Que o Fluminense costuma dar de ombros para os grandes nomes de sua história, é fato. Não é de hoje. Basta falar da incapacidade de valorização da figura de Didi, um dos maiores jogadores de todos os tempos, que surgiu para os holofotes no clube, sendo campeão mundial em 1952 e tendo disputado sete temporadas com a camisa tricolor.
Desde que deixou a camisa 1 do Fluminense, Castilho cansou de pedir oportunidades de trabalho no clube. Morreu sem conseguir.
Neste domingo, Edinho completou 67 anos. Desde que decidiu o Campeonato Carioca de 1980, o zagueiro regularmente é tido como integrante do hipotético maior Fluminense de todos os tempos, ao lado de nomes como o próprio Castilho, Rivellino e outros monstros da bola. Além de conquistar vários títulos pelo Flu, Edinho foi consagrado por ser um símbolo de garra aliada a enorme talento. Anos depois, como treinador, ganhou duas das onze Taças Guanabara pelo clube, com times considerados modestos.
Contra Edinho, pesam três “acusações”: “trair” o Fluminense em 1987, indo jogar no rival (e vindo imediatamente ao término da própria temporada); “ser mercenário” em 1989, acusado ridiculamente por um dirigente que a história esqueceu e, por fim, “torcer contra o Fluminense” durante a década em que foi comentarista no SporTV (isso com muitos flamenguistas, vascaínos e botafoguenses também dizendo o mesmo a respeito do então comentarista no trato com seus clubes).
Honestamente, as três sentenças beiram o ridículo, já tendo sido dissecadas e debatidas ao longo dos anos. Edinho jamais traiu o Fluminense e jamais deixou de se empenhar num jogo tricolor. Quanto à acidez que muitos apontavam em seus comentários, é a mesma que demonstrava em suas entrevistas quando defendeu o Fluminense em campo: sempre foi um tremendo crítico, desde jovem. Mas tudo bem: é a sensibilidade do torcedor, sempre sujeita a delicadezas e variações com toda justiça.
Se parte da torcida tem bronca de Edinho, ainda que por situações já desveladas, é um direito daquela amostra tricolor. Agora, o que não pode é o clube deixar de celebrar um de seus maiores ídolos, o jogador que carregou a torcida consigo quando o Fluminense desfez a Máquina, verdadeiro símbolo para dezenas de milhares de tricolores que já passaram dos 50 anos de idade. Pior ainda é quando se sabe que a celebração de aniversários de ídolos tricolores é algo recorrente nas redes sociais do Fluminense. Ao não fazê-lo, o clube deprecia sua própria história e se encolhe.
OBS: até às 22:46h deste domingo, o Fluminense não tinha feito nenhuma referência a Edinho em suas redes sociais, nem na página principal de seu site. O grande destaque do dia foi uma esdrúxula nota de condenação do Estádio Alfredo Jaconi, quando na verdade o clube deveria ter se posicionado antes da partida.
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Nesta noite de domingo, no programa Boleiragem do SporTV, o apresentador Roger Flores recebeu o supervisor Américo Faria e o preparador físico Moraci Sant’Anna.
Américo e Moraci, campeões mundiais e com currículos vitoriosos quilométricos.
Perto do fim do programa, surgiu à tona um tema inevitável naquele encontro: o Fluminense na Série C de 1999, já que os três participantes fizeram parte daquela campanha.
Américo fez questão de ressaltar o orgulho por integrar a comissão técnica daquele tempo, que considerou um enorme desafio, mesmo dito por Moraci, completando que iria com Parreira onde o treinador estivesse.
O programa terminou com as imagens de comemoração de Roger, após ter feito o gol contra o Náutico no Estádio dos Aflitos, decidindo o título.
No momento mais difícil de sua história, o Fluminense tinha uma comissão técnica de campeões mundiais. Mais de vinte anos depois, realizados e em idade madura, os integrantes daquela comissão são gratos ao clube pela oportunidade. Nunca é demais celebrar a gratidão, insumo deveras escasso na sociedade e no Tricolor também.