A última parada da minha viagem – aaaahhhh… – foi a capital alemã. Pegamos um frio nada simpático. Na verdade achei a própria Berlim não muito simpática. Tem lugares fantásticos e está carregada de história, mas é como se não se importasse se você está ali ou não. Enfim, foi o que senti. De um jeito ou de outro, é uma cidade de visitação obrigatória. Principalmente se você tem interesse em tudo que envolveu a Segunda Guerra Mundial.

Enfim, futebol, certo? Em um dia frio e muito chuvoso – não tivemos como trocar, pois, como comentei, Berlim não foi muito simpática – fomos visitar o histórico Estádio Olímpico de Berlim. O transporte público funciona no padrão de qualidade alemão e, além de carro (vasto estacionamento) e de ônibus, você chega facilmente tanto pelo metrô de superfície (S-Bahn), quanto pelo subterrâneo (U-Bahn). Basta seguir para a Olympiastadion. Chegando, fizemos uma breve caminhada por uma pista que corta a floresta até chegar ao estacionamento do estádio.

A visão da arquitetura estilo romana e das torres com os anéis olímpicos é algo impressionante. A minha expectativa aumentou e talvez por isso acabei tendo uma…

Decepção e história

Você lembra o que contei sobre a Allianz Arena? Aqui é contrário. O pessoal do centro turístico é até simpático, mas o esquema é amador. Durante a semana, os passeios são guiados apenas em alemão, enquanto que em inglês, apenas alguns no fim de semana. Pense comigo: se você é turista de fora da Alemanha, tem grande chance de aparecer de segunda à sexta, mas se você é alemão, tem grande chance de ir no fim de semana. Estou certo, não estou? Para eles, não. Como era uma quinta-feira, peguei um audio guide (muito mal cuidado e programado) e saímos para fazer o passeio por nós mesmos, como pacote que incluía a Torre do Sino.

O dono da casa é o Hertha BSC ou Hertha Berlin, como nós conhecemos. A loja é fraca e a lanchonete também. Entre as fotos na parede, o grande Marcelinho Paraíba tem destaque. Mas enfim, seguimos para dentro do estádio e então é possível ver um campo extremamente bonito. Sua arquitetura interna, com o verde do campo em contraste com o azul da pista de atletismo e o detalhe da Torre do Sino atrás, forma um quadro magnífico. Até o cinza sem graça das arquibancadas fica bem. Nele foram jogados seis partidas da Copa de 2006, entre elas, a estreia do Brasil contra a Croácia e a final entre Itália e França. Sua capacidade é de cerca de 74 mil espectadores.

É impossível você não imaginar a cena épica do atleta americano Jesse Owens desafiando Adolf Hitler – não sabe do que se trata? Clique aqui. Aos desavisados: o Estádio Olímpico de Berlim (e o complexo à sua volta) foi construído para receber os Jogos de 1936. Tudo envolto pelo crescente clima que daria na 2ª Guerra e, ainda, na “ressaca” da 1ª Guerra. Ameaça de boicote foi fichinha perto das várias coisas que aconteceram.

Em volta do estádio, tem o “muro da fama” com ilustrações de grandes momentos esportivos, estátuas que simbolizam os atletas olímpicos, os campos de treino do Hertha, o parque aquático – no caso, apenas piscina, trampolim e arquibancada, o que era suficiente na época – e um centro de equitação. Atrás está um grande gramado (área de outras modalidades, como as de arremesso) e a Torre do Sino, feito especialmente anunciar os jogos.

Para chegar à torre você é obrigado a dar uma grande volta, sem qualquer sinalização, a ponto de você começar a duvidar se ainda está no complexo. Nela, você encontra uma lojinha minúscula, uma sala de projeção, na qual passa um filme que conta a história dos Jogos de 36, e um salão com fotos e diversos fatos e textos que explicam vários detalhes em volta do que aconteceu e do que é hoje o estádio. Muito, mas muito interessante e até perturbador.

Subindo por um elevador especial você chega ao sino, que é uma réplica do original e, um andar acima, no topo, tem acesso à vista de praticamente toda a Berlim. Como era um dia bem chuvoso, mal vi o estádio. A torre original foi destruída logo após a guerra e é possível ver o primeiro sino no caminho de volta. É incrível como ele está quase intacto. É possível perceber uma esforçada tentativa de apagar a suástica e outros símbolos nazistas dele.

Ao fim, é impossível você não sair meio em transe devido ao peso da história. Mas se tratando do estádio em si, mesmo com o vislumbre interno que citei, ficou uma frustração, um sentimento de desvalorização ou mesmo de amadorismo. Completamente o oposto do que eu esperava, principalmente por tudo o que vi na Alemanha antes. A culpa está no dono ser um time mediano? Não sei. Mas é certo que merecia melhor atenção.

De qualquer forma, vale a visita. Se puder, vá num final de semana (caso também não fale alemão). Pode ser que com visita guiada a experiência seja outra.

Quem gosta ao menos um pouco de futebol, visitar estádios de outros países é quase uma obrigação. É um verdadeiro cartão de visitas local. Sinto-me um privilegiado em ter tido essa experiência. Recomendo a todos e, sendo bem sincero, mal posso esperar fazer uma nova viagem assim.

ST!

Veja também:

– Allianz Arena, casa do Bayern de Munique

– Amsterda ArenA, casa do Ajax

– San Siro / Giuseppe Meazza, casa de Milan e Internazionale

Panorama Tricolor

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Fotos: Rods