A campanha de associação espontânea ao Fluminense, começada nesta semana por iniciativa louvável de Alexandre Villela e comprada por torcedores de todo o Brasil, é um passo muito importante para tirar o clube dos escombros em que se meteu – ou melhor, em que foi metido, no mínimo por incompetências sucessivas de seus dirigentes.
Sim, é fundamental que o Fluminense disponha de um capital avantajado para debelar sua imensa dívida financeira. Sem isso, não tem possibilidade de outros aportes a curto e médio prazos. É urgente. Urgentíssimo!
Mas é bom que se diga: não basta apenas o dinheiro das mensalidades para que o Flu volte ao seu devido lugar. Ele é fundamental diante da gravíssima penúria tricolor, mas está longe de ser o único problema a ser resolvido.
O Fluminense precisa de cem ou cento e cinquenta mil sócios viabilizando o oxigênio financeiro que o clube necessita, mas também é necessário que estes mesmos novos sócios não se limitem a comprar ingressos com desconto e prioridade.
É preciso que parte dessa massa se incorpore a uma tarefa hercúlea porém edificante: libertar o Tricolor de amarras centenárias que impedem seus avanços.
Dentre elas estão a velha política de candinhagem, com meia dúzia de pseudo-iluminados tocando o clube à base de gestões empíricas, com pombos-correio contando fajutagens na internet em troca de benesses; o casuísmo e o personalismo; a falta de coragem em expor de vez para toda a torcida a real situação econômico-financeira da instituição, bem como os fatores que levaram o Fluminense ao atual descalabro; a não renovação dos quadros políticos do clube, estimulando uma velha panelinha que apenas alterna nomes e ideias mofadas; o desalinho entre os que se consideram donos de quadras, piscinas e sauna quando comparados aos milhões de torcedores de futebol que amam o Flu; as tenebrosas transações que explicam uma dívida de curto prazo que pode ir de 200 a 300 milhões de reais, com uma de longo prazo que pode passar de um bilhão de reais.
Há anos, salvo honrosas exceções, a esfera política do Fluminense se resume a baixarias de redes sociais, fulanização e amadorismo em funções essenciais. Tantos anos de desacertos ajudam a explicar o rombo bilionário nas contas das Laranjeiras, bem como a nona luta contra o rebaixamento em 17 temporadas na era dos pontos corridos e muito mais.
Com milhões de torcedores, o Fluminense precisa de renovação e qualificação de seu quadro político. A associação ao clube é fundamental, mas precisa ser acompanhada de atitude. Não basta ser sócio; é preciso exercer uma verdadeira militância tricolor. Não basta pagar: é preciso estar junto, jogar junto, atuar.
O Flu precisa ser profissionalizado de vez. Necessita deixar de ser um microcosmo de compadrio, com funcionários de alto escalão contratados por serem amigos ou indicados de alguém, sem histórico algum para as funções exercidas ou ainda por troca de favores, enquanto os trabalhadores menos abonados passam humilhações públicas sucessivas há tempos.
É preciso acabar com apadrinhamentos, bajulações, populismo barato (que sai caro nos cofres do Flu), incompetência disfarçada com arrogância e autoritarismo. Chega de omissão e verborragia oca!
O momento é grave, gravíssimo aliás, mas pode ser debelado a tempo se a torcida tricolor agir com energia e sinceridade.
Precisamos de muito dinheiro, sem dúvida, mas também de ação, atitude, participação, apreço, dedicação, fidelidade e caráter. Para ontem.
Que venham milhares de novos sócios para construir o Fluminense do futuro, sem deixar de lado aquele que encantou o mundo por décadas.
Chega de patotinhas e panelinhas na hora em que o Flu merece a familiaridade de seus milhões de torcedores.
Torcedor(a): seja sócio(a), seja militante, seja Fluminense!
Que venha a verdadeira mudança.
Panorama Tricolor
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