incontível das nossas cores, da nossa história, da nossa força e da nossa tradição.
Falamos de Marcelo, de Cano e de Alexsander e não há mais jogo para falar de outros personagens do jogo e da conquista. Dando marcha à ré, revivamos pelo menos duas grandes defesas de Fábio, a categoria inesgotável de Ganso, a personalidade de André e o inexplicável Jhon Arias.
O novo desafio da Ciência é desenvolver algum artefato capaz de roubar a bola desse colombiano. É impressionante como em noventa minutos eu não me lembro de Arias ter sido desarmado uma única vez, ainda que tentasse sempre manobras difíceis em campo. Carece de explicação científica esse que é, hoje, um dos cinco ou seis maiores jogadores do futebol brasileiro.
Todos, enfim, estão de parabéns. Todos, mas ninguém tanto como Fernando Diniz. Não é pelo título do Flamengão, mas por ser um visionário, alguém capaz de enxergar o futebol de forma diferente. Diniz, em que pese ter um elenco de craques, como raramente se tem visto no futebol brasileiro nesse século, consegue, ainda assim, ser o grande personagem dessa conquista, desse momento e do que ainda está por vir.
O Fluminense, como dizem por aí, seja no Rio, em Brasília, em Buenos Aires ou em Budapeste, é lindo de se ver. O Fluminense de Diniz faz o futebol ser, ao mesmo tempo, competição e arte, espetáculo, beleza e inspiração.
A cada dia, a cada jogo que passa, o Fluminense vai se impondo para ser o time a ser superado no Rio, no Brasil e na América do Sul. Logo será o time a ser superado no mundo. E, para quem acha que isso é só produto de empolgação delirante, a recomendação é esperar pacientemente, porque vem muita coisa por aí.
Por ora, vamos curtir esse bicampeonato, porque ele não lava só a alma dos tricolores, mas de todos os justos, corretos e injustiçados.
Saudações Tricolores!
Bem lembrado. o último bicampeonato havia sido o de 1983-1984,em cima do mesmo Flamengo. Depois se transformaria em tricampeonato no ano seguinte, mas o vice seria outro. É interessante notar que na época da Unimed: 1999 – 2014, conquistamos apenas os cariocas de 2002, 2005, 2010 e 2012. Apenas quatro cariocas em quinze anos e sem nenhum bicampeonato. Antes dos anos 80 teríamos que voltar a Máquina de Rivelino & Cia que nos trouxe o bicampeonato de 75/76. Essa SeleFlu nos trouxe títulos estaduais e torneios internacionais. Vamos torcer que essa nova máquina nos brinde ao menos com um título internacional Libertadores/Sulamericana e um nacional Copa do Brasil/Brasileiro.
Há que se lembrar que ficamos em desvantagem no dia da mentira e ganhamos o título na Páscoa.
Últimos bicampeonatos:
1975-1976
1983-1984
2022-2023
ST. Fernando – Rio de Janeiro
Sou seu leitor assíduo. Parabéns pelo brilhante trabalho.
Apenas uma ressalva, o jogador citado de 2005 era Preto Casagrande.
ST!