Flu: uma só torcida (por Paulo-Roberto Andel)

 

I

Brasil, terra de coisas e pessoas admiráveis, um povo sofrido e batalhador, ainda com muitas dificuldades em termos socioculturais, educacionais também. Lutamos e construímos um país, com seus erros e acertos idem. Uma coisa, no entanto, me incomoda profundamente.

A hipocrisia.

Vivemos ares de relativa liberdade; entretanto, basta alguém se posicionar contra o status quo e pronto: um batalhão de falsos moralistas se apresenta em nome da “ordem” e da “moral” tão necessárias numa sociedade “respeitável”.

Assim, algumas máximas vão sendo repetidas e caem no imaginário popular: “todo político é ladrão”, “todo policial é corrupto”, “todo empresário é desonesto”, “todo jornalista é serviçal de conglomerados contra o povo”, “mendigo tem que morrer”, “tinha que tacar uma bomba no morro e matar todos” e tantas outras que só reafirmam a sociedade preconceituosa e ignara onde vivemos.

Uma delas me causa risos e náusea: “quem lutou contra a ditadura de 64 queria fazer uma ditadura ainda maior” – poucas vezes uma sentença tão estúpida teve tanto sucesso.

Isso tudo poderia dar um livro inteiro, mas não sou um escritor competente para tal. Lembrei de outra, pior: “Na favela só tem marginal.”

Vou falar do que eu conheço desde 1978: arquibancadas de futebol.

“Toda torcida organizada só tem bandido”.

Ou “torcida do Fluminense é esnobe, só tem elite”.

Garotos com suas caixas de engraxate vestem orgulhosamente suas camisas pirateadas do Fluminense nas ruas. Homens com chinelos humildes fazem o mesmo. Entregadores, motoboys, camelôs, atendentes, biscateiros.

As fotos abaixo foram tiradas por mim no sábado passado de manhã, na porta de uma birosca na entrada da Vila Aliança, em Bangu. Quem acha que o Fluminense é “apenas” o time da elite nunca pôs os pés lá. Nossas cores estão em todos os lugares. Claro que 99% dos jornalistas que malversam o Flu jamais vão tirar seus traseiros dos assentos para comprovar tal imagem in loco: é preferível denegrir dentro de salas refrigeradas.

II

Hoje, fala-se muito da questão da violência das torcidas organizadas. Alguns jornalistas, levianos até a ponta da chuteira, afirmam rigorosamente que todas não passam de meros conglomerados do crime. Ora o fazem por antipatia (leia-se rancores pelo sucesso tricolor em conquistas de títulos), ora por ignorância, outras vezes por generosa encomenda e crédito imediato em conta corrente. Não, nem de longe todo jornalista é leviano: apenas alguns. Ou uma considerável parte.

Coincidentemente, os ataques às TOs – em voga, as do Fluminense – têm acontecido simultaneamente a movimentos da FIFA no sentido de “disciplinar os torcedores sul-americanos”  para a Copa de 2014 (como se fôssemos animais que devessem ser enjaulados ou adestrados). Quinhentos anos depois de colonizações predatórias e sangrentas que tanto atrasaram o continente, tudo leva a crer que a mentalidade reacionária ressurge com todas as forças. Querem fazer da nossa torcida um bando de bonecos a aplaudir tênis em Wimbledon – quem sabe nipônicos sorridentes que só aplaudem a vitória de um time depois do mesmo já ter descido para o vestiário? Sem bandeiras, sem festa, sem movimentos, bonequinhos dóceis e simpáticos dizendo “Êeee” em duas ou três boas jogadas da partida. Queriam mesmo era ninguém nas arquibancadas. A televisão já paga tudo e, afinal de contas, cada torcedor a menos a arquibancada é um potencial telespectador.

Pois bem: um dos melhores professores que tive em toda a minha vida escolar e acadêmica foi Amâncio Cezar, presidente de honra da TOV – Torcida Organizada do Vasco – e grande benemérito do clube. Creio que milhares de estudantes da cidade do Rio de Janeiro chancelem essa minha opinião.

Quando comecei a frequentar estádios, duas das minhas principais lembranças nas arquibancadas tricolores do Maracanã residem no nome de Helena Lacerda, a Tia Helena, e Armando Giesta, o Seu Armando. Tia Helena fez história como uma das primeiras mulheres do futebol brasileiro a chefiar uma torcida organizada – a Fiel Tricolor -, precedida pela notável Dulce Rosalina na torcida cruzmaltina. Seu Armando, presidente da TYF – Young Flu, sempre foi um escudo do Fluminense em carne e osso nos estádios. Pela confiança que meus pais tinham nessas duas pessoas e em outras mais é que, aos treze anos, eu pude passar a ir sozinho no estádio. Eram outros tempos, claro, tudo era menos pesado nas ruas. Não existe violência no futebol apenas nas torcidas organizadas.

Não esperem um romance nesta história, apenas conto o que vivi no concreto do Maracanã – e não de longe, bem longe, numa sala refrigerada.

Com os tempos modernos, alguns problemas foram acontecendo. A violência no Rio de Janeiro aumentou consideravelmente e, sendo o futebol uma das nossas principais manifestações populares, era esperado que os efeitos também atingissem as arquibancadas de todos os nossos grandes times. Infelizmente aconteceu: rixas, guerras, assassinatos, muitas vezes ligados a fatores exógenos ao futebol. Entretanto, jamais isso partiu de qualquer maioria constituída dentro de qualquer torcida organizada do Fluminense: trata-se de um problema de segurança, policiamento e justiça – com essa tríade, tudo teria sido minimizado com sucesso. A estupidez humana sempre há de se manifestar, mas o cuidado prévio pode preservar e quase zerar as ocorrências. É bom que se diga: nos anos 70, até o começo dos 80, não havia nenhuma torcida organizada na geral do Maracanã lotado com mais de 100 mil pessoas; no entanto, em mais de uma oportunidade, pessoas foram mortas a tiros dentro do setor no estádio em pleno jogo.

III

Quando o time está numa fase excelente e em disputa de grandes títulos, ninguém se preocupa: os ingressos voam em segundos, o estádio fica abarrotado. Mas como se faz quando os jogos não têm o caráter de disputa ou a fase é ruim? Quem canta? Quem tenta incentivar num momento difícil?

No caso do Fluminense, é bem claro: quem empurra o time são as torcidas organizadas – convencionais ou não -, mais os admiráveis maníacos. Domingo passado mesmo, na chuvarada do jogo contra o Audax no Engenhão, foi assim. Uma parte considerável da nossa torcida não tem mais apreço em frequentar estádios regularmente, preferindo se poupar para os jogos decisivos. Nelson Rodrigues já dizia isso há décadas: “Nas situações de rotina, um `pó-de-arroz’ pode ficar em casa abanando-se com a Revista do Rádio. Mas quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas.” – A Revista do Rádio encerrou sua publicação em 1970…

Uma reflexão importante a respeito: a quem interessa as torcidas organizadas longe das arquibancadas, aumentando o esvaziamento? Quem lucra com isso? Torcida não é importante? Que time sem torcida prosperou entre os maiores do futebol brasileiro?

IV

Todo e qualquer torcedor que concorra para ilícitos e delitos deve responder ao rigor da lei em qualquer situação, independentemente de ser membro de uma torcida organizada, movimento, avulso, o que quer que seja. A lei é para todos. É só fazer a constituição valer como devido.

Policiar estádios e arredores, revistar todos os expectadores, planejar a segurança.

Agressores e bandidos geralmente contam com a covardia e a desatenção: marcando em cima, não terão espaço e serão facilmente apanhados. E são minoria. Basta querer.

V

Recentemente, dois dos principais veículos esportivos da TV fechada fomentaram discussão sobre a violência das torcidas, endereçando às torcidas organizadas a pecha de verdadeiro tumor do futebol do Rio. É claro que o Fluminense, para aparecer nestes espaços midiáticos, geralmente só o faz com destaque quando as notícias não são boas para Laranjeiras. Então, “convencionou-se” que nossas torcidas são beligerantes.

Chega a ser patético.

A torcida do Fluminense é uma das que mais tem a presença de mulheres de todas as idades no Brasil. Isso é fruto de um “exército feminino do mal” ou simplesmente o fato das nossas torcedoras sentirem-se seguras nos estádios onde o Fluminense joga? Muitas delas, aliás, vinculadas às organizadas. Acompanho 95% dos jogos do clube na cidade, nunca as vi em nenhuma situação de crime. Várias são minhas amigas ou conhecidas. Eu não vou a jogos uma vez ou outra: meu trabalho de cronista é feito dentro do cenário da história.

É lógico que existem os problemas – e não são poucos – dentro das TOs, mas nenhum presidente de torcida organizada e nem do próprio clube têm como impedir delitos de quem quer que seja, a não ser acionando os meios legais e tentando controlar os acessos de marginais. Ninguém é Batman ou Superman.

Para isso, o cumprimento estrito da lei basta, seja quem for, doa a quem doer. E a lei é para todos, não apenas para quem desagrada o stablishment. 

VI

O erro de inferência parece bem claro nos respeitáveis veículos de “comunicação oficial”. Generalizam situações particulares e, para piorar, colocam no mesmo saco todas as torcidas organizadas de todos os times do país, todos os seus integrantes – como se trabalhador, morador de comunidade ou mesmo um desempregado à revelia fosse automaticamente um bandido. Nas TOs e em seu entorno há professores, estudantes, militantes políticos, empresários, empregados dos mais diversos setores, profissionais liberais, pesquisadores, escritores, artistas, intelectuais, boêmios e N outras classificações. Trabalhadores em geral. E o que incomoda geralmente aos grupos elitistas: torcedores pobres.

Sempre importante lembrar que há bandidos a serem punidos sim, mas não somente nas arquibancadas: nas ruas, nos escritórios e até mesmo em respeitáveis coberturas à beira-mar.

VII

É preciso banir a violência dos estádios, de todo o futebol e do país inteiro.

Há maus integrantes dentro de torcidas organizadas que devem ser denunciados, expulsos e pegar por crimes cometidos. Falo dos integrantes, de pessoas físicas que tenham infringido a lei. Essas estão em todos os lugares, todas estão submissas à nossa Constituição Federal, sem exceções.

Há milhares de integrantes de torcidas organizadas que merecem respeito, admiração e consideração pelo trabalho que realizam para elevar o nome do Fluminense. Ao contrário do que muitos imaginam, vários deles muitas vezes pagam seus ingressos para ir aos jogos. Sou testemunha disso. Nenhum jornalista vai calar o que eu acompanho há três décadas.

Outros tricolores – que vêm atravessando décadas como eu – também prestam tributo às nossas torcidas organizadas. Falo de Young Flu, Força Flu, Garra Tricolor, Fiel Tricolor, Flu Mulher, Jovem Flu, Bravo 52. Flunitor, FluBar, Flumineiros, Fluburgo.

Não há um único tricolor frequentador de estádios que não reconheça a importância fundamental do Movimento Popular Legião Tricolor, essencial com sua presença e incentivo, num dos momentos mais difíceis da nossa história e a seguir. Importante ressaltar: o MPLT não é uma torcida organizada, conforme a sua própria definição pública. No entanto, a sua recente manifestação via manifesto causou-me espécie, menos pelo teor (as querelas mencionadas podem perfeitamente ser dizimadas com a civilidade e a fidalguia, marcas dos tricolores; desde já, prego a UNIÃO de toda a nossa arquibancada) e mais por ter sido veiculada através do espaço midiático do sr. Mauro Cezar Pereira, contumaz prestador de desserviços às imagens do Fluminense, de sua história e de sua torcida. Trocando em miúdos: são – e somos! – todos da mesma arquibancada. Diálogo é tudo. Que a serenidade das partes prospere. Roupa suja se lava em casa, é o que eu acho.

O que falta para que nossa torcida seja só espírito, um só intento? Cada grupo pode perfeitamente ter seus interesses particulares e um coletivo a uni-los: o FLUMINENSE, razão destas linhas, deste site, destas torcidas e movimentos, de tudo.

Melhor dizendo: o que realmente impede esse espírito único?

VIII

Dois presidentes de torcidas organizadas do Fluminense estão entre as pessoas mais simpáticas e gentis que vejo nos estádios, semanalmente. Em diversas viagens que fiz com eles, nenhuma ocorrência, nenhum problema sequer.

Tenho amigos e bons conhecidos em todos os grupos, organizados ou não, que acompanham o tricolor pelo Brasil afora.

Assisto aos jogos do Flu proximamente ou dentro de várias torcidas a cada ocasião. É claro que tenho minhas afinidades e preferências, mas isso jamais diminui o respeito e a admiração que tenho para com todas. Ah, sim, não é um mundinho de flores cheirosas onde tudo é belo e tem os ares de Pollyanna: há flor que não se cheire também. Mas em qual lugar ou grupo isso não acontece? A maioria é de bem, muito bem.

Acompanho o Fluminense há 35 anos com todos os ingressos regiamente pagos. Sou sócio-torcedor há cerca de seis meses, com o único objetivo de ver dentro das Laranjeiras a opinião dos torcedores definitivamente expressa. Minha mensalidade é regularmente paga de maneira antecipada.

Não recebo qualquer tipo de benesse, vantagem ou remuneração do clube por qualquer trabalho que eu tenha feito para valorizar suas cores. Meus livros foram custeados pela editora que contratou meus serviços – detentora dos direitos, portanto -, assim como serão os próximos (em breve). Para alguns, os livros são “piratas”; para outros, o escritor é bom e, por isso, fico sempre agradecido. Do mau escritor, nem o diabo aperta a mão.

Não recebo nenhuma benesse ou vantagem econômica proveniente de meu relacionamento com as torcidas organizadas e seus integrantes. Aliás, este texto foi publicado sem qualquer consulta a eles.

Trata-se do meu direito à liberdade de expressão e do meu compromisso pessoal em publicar regularmente aqui no PANORAMA, onde não escrevo por encomenda de conchavos, articulações políticas de má-fé, acordos, mesquinharias pessoais e outras quinquilharias. Tudo devidamente assinado para honrar a memória de meus pais.

Mas afinal, que benesse eu receberia? Não sou ninguém! Apenas edito um site que tem agradado torcedores do Fluminense, nada mais do que isso. Em minha opinião, o NOSSO Fluminense tem uma torcida só. Meu, teu, tua, deles, de todos nós. Sem donatários, sem capitanias hereditárias, sem feudos, sem donos da verdade oficial.

Ninguém é melhor do que ninguém. Não há um grupo que saiba torcer melhor do que o outro. Nossa bandeira é uma só.

Com o Fluminense unido, todos ganharemos. Rachado, todos perderemos.

A ode à desunião já nos custou muito caro nos anos 90, a lição deveria ter sido aprendida, mas alguns parecem preferir o êxtase da repetência.

Um time com milhões de torcedores, uma referência global no esporte mais visto e admirado de todos não pode ser feudo de quem quer que seja – e daí a importância colossal de que os torcedores se associem ao clube: mudar o paradigma de cem ou duzentos ou quinhentos falarem por milhões quando se trata de futebol. O clube é dos sócios, sem dúvida; o time é de um país em forma de torcida – e dentro deste mesmo país tricolor há uma torcida e, dentro dela, as torcidas organizadas, movimentos populares e centenas de milhares de torcedores avulsos, com amigos, com seus familiares.

Torço muito para que os inúmeros grupos tricolores não se deixem confundir pelo xadrez chinês político do Flu ou por questiúnculas particulares que não representam a paixão de milhões de pessoas – pobres ou ricas, gordas ou magras, doentes ou saudáveis, heterossexuais ou homossexuais; brancas, pretas, amarelas, nascidas com qualquer cor. Grande parte da nossa torcida ainda prima pela argúcia e não há de se deixar levar por bobagens. O Fluminense nasceu para ser a vanguarda e não o atraso. O Fluminense é a lucidez, a ponderação, o equilíbrio, o respeito ao próximo e ao contraditório, da orla à favela, do office ao camelódromo. O Fluminense é a dialética e não o monólogo. Branco é paz e harmonia!

Estejam onde estiverem, um grande beijo para Tia Helena e Seu Armando.

Quando gritamos “Nense!” a plenos pulmões juntos numa arquibancada, é porque os dois, há muitos anos, ajudaram a pavimentar esse caminho. E é só.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagens Vila Aliança: PRA; restantes: google.com.br

10 Comments

  1. Salve Seu Armando! Salve Tia Helena! Salve o Careca! Viva o Fluminense, esse gigante em três cores!

  2. Caro Andel,
    Como você já sabe, venho acompanhando sua coluna a algum tempo. Me sinto bem a vontade para expressar o que penso, pois aos 50 anos, que se completam no próximo dia 23, tenho bastante tempo e história pra contar. Este momento em que vivemos no Brasil pré-copa e pré olimpíada, onde a FIFA, principalmente nos impõe varias exigências , com uma clara intenção de se elitizar o futebol, fazendo que só as pessoas abastadas possam assisti-lo, assim como era na sua origem, no rio de janeiro.
    Num país em que o BBB tem números absurdos de audiência, que a tv pública fica relegada a programas quase sem audiência, que os governos enganam sua população com uma distribuição de recursos nunca igualitária, mas nas tragédias vimos como acontece. Onde escolas e creches não funcionam, não tem merenda e professores são mau remunerados. Onde o valor que vale é o do bem material. Onde nossos congressistas, não todos, são , meros testas de ferro do poder. Não podemos deixar a nossa alma ser infectada pelos predadores da mídia oficial, sermos meros reprodutores do pensamento dominante. O que vi nos posts acima é que ainda temos o ranço de um pensamento elitista e preconceituoso.
    Voltemos ao cerne da questão, o Fluminense. Parabéns por suas palavras, você expressou tudo o que sinto com relação aos episódios que recentemente tem dividido nossa torcida e fazendo o deleite da Fla-iprensa e seus afiliados. Este sábado, não poderei ir ao jogo, pois como sou um tricolor, de torcidas organizada (TFT), pobre e do bairro de Campo Grande, tenho que trabalhar e sustentar a família e para pagar minha mensalidade de sócio do Fluminense. Mas no próximo jogo faço questão de falar com vocês do Panorama que tanto me alegram, seja com as colunas ou com o programa na internet. Abraços fidalgos triocolores .

    1. Paulo-Roberto Andel comenta: Marcos, todo o agradecimento pelas tuas palabras. Sê bem-vindo. Grande braxxxx.

  3. A violência é muito estimulada pela imprensa e todos os que estimulam a rivalidade no seu sentido doentio.
    Daí eu ter feito o artigo sobre o falso racismo no futebol carioca, pois é por conta de estorinhas como essa que as almas doentes encontram farto alimento espiritual para irem se matar nos estádios.
    Paz nos estádios e na sociedade começam por pessoas gentis e sensíveis como você, Andel.

  4. A foto do Tio Armando para mim é emblemática e resume o que sente um torcedor no estádio, assistindo a seu time da alma converter a chance em perda ou ganho, em eterna alegria ou breve tristeza – sim, por que ao contrário do que muitos pensam, a alegria é eterna, a tristeza, passageira -. O Fluminense é um patrimônio de todos aqueles que o querem em suas vidas. STT, Waldir e Waléria Barbosa

  5. COM CORREÇÔES DO TEXTO
    Eu sou de um tempo em que as torciudas iam ao estádio para torcer e conribuir para o espetáculo. É calro que sempre existiu um ou outro mal resolvido que decidia descarregar suas frustrações em cima do torcedor ao lado. Assisti, criança ainda, na década de 1960, vários jogos no Maracanã sem nenhum incidente digno de manchetes. Vi Fla-Flus belíssimos, com as tocidas dando show com suas bandinhas, bandeiras e cantos. Vi jogos do Flu contra o Bangu, quando os chamados “proletários” tinham um timaço com Paulo Borges, Zózimo, Parada, Bianchini e outros craques, em que a torcida banguense, patrocinada pelo Castor de Andrade, enchia os estádios com inúmeras bandeirinhas vermelhas e brancas, charanga afinada, entoando “ôôôôôô, ô-ô-ô-ô, ariá-á-aiô, Bangu, Bangu, Bangu no ritmo do Mais que nada do Jorge BenJor. Uma maravilha! As torcidas saiam do estádio gozando uma a outra, mas sem porrada. O mundo mudou, a violência foi banalizada, a polícia tem medo do ladrão e o torcedor tem medo de ir ao estádio. Enquanto não educarmos melhor nossas crianças para terem respeito pela vida e verdadeiro amor ao próximo continuaremos produzindo marginais, que não reconhecem o direito alheio. Marginais também assistem jogos, só não podem encontrar guarida nos clubes ou nas torcidas organizadas.

  6. Ae Andel! Sobre o tópico I, o da hipocrisia, o que você acha do pensamento contrário ao Capitalismo, esse “instrumento de Satã a serviço dos imperialistas”? Seja imparcial, please.

    Sobre o tópico que abrange as favelas e as torcidas organizadas, creio que tanto uma como a outra, por conveniência, abrigam, aceitam e dão guarida a marginais, a bandidos. Quando estes cometem crimes, elas, por osmose, tornam-se seus cúmplices e tem também que responder por eles. Como a lei não alcança penalizar a coletividade, apenas o indivíduo, melhor ter em mente o velho ditado “Diga-me com quem anda e lhe direi quem é” para não ficar a mercê dos acontecimentos.

    Pow, de repente, pespeguei-me a soar sério demais! Eu digo que ando com Andel, logo sou gente boa. 😛

    1. Paulo-Roberto Andel comenta:

      1) Marciorocha, quem acompanha minha trajetória na internet e em meu blog pessoal já sabe o que penso sobre o tema. As fotos acima são sinais claros. Minhas crônicas e poemas idem, vide o Otraspalabras. Sou filho, sobrinho e neto de comunistas perseguidos no Brasil ditatorial, meu tio faleceu no exílio.

      2) Permita-me discordar completamente de você sobre a guarida a marginais e bandidos em comunidades, favelas e TOs. É, em minha opinião, um erro crasso de inferência que, como estatístico (para alguns, sou “jornalista”), não me permito cometer. Respeito teu ponto de vista nisso mas divirjo completamente. Que tal numa saborosa mesa de bar possamos estabelecer a dialética? 🙂

      3) Você é maneiro. Vacila, dá mole mas é maneiro.

      Braxxxx.

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