Amigos, amigas, a partida de hoje me fez pensar em um passeio pela cronologia desse campeonato.
Lá no primeiro turno, antes da partida entre Fluminense e Corinthians, eu dizia no pré-jogo do Panorama que ali era barbada, que o Fluminense tinha obrigação de ganhar. E ganhou.
Hoje, no mesmo pré-jogo, eu disse que o Fluminense só ganharia esse jogo por acidente. Levamos uma goleada de 5 a 0, confirmando minha visão sobre o duelo.
Como explicar isso? O Corinthians se movimentou, contratou Mancini, contratou os gringos do Atlético MG, tentou fazer algo para mudar sua realidade.
Nós não tínhamos dinheiro para tanto, mas tínhamos peças surgindo e várias janelas para evoluir. Fizemos o contrário. Agarrados aos resultados, os responsáveis pelo nosso futebol aprofundaram a política que conceberam para o futebol.
No jogo de hoje tivemos a seguinte situação. Depois de um primeiro tempo ruim, perdemos Michel Araújo. Saíram Michel e Hudson. Entraram Nenê e Lucca. No correr do jogo, entrou Caio Paulista, saíram Fred e Wellington Silva. Entrou Martinelli, quando o Corinthians já brincara de fazer gols.
Se os amigos observarem detidamente o parágrafo acima terão um diagnóstico claro. Não bastasse a consagrada falta de propósito esportivo, nem a sorte nos sorri. Estou falando da perda de Michel Araújo, que nem jogava bem, mas pelo menos nós tínhamos alguma ilusão de ter um time de futebol em campo.
Todos os méritos para o Corinthians, que fez uma grande partida. Que, aliás, se esbaldou pelo nosso lado esquerdo da defesa, onde já falei que Danilo Barcelos já enganou tudo que tinha que enganar. E isso já faz umas seis ou sete rodadas.
Essa ideia de time, que não tem amparo em nenhum raciocínio lógico, nos levou a levar a maior goleada da história no confronto contra o rival paulista, o mesmo que surramos na final do Mundial de 52. O mesmo que deixamos a ver navios no Centenário em 2010.
Fomos um time incapaz de criar jogadas ofensivas, porque não fomos moldados ou treinados para isso. Somos um time que, no máximo, joga por uma bola ou no erro do adversário, que é a obra final de Odair, que já fazia o time jogar assim, porque, mais cedo ou mais tarde, seria a única forma de jogar com tantos veteranos e barangas.
Então, é bom que entendamos que o que estamos vivendo hoje faz parte de um processo. Não fosse o time do Coisa Ruim um bando de milionários entediados, já teríamos passado esse vexame na quarta-feira passada.
Só que vencemos o jogo em duas falhas deles e fizeram de uma vitória questionável a conquista do bicampeonato mundial de clubes. Com direito ao presidente do clube pulando com os jogadores, quando deveriam estar todos envergonhados do que estamos passando. Comemorar? Sim. Com a descrição que o momento pedia, sem que fosse gravemente ferida a liturgia do cargo de presidente do Fluminense Football Club, uma das mais prestigiosas instituições esportivas do mundo.
Teremos três jogos pela frente contra o que aparentemente são adversários bem inferiores, pelo menos na tabela de classificação. Ainda estamos em sétimo e podemos consolidar essa posição. No entanto, mantida essa filosofia, podemos viver um verdadeiro pastelão, a começar pelo jogo de sábado contra o Sport.
O vexame de hoje foi didático. Mostrou o que pode produzir essa política rasteira e sem propósito que nos assola. O que pode produzir uma ideia de Fluminense em que se comemora uma vitória contra o Flamengo como se fosse um título, quando, com um pouco de seriedade e propósito, poderíamos até, mesmo que acidentalmente, disputar o título brasileiro desse ano.
Muita atenção às finanças. O que está em curso é um processo que tirará do Fluminense o tubo de oxigênio que o mantém respirando. O ano de 2021 pode ser o mais trágico de nossa história.
Saudações Tricolores!