Flamengo 1 x 1 Fluminense (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, tivemos um Fla-Flu à altura de suas tradições, com direito a catimba, cartões e até bom futebol. Ao cabo de tudo, tiramos dois pontos na Dissidência, de modo a assegurar que eles terminem o ano no cheirinho, enquanto ostentamos, em cima deles, o bicampeonato estadual e, em cima do rival argentino, o da Libertadores, cabendo ainda a possibilidade do bicampeonato mundial.

Tirando a introdução, o primeiro tempo do Fluminense foi desastroso. Muito por mérito do adversário, que colocou no jogo uma intensidade digna dos tempos de Jorge Jesus. Muito por conta da presença em campo de Marcelo, que nos impõe uma confusão tática, sem, pelo menos no jogo de hoje, compensá-la com jogadas decisivas. Ao contrário, matou jogadas de ataque com decisões erradas.

Aliás, falando em decisões erradas, o comentário é extensivo a todo o time. É muito difícil quando você tem um adversário marcando pressão, que é um pouco do que o Fluminense gosta, mas, ao vencê-la, o ataque simplesmente não conseguir ser agudo e, ao mesmo tempo, não reter a bola para a construção de jogadas.

Essa foi a marca do Fluminense, enquanto a Dissidência, bem organizada e intensa, criava oportunidades em cima dos nossos erros e, mesmo quando tentávamos pressionar a saída de bola deles, encontravam espaços com passes longos. O 1 a 0, conseguido já no final da etapa inicial, ficou barato para nós.
Diniz volta para o segundo tempo com Diogo Barbosa no lugar de Marcelo, Yony González no de Keno e Lima no de Marlon, com André recuando para a zaga. Começa ali o recital de Martinelli, que joga a Dissidência nas cordas. Não que Martinelli, deslocado para a lateral-esquerda, enquanto Marcelo jogava de tudo, não tivesse feito um bom primeiro tempo, mas é algo notório que quando joga em sua posição faz o time jogar.

Foi o que aconteceu no segundo tempo. Jogando em sua posição, sem sacrifícios desnecessários, foi o grande maestro do time, fez o Fluminense jogar. Com um time mais intenso, cheio de gás, passou a coordenar uma nova dinâmica de jogo, empurrando o Urubu para as cordas, fazendo do domínio tricolor até mais difícil de suportar do que o rubro-negro no primeiro tempo.

Não que tenhamos criado oportunidades de gol na mesma proporção, mas a pressão tricolor era insuportável, porque, atônitos, os jogadores dissidentes só faziam correr atrás da bola, que rolava de pé em pé, agora dentro do seu campo, e não na nossa intermediária, como ocorrera na primeira etapa.

Saiu dos pés dele, Martinelli, o lançamento para o gol de empate. Bola diagonal por cima, para Arias ganhar na cabeça e jogála na pequena área. Yony González se atira nela e decreta o empate.

O Fluminense não parou, continuou jogando muito melhor contra um adversário que só chegou às imediações da nossa área com perigo aos 27 minutos da segunda etapa. Mas é aí que vem o fenômeno a ser estudado. A gente quase não fala de Paulo Henrique Ganso durante o jogo, mas eis que ele sai para a entrada do formidável Alexsander. Dali em diante, o que se viu foi a Dissidência retomando o comando da partida, com o Fluminense perdendo o poder de pressão, mas, ainda assim, atraindo o adversário para desarmes defensivos e contragolpes perigosos. JK, o Caçador de Urubu, quase marca o gol da virada.

O Fluminense, de forma muito digna, fez a sua parte. É preciso ter desportividade para entender que há outros sonhos em questão e com o sonho dos outros não se briga. Que o diga o Corinthians em 2009. Que continue assim até o final.

Há, porém, algo que tem que ser dito. Ou perguntado. Por que o Fluminense não jogou o primeiro tempo como jogou o segundo? Isso não é uma escolha do time em campo, mas produto de uma escolha de Diniz na escalação do time.
Marcelo precisa ser repensado. Eu tenho o mesmo respeito e reverência de todos pela história desse monstro do futebol mundial. Só que acima de Marcelo tem o Fluminense. A verdade é que mais uma vez só atrapalhou, tanto em virtude dos erros quanto por fazer com que o futebol de Martinelli ficasse comprometido na primeira etapa.

A grande verdade é que poderíamos estar agora disputando o título brasileiro, e mostramos isso hoje, mas as mesmas escolhas que nos tiraram essa oportunidade quase nos tiraram o título da Libertadores.

Não dá para fechar os olhos para os problemas, ou eles nos engolirão mais cedo ou mais tarde. Nós ainda temos uma disputa de Mundial pela frente. Se quisermos ter alguma chance, o caminho já está desenhado, é só uma questão de trilhar com responsabilidade e compromisso.

Acima de tudo o Fluminense Football Club! Saudações Tricolores!

1 Comments

  1. Será que não seria interessante tentar o Alexander na lateral esquerda, que é onde se destacou inicialmente, quando não tínhamos lateral daquele lado? E o Marcelo não deveria ser tentado no meio campo,. mas não junto do Ganso, mas no seu lugar?

    Será que a saída do Ganso para a entrada do Alexsander, em vez de se dever a qualidade do primeiro e a má fase do segundo não seja simplesmente porque o primeiro é nulo e o segundo negativo e poderíamos dar uma chance ao Gabriel Pirani ou Geovani Monzon no lugar de ambos?

    Gostaria de saber da sua opinião a respeito dos reforços ventilados: Renato Augusto, Everton Ribeiro, Redondo, Gamarra e Scarpa.

    ST, Fernando – Rio de Janeiro

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