Hoje foi um dia muito especial. Meu primeiro dia dos pais em que minha filhinha de dois anos e pouco tem consciência de que sou o seu pai. Graças a Deus, acho que o time dela está garantido. Mas isso deu algum trabalho. Em vitórias ou derrotas, desde essa idade, eu sempre procuro falar bem dele, mostrar que ver um jogo dele na tv é uma coisa boa.
Ir ao Maraca com meu pai nunca foi uma experiência fácil. Ele sempre foi um torcedor nervoso demais, cuja paixão veio dos anos 40, 50. Até hoje, sentar-me ao lado dele para ver um jogo, em casa ou arquibancada pode custar aborrecimentos. De duas uma: ou o time promove uma exibição de gala e ele então distribui sorrisos para todos os presentes ou desfia um rosário de impropérios, querendo que o técnico saque do time os onze incompetentes. Por isso, era uma dificuldade tirá-lo do Méier para ir comigo ao Maracanã pra ver algum jogo. E quando acontecia uma derrota, a volta era toda sob reclamações.
Ao contrário dele, tinha um tio botafoguense que amava ir ao maraca. Minha primeira ida remonta a 1976, num inacreditável Botafogo 1 x 4 Fluminense do qual eu lembro de muito pouca coisa. (Sim, eu vi a máquina tricolor em ação sem saber que era…). Com isso, fui a N jogos do Botafogo assistir futebol – não torcer – isso durante os vinte e um anos de jejum do Botafogo. Era um prazer ver jogos com este meu tio, pois ele encarava o futebol como uma diversão. Nunca passou pela minha cabeça ser Botafogo (graças a Deus, pois seria caso de manicômio). Meu tio, cujo filho único se dizia Botafogo e detesta futebol, morreu em 94, meses antes do tetra e um ano antes de ver seu time ganhar seu único título no Pacaembu. Ele se comportou magnificamente. Jamais me ofereceu presentes do Botafogo. Jamais quis me catequizar. Levava o sobrinho para o estádio pra ver futebol.
Então, se me permitem o palpite, comprar trezentos uniformes pra criança usar não fará do seu filho um torcedor do seu time. Ver a felicidade no seu rosto na vitória ou na derrota, sim. Não desperdicem a oportunidade de fazer com que o jogo do seu time seja, pros olhinhos inocentes do seu filho, um grande prazer.
Feliz dia dos pais!
José Augusto Catalano
Panorama Tricolor – fluNews
Zeh, que texto bacana… e que bom começo no mundo futebolístico com a Máquina Tricolor..rs
No mais, concordo com o que vc disse no texto (herdei o amor pelo Flu ao ver o amor com que meu pai torcia pelo time), e ainda acho que Manu pode se encantar por outro time… ao ver figura mais apaixonada e encantada que a do pai… Será? rs… Brincadeira…