Eis que chegou o maior clássico do futebol mundial, quiçá da eternidade, principal produto que a FFERJ tem para cuidar. E não cuida com o devido louvor e respeito que ele merece, tanto na promoção do jogo como na escolha da arbitragem e tratamento devido, refletido no jogo, mais catimbado e brigado do que jogado.
O roteiro da partida foi previsível, domínio tático e até tétrico do nosso adversário, com retranca e ferrolho Tricolor em busca da redenção em uma bola. Ela veio, no fim, mas antes houve uma epopeia que se desenrolou em campo, em batalha quase campal, com direito a pênalti anulado, que poderia facilitar as coisas ao Flamengo e um gol bem anulado, também pelo VAR na segunda etapa, após Arão ciscar na bola, Gustavo Henrique dar de ombros e ficar disponível ao Gabriel para fazer o gol, que não valeu.
A primeira etapa foi marcada pelo clube da Praia do Pinto articular passes pelo lado esquerdo e tentando esticar bolas pelo lado direito, muito para aproveitar o que conseguem de melhor, com os jogadores desses setores. A criação por dentro foi mais inoportuna, pois o Fluminense de Abel embargou o setor com Yago, Felipe e André, deixando poucos espaços para que pensassem o jogo. Mesmo assim as melhores chances foram deles. Já que o Fluminense pouco agrediu, pois na fase ofensiva, não encaixou jogo por dentro, esticando bolas ao Luiz Henrique e apostou na condução de Yago e Samuel, que pouco inspirados, não criaram, como de costume. A melhor chance caiu nos pés de Willian em finalização no canto, que obrigou o goleiro Hugo a esticar-se por inteiro, quase que cumprindo ordem de Caetano Veloso: ‘para de ondular agora, cobra coral’. E no fim em cabeçada pós-escanteio de Luiz Henrique, tirando tinta da trave.
O Fluminense, e também o Flamengo, derivaram para um jogo mais tumultuado que jogado. Nesse aspecto, foi melhor para o Fluminense que tem Felipe Melo, que tem nesse contexto seu único argumento para mostrar utilidade, aos latidos e encaradas, criou seu cockpit em torno de si, além de conseguir desviar uma bola crucial em cruzamento dentro da área que encontraria as redes, certamente.
Para o que se propôs fazer, o Fluminense teve a melhor sorte, sim, sorte, pois analisando taticamente e tecnicamente, poucos destaques, dentre eles Luiz Henrique e Nino a se destacar. Já no espírito do Time de Guerreiros, Cano entrou brigando por todas as bolas e Yago, que jogou com um babador de sangue na boca desde o primeiro tempo, após choque com o cotovelo de Éverton Ribeiro, aliás, outros ‘choques’ no jogo, Felipe Melo e Diego, gerando amarelo para ambos, mas nenhum superou Vitinho e Calegari, que entrou bem, gerando expulsão a ambos, após dividida de bola, desencadeou uma trocação de pernada e socos no meio-de-campo.
Voltando a falar de futebol, o gol fortuito nos redimiu no fim, após belo cruzamento de Yago em cobrança de falta, Jhon Arias timidamente cabeceou a bola e contou com a colaboração do frango de Hugo, além da falha de cobertura de Isla, abrindo o placar para o Fluminense, em vitória que reverbera o dito popular de que é normal ganhar Fla-Flu.
As substituições do Fluminense foram coerentes e fizeram crer que poderia ser parte da equipe titular, pois em vez de três zagueiros, melhor seria ter dois zagueiros, com dois volantes, sendo eles: André e Martinelli, com meias pelos lados: Luiz Henrique e Jhon Arias, Cano em vez de Fred, mas ainda faria outra troca: Nathan na vaga do aguerrido Yago, que poderia revezar a volância com André ou Martinelli. Pelos lados, hoje, Calegari e Marlon.
A entrada de Gustavo Nonato no fim parecia uma previsão da fala do Abel, de que não deve se preocupar em fazer o segundo, mas sim não sofrer o empate, embora Nonato tenha entrado antes de o Fluminense abrir e fechar o placar.
Num resumo superlativo eu diria: hoje a diferença estava debaixo das balizas, Marcos Felipe salvou a vitória e o bicho dos jogadores (se é que ainda o ganham), já Hugo nos agraciou se ajoelhando e envergando a coluna para trás na hora da cabeçada de Arias.
Que a euforia e alegria pela vitória no Fla-Flu não turvem as ideias de Abel e seus auxiliares quanto aos equívocos e armadilhas que seguem na maneira de jogar e escalação do Fluminense.
De fato Fla-Flu é algo que quase não se explica, coexiste uma aura diferente nesse jogo, que começa 40 minutos antes do nada e será sempre eterno.