Esse estranho mundo chamado Flamengo (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o Brasil não é o que é por acaso. Por essas paragens nada tem lógica.

O time do povo cobra R$ 100,00 no ingresso mais barato para um Fla-Flu. O mesmo clássico que eu assisti dezenas de vezes me acotovelando com os dissidentes na bilheteria para comprar um ingresso por dez cruzeiros.

Houve um tempo em que um Fla-Flu com menos de 60 mil pessoas era uma aberração. Acreditem, o Fla-Flu foi o maior clássico do mundo. Na final de 1963, eu nem era nascido, havia mais de 160 mil pessoas no Maracanã, o maior público da história em jogos de dois times de futebol.

O Flamengo foi campeão com um empate milagroso. Mas nós tivemos Manfrini em 73, Assis em 1983 e 1984, Renato Gaúcho em 1995. Tivemos, também, Flávio em 1969.

O que há de comum nesses jogos são duas torcidas gigantescas lotando o Maracanã para assistir a um duelo imprevisível.

É bem verdade que se tivéssemos ainda o Fernando Diniz a história do jogo de hoje teria sido diferente, porque os nossos recursos humanos, apesar da diferença econômica, não são tão inferiores aos deles.

O que não muda o fato de que estamos vivendo uma história escrita por uma emissora de televisão, que explora um serviço público e consegue fazer e acontecer, manipulando a população com um jornalismo que beira a banalidade.

É assim na política e no futebol. Derruba governos e destrói reputações. Graças à dindinha, ninguém lembra de que os títulos dos dissidentes foram quase todos obtido com ajuda do apito amigo. Quem não lembra da falta escandalosa do Rever no Henrique na final do Estadual de 2017?

Na década de 1980 era muito, mas muito pior. Não há um ser humano que não fique perplexo ap ver o que aconteceu na final do Brasileiro de 1980, quando o árbitro do jogo se tornou conhecido como José de Assis Aramengão.

Quem não lembra do Oscar Scolfaro não sabe o que é Flamengo.

Apesar de tudo isso, escapamos de uma goleada neste domingo graças a um erro grotesco da arbitragem, que deixou de dar um pênalti claro em Gabigol, mas é melhor vestir de vez a carapuça da tolice quem ache que alguém queria beneficiar o Fluminense.

É que o jogo já estava ganho para eles, porque, como antecipei, não temos em nossa preparação uma filosofia de time grande, como tivemos no primeiro turno, quando encurralamos os ladrões em seu campo.

Eu queria falar de tática, de formação de time e outras coisas mais, porém, depois dos dois últimos jogos, eu só tenho a lamentar, porque o que eu escrever aqui será um monte de coisas jogadas ao vento.

O fato é que o Flamengo, com todo o investimento feito pela Globo, tem Jesus, um técnico moderno, que dá uma banho nos técnicos brasileiros, que se acham a última coca-cola do palito.

O que sobrou do Fluminense do Diniz conseguiu proporcionar belas cenas futebolísticas, sobretudo quando não abriu mão de seu estilo, mas falta confiança, porque, como sempre tenho dito, todas as nossas jogadas têm que ser construídas desde lá detrás, porque não temos contra-ataque, não temos intensidade.

Temos um time que não morde, não atrapalha, não incomoda a saída de bola do adversário. Aliás, como fazem os dissidentes da Praia do Pinto.

Então, que o Marcão continue mexendo onde não tem que mexer para manter Ganso e Nenê no mesmo time. Talvez, quem sabe, pense no 4-5-1, com um meio de campo com Allan, Caio Henrique, Daniel, Ganso e Nenê, com um time marcando avançado, sufocando, não deixando o adversário jogar.

Mas nós não temos lateral esquerdo né? Que grande confusão em que nos metemos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

7 Comments

  1. Parabéns pra vc Savioli. O mais lúcido comentarista de futebol dentro do nosso Universo Tricolor. Todos os dias acesso o Panorama buscando um comentário seu. ST

  2. SAVIOLI, não entendi bem o teu alto conceito sobre Diniz, pois se o Flu com ele apresentava um futebol de primeira, o mesmo não se podia dizer dos resultados, duas vitórias em 14 jogos é muito pouco, Diniz permanecer estaria longe de ser solução…ST…

    1. Caro Xavier,

      Nós não tínhamos resultados porque éramos garfados pelo VAR todo jogo, não tínhamos goleiro e nossos atacantes tinham um azar desgraçado.

      ST

  3. Bom dia, Saviolli. Tocou fundo, agora. Até hoje, aquele Fla x Flu de 63, com mais de 170 mil, eu com 10 anos, expõe minhas raízes tricolores. Perdemos massacrando. Mas que orgulho! Do time! Do Clube! e o hoje o que temos? eu, apenas minhas memórias. De tudo, de todos … grande abraço e o meu respeito a você.

    1. A gente meio que pode dizer que o jogo de domingo decretou a morte do Fla-Flu.

      ST

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