Flu 1 x 1 Vasco (por Paulo-Roberto Andel)


Nos últimos anos, virou moda colocar um clássico de futebol no sábado de carnaval, de modo a atender a enorme demanda turística do Rio durante a festa momesca. Dessa feita, vieram Fluminense e Vasco a campo no calorento Engenhão para importante partida do campeonato carioca: um jogo decisivo em relação a classificação de ambos às semifinais da Guanabara. Nossos admiráveis maníacos vieram em modesto número mas cumpriram a sina de amor ao tricolor.

Já pensando na Libertadores, o Fluminense entrou com boa parte de seu time titular vestindo a camisa tricolor. Com 15 segundos de jogo, Nem sofreu a primeira falta em avanço pela direita. A seguir, nova traulitada sofrida por Nem aos 2 minutos e imediatamente houve a primeira confusão do clássico entre os jogadores, logo dissipada. Jean acertou um bom chute de longe, Alessandro defendeu no canto direito. O Vasco inicialmente mostrou marcação adiantada em nosso campo e a busca de contra-ataques, geralmente visando Carlos Alberto e o lateral-direito Nei.

Na defesa, cruzmaltinos e tricolores investiram em algumas faltas. Nossa meta perigou com a jogada ensaiada no cruzamento na trave esquerda em direção a Dedé, que escorou mas Éder Luiz chegou atrasado. Não houve gol anulado do Vasco na jogada seguinte: Tenório ajeitou com a mão antes de concluir.

Perto dos vinte minutos, o Vasco esteve mais presente nas ações ofensivas. A resposta veio com Wagner, em bom cruzamento pela direita que a defesa vascaína rechaçou. E, na mesma direita, Valencia com as mãos pode ter sido mais efetivo do que Bruno com os pés: o volante bateu laterais perigosos para a área, sem contar a tradicional garra colombiana no combate. Para completar a metade do primeiro tempo, um defesaço de Alessandro em finalização de Fred, sempre perigoso na marca do pênalti.

Aos 31, Nem finalizou bem e a defesa mascou para escanteio. Leandro Euzébio sentiu, saiu de maca mas retornou brevemente. E então veio nossa melhor jogada, perto do final da primeira etapa: cruzamento de Carlinhos, a tradicional categoria de Fred escorando a bola de chapa, ela explodiu no travessão. No rebote, Nem cabeceou para fora, por cima do gol. O velho Fluminense de 2012 de volta, calmo, silencioso, vendendo a falsa impressão de que está ausente do jogo e, quando menos se espera, tenta o bote mortífero, vindo com tudo em busca do gol. Mas bola na trave não é necessariamente bola à rede e, por isso, num contra-ataque mais adiante, o Vasco conseguiu um escanteio pela direita, a jogada ensaiada com Tenório deu certo e, numa infelicidade, Jean finalizou contra – tentou impedir a finalização de Carlos Alberto.. Num jogo equilibrado e até com maior predomínio tricolor, o empate parecia ser mais razoável no primeiro tempo pelo que os dois times produziram, mas não se pode tirar o mérito vascaíno de saber aproveitar a sua chance maior. Sabedor de que era preciso pontuar de qualquer forma, face em vista à situação na tabela, Abel imediatamente mandou os reservas para aquecimento antes mesmo do término dos 45 minutos: com Marcos Junio, Felipe e Sobis à disposição, claro que poderia haver melhoras. Ainda tivemos um último susto: Carlos Alberto lançou Éder Luiz pela direita que, livre, adentrou a área e chutou cruzado á direita de Cavalieri. Fim de uma primeira etapa movimentada.

O segundo tempo confirmou a mudança sinalizada por Abel: Marcus Junio no lugar de Edinho, jogando aberto pela esquerda, mantendo Nem na direita e uma espécie de 4-3-3 nas situações de ataque. Já com nosso time alinhado em campo, o Vasco sequer tinha voltado do vestiário. Depois da volta demorada, São Januário não voltou com alterações na escalação.

Começamos forçando escanteios. Reagir no marcador era preciso. Duas, três bolas de canto. Nenhum efeito prático, infelizmente. Depois, Carlos Alberto acertou mais uma de suas cotoveladas, agora em Junio. Nos primeiros dez minutos, o Vasco bem fechado, tentando atrair o Fluminense para seu campo e apostando nos contragolpes velozes. Em um destes, uma perigosa falta na esquerda do ataque para os vascaínos, mas Carlos Alberto cobrou na rede pelo lado de fora. Ali, pensei em Edinho 1980 e a grande final. Nas arquibancadas, nossos maníacos pediam por Felipe em campo, dada a escassez criativa na meia-cancha.

Vinte e poucos minutos. Um escanteio, outro, Fred é lançado mas estava em posição de impedimento. Finalmente Abel chamou Felipe para a entrada na partida, tirando Valencia e deixando claro que o foco ali estava no ataque em vez da escalação original, deslocando Wagner mais para o lado esquerdo. Enquanto isso, Fred recebeu cartão amarelo. Leandro Euzébio também, logo em seguida, depois de uma trombadona em Carlos Alberto. E a nossa terceira alteração: Wellington Silva no lugar de Bruno. No Vasco, Bernardo em lugar de Tenório.

Aos 35 minutos, Carlinhos fez sua melhor jogada na partida, passou por Dedé, tocou para trás mas Junio não finalizou bem. Depois Fred cruzou, Junio tocou de letra e Alessandro fez outra defesa espetacular, impedindo o empate. Felipe não entrou bem, errando passes, mas todos sabem que poderá produzir muito mais. O Vasco foi ameaçador com Pedro Ken, chutando alto pela direita.

O Fluminense tem a vocação de ser a mosca na sopa e, quando o jogo caminhava para o fim, não é que Carlinhos acertou outro drible na esquerda à linha de fundo e cruzou bem? Quem tem Fred também tem a vocação do gol: cabeçada certeira, canto direito, nada a fazer para Alessandro, empate decretado no clássico. O jogo incendiou, Nem dividiu com Alessandro na direita, conseguiu cruzar mas longe de Fred, com a bola sobrevoando a pequena área. No fim, justiça: o Vasco abriu o placar quando o Fluminense tinha mais força, nós igualamos quando eles estavam mais perto do segundo gol. 

A vitória não veio, mas o Flu continua sendo o time que se recusa a perder. O time da aplicação, vide os reservas que passaram a correr no gramado após o jogo. Nada de lamuriar. Agora, a mochila às costas e a velha trilha rumo à América pela frente. Eis 2013, um ano que nos alimenta de sonhos e promessas de felicidade, tal como este carnaval que vivemos por ora.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Contato: Vitor Franklin

10 Comments

  1. Olá Paulo Andel!! Feliz 2013 e Feliz tudo!!!
    Jogamos o feijão com arroz e, perdendo 4 chances claríssimas de gol fica complicado…
    O time do Vasco é horroroso e Felipe jogou no deles. Não engulo a contratação do cara. Não engulo e ponto.
    Abraços gerais.

  2. Pow, Andel! O resultado foi ótimo e ficamos tão satisfeitos com o jogo que pensei que você fosse fazer um verso alexandrino sobre a heroica saga de três volantes e colocar Abel Altivo Braga em seu devido lugar, que é o pico do Monte Everest, precisamente em cima de um cone do DETRAN-RJ, sentado e nu. 😛

    1. Paulo comenta: foi mal, Marciorocha. Eu pensei que Carnaval era época de não-tricolebagem e não-cornetagem. Sorry 🙂

  3. Flu merecia melhor sorte pelo que jogou e foi o único que marcou gols no clássico. O goleiro foi o melhor nome deles.

    Domingo tem a melhor coisa do carnaval carioca: o Cordao do Boitatá. E eu estarei lá de Cártolinha Tricolor!

  4. Andel, cabeças-de-área não dá!
    Que a cuca do Abel esteja mais arejada pra quarta!
    ST4!

  5. Ok, o Abel ganha R$ 1 milhao por mes para insistir com Edinho, Carlinhos e Bruno. Mas se o Flu pagasse R$ 2 reais por mes, para qualquer torcedorr , este faria muito mais que o Abel. Colocar 3 volantes contra o time que perdeu de 4 pros mulambos, empatar com Friburguense que igualmente tomou de 4 dos mesmos mulambos, me leva a concluir que, ou nosso time é inferior ao Flamengo e do mesmo nivel de Vasco, Quissamã e Friburguense, ou os jogadores estão jogando de sacanagem.Ah, vão me chamar de corneta( Como se ninguem pudesse criticar o que está visivelmente errado,) e dizer que é o SEXTO JOGO da temporada e que repetidamente o time titular joga mal.Colocar tres volantes, Abel, não se ganha jogo, apenas chama o adversario pra cima. Colocar trocentos atacantes sem ninguem pra municiar este ataque, vai virar um festival de chutoes, de defesa pra defesa e os armadores de ambos os times vão ficar com torcicolo de tanto ver a bola ir de lá pra cá, em ligação direta. Acho que qualquer torcedor faria melhor que o Abel.

  6. Felipe horroroso, time cheio de falhas na defesa. Se o vasco fosse um time de futebol de verdade, teriamos perdido esse jogo. Espero que joguemos melhor a libertadores. St.

    1. Mesmo com esse vasquinho não conseguimos aplicar uma lapada,é desesperador ahahhah

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