Parece incrível e é. Tinha tudo para dar errado, mas tão errado que acabou dando certo. É futebol.
No primeiro tempo, o jogo muito brigado deveria ter terminado com a nossa vantagem no marcador, surrupiada pelo erro grosseiro do auxiliar. Não houve impedimento algum, e justo na única jogada veloz de Bigode.
No segundo, os caras modificaram o time e fomos sendo imprensados sem dó. Quando foi preciso, Fábio e Melo estiveram bem. Não era preciso ter sofrido tanta pressão, mas aí é a liturgia do abelismo. Por outro lado, a marra de sempre pode ter levado o rival a achar que ganharia quando bem quisesse. Perdeu uma, perdeu duas, três, quatro… e aí a bola pune. Então o Fluminense injetou sangue novo com Arias e Martinelli.
A partir do primeiro gol de Cano a vitória foi automaticamente consagrada porque o Flamengo ficou completamente amarelo, atônito. Logo depois, o segundo gol do gringo levou os pré-campeões às cordas: foram nocauteados. Podia até ter saído o terceiro tricolor, mas ficou só na anulação. A Flapress já achou seu bode expiatório, claro.
Nada está garantido, mas a vantagem é muito grande e até surpreendente. Muito, muito longe da perfeição, o Fluminense teve atitude e coração no Fla x Flu, itens fundamentais para quem quer ser campeão. Não, o Abel não incorporou Rinus Michels nem Zezé Moreira: foi com sua própria cabeça.
O sábado será, acima de tudo, um dia de humildade e inteligência. Estamos mais perto de acabar com a humilhação de dez anos sem títulos expressivos. Parece incrível e é mesmo.