Pelo bom senso dos eleitores do Fluminense (por Felipe Fleury)

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Confesso que ainda não digeri os efeitos dessa campanha eleitoral para a presidência do Fluminense. Muita roupa suja lavada, ofensas, bloqueios e outras condutas pouco civilizadas dão o tom desse período pré eleições.

Talvez seja porque pela primeira vez o pleito tricolor ganhará um alcance muito maior que os anteriores, com a participação dos sócios-torcedores e, também, em razão do eficaz instrumento de propagação de ideias e, infelizmente, violências, chamado internet.

Tenho amigos que apoiam os, agora, três candidatos e nunca me indispus com qualquer deles, mas percebo, da distância que guardo de tudo isso, que são muito frequentes os casos de agressões entre partidários das candidaturas. E isso ocorre por três motivos: primeiro pela falta de argumentos; segundo, porque ainda existe a falsa crença de que por detrás de um teclado se é invisível e, terceiro, pela falta de educação.

Pode parecer um clichê, mas quando candidatos concorrem a qualquer cargo, até o de síndico, é preciso debater ideias. Todos os concorrentes à presidência do Fluminense têm suas plataformas expostas em suas páginas e sites de campanha, mas não consigo perceber, ou raramente consegui, partidários de uma ou de outra candidatura discutindo os exatos termos dessas plataformas, comparando-as e até mesmo criticando-as através de argumentos sólidos.

Basicamente, tem-se procurado desconstruir o concorrente trazendo à tona suas mazelas pessoais ou profissionais, ou seja, o lado negativo de cada um tem sido elevado à quinta potência, enquanto o que cada um tem de bom – e deve haver algo de bom – é relegado ao ostracismo.

Talvez essa seja uma tática da política, jogo que ainda não aprendi a jogar, embora reconheça a sua importância, mas de toda a sorte, para o eleitor verdadeiramente preocupado com os rumos do Fluminense, o que deveria importar são as propostas que poderão retirar o Tricolor desse mar de mediocridade em que está mergulhado há quatro anos.

Antes que digam que só vejo o lado ruim desta Administração, qualquer consulta aqui mesmo no PANORAMA TRICOLOR revelará o contrário. Há muito o que ser comemorado na gestão Peter, mas a sua preocupação com o futebol foi um ponto negativo num quesito que tem peso três.

Mas falar desta gestão não é o propósito desta coluna. Meu intuito é dizer que as eleições se aproximam e que toda essa violência virtual que descamba para o ódio e que, invariavelmente, põe em trincheiras contrárias tricolores que até bem pouco tempo estavam comemorando juntos vitórias do Fluminense, só tem uma consequência: destruir laços de afeição e amizade que poucas torcidas podem se orgulhar de ter.

Não há mais tempo para que isso seja corrigido, e, mesmo se houvesse, talvez não pudesse sê-lo, porque o ser humano é estranho quando é contrariado. Dificilmente sabe ouvir argumentos contrários e, quando não há argumentos para defender seu ponto de vista, simplesmente ataca como uma forma de defender-se de uma agressão que não houve. Um complexo de perseguição quase esquizofrênico que se transforma em ódio por qualquer palavra mal compreendida ou qualquer argumento que não se possa refutar com outro argumento.

O que eu posso esperar, portanto, é que no dia 26 de novembro o torcedor possa fazer a sua escolha com consciência, baseado nas melhores ideias e no potencial que o candidato terá para desenvolvê-las, mas, sobretudo, que todos sejamos, em espírito, tricolores novamente.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

Imagem: f2

2 Comments

  1. Uma leitura essencial, pois resume o comportamento do torcedor concreto em ambiente de realidade virtual. Eis uma passagem que, por si só, consiste numa tese: “a falsa crença de que por detrás de um teclado se é invisível”. Todos nós, navegantes da rede, amantes de futebol ou não, deveríamos refletir sobre isso. E, também, proceder autocríticamente ao teclar. ST****

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