Favor não confundir (por Paulo-Roberto Andel)

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Logo mais tem Fluminense no Maracanã contra o popular Coxa. 

A principal expectativa é a de uma atuação convincente, para que haja uma sequência consistente de bons resultados – o principal e inalienável objetivo de todos os torcedores tricolores. Assim seja.

Há alguns modestos gargalos, a saber.

Primeiro, num campeonato equilibrado e sem grandes expoentes como o Brasileiro, deixar que alguns pontos escapem é normal, mesmo não sendo desejável. Lógico, todos queremos vencer tudo, mas ninguém que preze por um mínimo de razoabilidade há de acreditar que teremos 33 vitórias nos próximos 33 jogos. Torceremos por todas, mas o coração e a lógica não são irmãos siameses.

Pouco importa se o Coritiba é fraco. Merece respeito, o que não deve ser confundido com medo ou apequenamento. Ano passado, Horizonte, América-RN e Chapecoense também eram fracos. Deu no que deu. E metade daquele time do Flu continua aí, ora aplaudido, ora criticado. 

Tirando isso de lado, todos queremos a vitória. Não cabe a babaquice oca de afirmar que os descontentes com atos da gestão tricolor “torcem contra”. Primeiro, o Fluminense em campo acima de tudo. Política é outra coisa. Politicagem, seja da oposição ou do governo, idem. Fico do lado dos tricolores, não o dos babacas. Ou por acaso algum babacoide tem respaldo moral de dizer que eu torço contra?

Outra história da carochinha advém de uma questão antiga, decenal: a torcida do Fluminense não participa nem colabora com o clube (não incluídos os parlapatões das redes sociais, lógico). Bobagem. Outro dia, depois de levar de quatro do Atlético, a primeira coisa a ser feita foi majorar o preço do ingresso. E os vinte mil de sempre não falharam. Outros milhares de torcedores apóiam Brasil afora, inclusive pagando mensalidades. Se a coisa ainda não andar como deveria, talvez seja um bom negócio parar de empurrar a culpa nas costas dos clientes – que tal o prestador de serviços acompanhar seus novos e badalados produtos e ficar atento a eventuais falhas deles? Se precisarem de uma ajudinha, posso indicar um sócio que, há um ano não tem o direito de usufruir dos descontos regulares no preço dos ingressos, com a total indiferença do clube a respeito da questão. Basta procurar neste sítio o Paulo.

Campo: pelo fim da mitomania e do derrotismo. Os dois são risíveis. O Fluminense não é o pré-rebaixado que alguns vaticinaram há duas semanas, nem é a Máquina 2015 depois de vencer o fraquíssimo Flamengo. É um time em formação, que ficou quase dois meses sem treinador este ano. Alguns bons jogadores. Dois artilheiros (um sem espaço por enquanto). Gente experiente. Neste começo, a Ponte de Biro-Biro e Renato Cajá está conseguindo, o Sport de Diego Souza e Brocador está conseguindo, por que o Flu não pode conseguir também? Basta trabalhar. E deixarem trabalhar, dentro e fora.

À torcida, cabe ter paciência e também saber cobrar no momento oportuno. Jogador, dirigente e treinador que não gosta de ser cobrado precisa rever o fato de estar num grande clube. As pessoas têm todo o direito de contestar o que quiserem, desde que dentro da lei e dos princípios de urbanidade.

Um time comum, que pode crescer na competição e surpreender positivamente. Dois jogos em casa, sonhamos com seis pontos. Se vierem, serão muito bem-vindos. Caso o êxito não seja pleno, a cada semana caberá reavaliar os erros para buscar os acertos.

Avançar no Brasileiro não transforma nenhum mau caráter em bonzinho, nenhum mentiroso em homem de palavra e nenhum leviano em gente de bem. Mesmo assim, todos torcemos, ainda que alguns se iludam com a comovente otarice ao se autoproclamarem “mais torcedores do que os outros”. Vencer em série significa a alegria de uma torcida que vem desde 2013 penando sem a devida contrapartida.  O mais importante acima de tudo.

Oxalá venham duas boas vitórias – hoje contra o Coritiba e, no domingo, diante do arrumado Sport. Pontos para sedimentar a caminhada, não para alimentar gigantismos esquizofrênicos. Quem não atrapalhar já ajuda bastante. Favor não confundir, nem distorcer.

O Fluminense está acima de todas as pessoas – estas sempre passam um dia, quer queiram ou não.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

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1 Comments

  1. “Mesmo assim, todos torcemos, mesmo que alguns se iludam com a comovente otarice de se autoproclamarem mais torcedores do que os outros.”
    Prefeito, não só nesta frase, como em todo texto.
    Lembro duma entrevista com um inglês, torcedor do Flu, nas laranjeiras que disse que não entendida torcedores vaiarem um time com grandes conquistas. Contou que seu time na Inglaterra nunca tinha levantando um caneco e mesmo assim a torcida nunca deixou de apoiar. Há apenas uma ‘classe social’ no Flu,…

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