Acabou o jogo, o trabalho no rádio e fui comer. Naquela hora, só lá pelo “final do Leblon”. No N do Leblon. Lá estavam o Sabino e a Nininha, o Ferreira Goulart e a Tereza, a Odila e um barbudo. Pedi a omelete e começou o papo. Nada de futebol. Foi sobre Orquestra Sinfônica do Municipal e esquentou. Pedimos um guaraná e o assunto passou para “Diretas já!” ou depois e o consenso foi que para depois era melhor ou mais manso que o Sarney deve sair em 4 anos. Mas o PMDB precisa se arrumar melhor, do contrário pode se estrepar. Isso foi o barbudo que disse. Todos concordaram que o negócio está confuso e, de repente, entra o José Roberto Wright. “Oba” pra lá e pra cá, eu disse: “Para mim foi pênalti”. Ele respondeu: “Pode ter sido, mas o jogo já tinha acabado”. Antes que eu dissesse outra coisa, ele falou logo: “Meu erro foi não ter mostrado cartão vermelho para uns dois ou três. Mas o jogo estava acabado e por isso fiquei lá longe”.
Perguntei: “Mas um cara de azul partiu para te agredir, não foi?”. Ele confirmou: “Foi sim, mas se deu mal”.
Olhei para as mãos de Zé Roberto e percebi que seus dedos estavam bastante amarrotados. Faço ideia o cara de azul ou a cara do cara. Todo mundo só ouvindo e pensei que nem tinham visto o jogo. De repente, todos falaram ao mesmo tempo. Estavam na moita. Sabiam tudo e viram tudo. Sabino Barroso disse: “Para mim foi pênalti e o lance mostrado de trás, pela televisão e repetido várias vezes, deixou bem claro”. E mostrou seu gesto mandando o jogo continuar. Todos concordaram e Zé Roberto respondeu: “Poderia ter sido até assassinato. O jogo já tinha acabado. Repito: meu erro foi dar cartão vermelho para os jogadores que me ofenderam. Isso é coisa de súmula e não de cartão. O diabo é que nossos campos estão sempre invadidos e tudo fica tumultuado”. Rigorosamente, foi o que aconteceu no restaurante e aconselhei Zé Roberto a procurar uma farmácia e botar alguma coisa nos dedos. Eu estava longe e não vi a briga. Mas o rapaz de azul deve ter se machucado.
A principal verdade dos fatos é que a torcida imensa do Fluminense ganhou o jogo. Quem tem torcida grande no campo de jogo leva muita vantagem. Quanto ao merecimento, não há dúvida que o melhor foi o Fluminense. Mas foi pênalti. Se aquela torcida fosse do Bangu, ganhava o Bangu.
(Publicado em 20/10/1985 no Jornal do Brasil, página 29)
Panorama Tricolor/ FluNews
@PanoramaTri
Contato: Vitor Franklin
2 Comments
Comments are closed.
Caros amigos,
Lamentavelmente, a imprensa, desde que o mundo é mundo, sempre condena o Fluminense, por supostos beneficiamentos de arbitragem.
Quem for isento e imparcial, procure no Youtube o vídeo deste jogo, com os melhores lances e verá nitidamente que por volta dos 15 ou 25 minutos do segundo tempo do jogo, houve um PÊNALTI escandaloso contra o Bangu, num chute do Jandir da meia lua, que o zagueiro Oliveira, em cima da linha do gol, simplesmente espalmou a bola. Notem o comentário que o repórter faz, afirmando a existência deste pênalti.
O engraçado é que deste lance NINGUÉM se lembra. Porque será?
Fato similar fizeram em 2012, ou seja, 27 anos depois, conosco no jogo contra o Náutico, em que reclamam a não marcação de um pênalti contra o Fluminense, no final do jogo e, simplesmente ignoram outro, muito mais grave a favor Fluminense, no jogador Carlinhos, ainda no primeiro tempo.
Até quando sofreremos com esta perseguição??? Enquanto isso, o Mulambo ganha tri-campeonatos (sobre o Botafogo) em armações bizarras envolvendo emissoras de televisão, federações, árbitros e… nada!
ST, Luiz.
Passado, acabou! Lamento pelo bangu, clube simpático do subúrbio. Só estive por lá uma única vez, num hospital para falar com um médico amigo meu. Vi o estádio Moça Bonita de longe. E só! O Right é tricolor e pode ter sido movido pela paixão. A torcida não merecia o empate, era o jogo do tricampeonato, ninguém ousaria dar aquele pênalti. Mas, foi injusto com o Bangu. O jogo acabou quando o Right viu o perigo de gol e antes que alguém o acusasse de não ter dado o pênalti ele optou por encerrar o jogo.
História apenas. Mas, o Flu era melhor.