Fazendo história (por Lennon Pereira)

menininha

Domingo de chuva em plena Cidade Maravilhosa. Dizem os românticos e amantes inveterados, que o Rio de Janeiro não combina com nuvens , céu cinzento e chuva. Deixamos essa paisagem para nossa gigantesca vizinha, mais ao sul, terra dos Bandeirantes. Por coincidências do destino, de lá também vem o personagem coadjuvante do filme que trataremos nessa crônica. Nosso genérico de três cores, que já foi também personagem de outro filme épico em 2008, durante a Libertadores.

O Rio de Janeiro combina com sol. Céu azul, praias recheadas de belas mulheres. Sorrisos, cerveja gelada, descontração e bares lotados ao entardecer. Temos vocação para alegria, para festas. Somos a capital da alegria. Quem quer se divertir e ser feliz, nos escolhe como destino. Aqui adotamos a todos que tenham dentro de si o espirito carioca de ser.

O fato aqui narrado não poderia ocorrer em lugar mais carioca. O Maracanã, palco de grandes artistas, grandes clássicos. O templo mundial do futebol. Por aqui jogaram os maiores craques do Brasil e do mundo, e os que não jogaram e se aposentaram, ficaram com uma lacuna na carreira. Os que ainda estão em atividade alimentam essa esperança até o derradeiro dia da carreira.

O Maracanã está como Wimbledon para o Tênis, ou Mônaco para a Formula 1. Incomparável e insubstituível. Como diria certa musica do Kid Abelha, “ depois de você os outros são os outros e só’.

Tarde de chuva, o mais carioca dos clubes, nosso amado Fluminense, enfrenta o time de reservas do rival paulistano de três cores. Lutamos desesperadamente para espantar a má fase e permanecer na elite do futebol. O jogo foi para quem tem coração forte e fé inabalável.

Podem vocês estar pensando que vou aqui narrar como emocionante o gol salvador do tão criticado guerreiro Gum. Certamente isso por si só já daria um belo e dramático texto, mas não foi isso que mexeu com minhas emoções.

Eu respirava aliviado após o apito final do árbitro, e começava a relaxar com os três pontos conquistados. Foi aí que reparei num cartaz na mão do pai de uma jovem de aproximadamente 10 anos se eu não estiver enganado. O cartaz pedia que nosso homem de gelo, o sempre sereno e contido Cavalieri, goleiro que espantou a maldição da posição que se abateu sobre nós depois do grande Paulo Vitor, fosse seu Papai Noel. Pedia que lhe presenteasse com sua camisa.

O goleiro, que já se dirigia para o vestiário, viu o cartaz alertado por alguém não identificado. Dirigiu-se para onde a menina estava com a camisa na mão, a entregou e a pegou nos braços para a realização daquele sonho infantil.

Naquele momento a jovem se desmanchava em lágrimas. Trocaram ali algumas palavras que não pude entender pela leitura labial. Logo nosso goleiro também estava com os olhos marejados. Ele, a menina, o pai, eu, e grande parte das pessoas que assistiu a cena.

Não há palavras para descrever gestos de amor, carinho e cuidado. A atitude de Cavalieri o fez cair de vez nas graças da torcida e escrever seu nome na história do Maracanã, do clube e no coração da torcida do Fluminense.

A cena se repetiu em programas esportivos e telejornais. Num mundo tão carente de gestos de amor e afeto, aquele abraço do goleiro em sua pequena fã caiu como generosas de amor, fé e esperança para todos nós.

Que fique esse gesto em nossos corações e mentes. Que fique a emoção daqueles poucos segundos na história do Maracanã.

Que esse breve e eterno momento inspire nossos guerreiros para as próximas três batalhas que temos pela frente.

“O Fluminense somos todos nós”.

Até semana que vem.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: globo.com

2 Comments

  1. Q bela lição deu o goleiro, ao atender ao apelo do pai. Ponto para o jogador! Q bom q vc estava lá para nos “colocar em cena”, pq td vez q leio seus textos, rapidamente me transporto para o momento. Amei! Bjs

  2. Grande caráter do nosso goleiro…digno de nós torcedores que representamos uma torcida de nível superior às demais.

    st…..

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