O velho Febeapá, vulgo Festival de Besteiras que assola o país, criação genial do jornalista Sérgio Pôrto – ou Stanislaw Ponte Preta – baixou nas Laranjeiras.
Não que tenha sido propriamente uma novidade.
O relacionamento com a patrocinadora tem resultado em tiros n’água disparados pelo canhão tricolor nos últimos anos.
Não é hora de ingratidão: reconheça-se que, graças a Celso Barros, craques internacionais como Romário, Deco e Fred vestiram as cores do Fluminense.
Grandes títulos foram conquistados.
No entanto, o pacote Barros não tem só roupa nova: Rissut, Evando, Eduardo Ratinho, Josafá e outros menos votados como o folclórico Ciel. Catorze anos de parceria, lágrimas de títulos, lágrimas de perdas e também alívio: 2003, 2006, 2008, 2009 e 2013 (assim esperamos este).
Muito sufoco para quem tem o melhor patrocínio do Brasil. Quase metade das temporadas na era dos pontos corridos. Sem contar gestos tresloucados como demitir e recontratar Renato Gaúcho no mesmo campeonato, por exemplo.
Compreensível que a paixão ligada ao dinheiro traga arroubos e hipérboles ocasionais. Somos quase todos humanos, salvo um ou outro desajustado. Só que o Fluminense é grande demais para ser conduzido pelos desejos de uma só pessoa, seja ela quem for. Claro, se é que nesse Febeapá que se arrasta desde domingo houve um desejo exclusivo.
Não me venham com conversa da situação atual: o presidente Peter foi o único da era Unimed que buscou alternativas reais para sanear as combalidas finanças do clube – que não estariam tão combalidas se presidentes anteriores tivessem feito o mesmo. E aqui aplaudo o candidato Delei, que em nenhum momento explorou o caos vivido nesta semana em Álvaro Chaves. Pelo contrário: declarou a vontade de ver tudo superado o mais rapidamente possível, como tricolor que é. Não se pode dizer o mesmo de quem o apoia.
Vanderlei Luxemburgo tem seus erros e acertos. Não é o principal responsável pelo caos destes dias (mas também tem sua conta). Não fez nada que já não tivesse feito em outros clubes. Seu erro principal resume-se em não ter conseguido dar liga a um time destroçado, o que até pareceu que aconteceria há pouco mais de um mês. E não merecia o tratamento a ele dispensado nesta semana. Ninguém merece. Deixemos essa coisa de ele ser rubro-negro de lado: Renato Gaúcho (outra vez aqui), eterno herói das Laranjeiras, foi um dos sujeitos que mais fiz piadas e galhofas contra o Flu enquanto esteve na Gávea. Veio desacreditado, vestiu a camisa com imenso profissionalismo, pagou até salários e virou semideus no campo. Muricy, campeão brasileiro (apesar de sua péssima e cavada saída), resgatou a dignidade do Fluminense na competição nacional e nunca torceu por nós. Foi profissional quase o tempo todo. Bastou para conseguir o sonhado título.
Se VL foi contratado à revelia do presidente, depois tendo a permanência imposta ou não agora, tendo havido “lava-mãos” de Celso ou não, sinais de que o milionário modelo de parceria Fluminense-Unimed carece de melhorias e ajustes, nenhum deles passando por “um tratamento ainda melhor”, tal como já foi dito no calor do cenário eleitoral.
“Desprestigiada”, a patrocinadora deu de ombros em 2013, a ponto de vivermos o caos de agora. Imaginem se fosse “tratada a pão-de-ló e tapete vermelho”?
Por outro lado, se Peter tinha para si a decisão de demitir Vanderlei e não o fez, deve satisfações a seus apoiadores e à torcida em geral, até para que se entenda o que aconteceu.
Rodrigo “o-que-faço-lá?” Caetano é a pessoa menos indicada para responder qualquer coisa: não diz nada mesmo. Aliás, quem diz?
A sete jogos do fim do campeonato, o Fluminense precisa mais do que nunca do seu maior patrimônio, maior do que vaidades, poderes econômicos e a tradicional baixaria política do clube.
A sua torcida.
Somente a linda, vibrante e apaixonada torcida do Fluminense conseguirá aterrissar esse avião desgovernado.
Mudando o treinador ou não, o estrago está feito. O time é um arremedo em relação a 2012. Pode até ganhar os jogos e se safar, mas com raça e determinação somente. Não haverá talento.
Diante de um cenário que se avizinha, mais uma semana de trabalho perdida.
O bom-senso sugere mandar abrir os portões dos jogos do Flu como mandante no Maracanã para os jogos finais. Por que a mesma torcida, linda como sempre, não merece o dissabor de mais um rebaixamento. Não basta mais 30 mil; precisa-se de 50 mil. Cada tricolor presente é uma multidão no sentido de afastarmos o pior.
No campo e nos bastidores, está difícil de acreditar.
A boa e velha arquibancada é a cartada final.
A bênção, João de Deus.
Panorama Tricolor
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