Neste domingo, PANORAMA TRICOLOR e CANTINHO DO LARANJAL divulgaram em primeira mão uma situação que beira o inacreditável: Waldo Machado da Silva, o maior artilheiro da história do Fluminense, tem uma belíssima estátua encomendada pelo jornalista e escritor Valterson Botelho (com seus próprios recursos). Há dois anos, a mesma se encontra guardada porque o Fluminense não se manifesta a respeito de uma doação sem custos e sem qualquer outra pretensão do doador, por sinal um homem bem-sucedido que não precisa nem busca qualquer promoção pessoal, mas enaltecer seu ídolo e também biografado.
Para tanto, foi feita uma petição pública com o sentido de apoiar a causa de modo urbano e democrático. Afinal, se trata de honrar a memória do camisa 9 que mais fez gols pelo Fluminense na história. Um ato que só enaltece o clube e sua torcida espalhada pelo país.
Por incrível que pareça, mas nem tanto, o fato começou a despertar a fúria de alguns caramujos da “política” tricolor nas redes sociais, especialmente o submundo do WhatsApp, esgoto predileto de anônimos buscando a “fama”. Vassalos, beneficiados e puxa-sacos do sistema vigente chegam ao cúmulo de desprezar a questão de Waldo porque se trataria de uma “tentativa de tumulto político” às vésperas de um jogo decisivo para o clube, tratando a torcida tricolor como idiota.
Raras vezes foram tão estúpidos e palermas.
Na semana passada os jogadores do Fluminense estavam tão estressados com a Libertadores que tiraram dias de folga. Por sua vez, a comissão técnica titular está envolvida com a Seleção Brasileira. Pelo visto, os profissionais estão bastante serenos para a disputa do final do mês. E se eles estão, não há problema: afinal, é deles o poder de decidir o sonhado título que nos falta.
Imputar algum tipo de jogo político à devida, justa e necessária homenagem ao maior artilheiro da história do Fluminense é, por si só, estelionato intelectual. É calhordice barata de súditos de subsolo a bajular imaginária realeza patética.
Há dias, foi anunciada a reforma da sala de troféus do Fluminense, incluindo imagens dos torcedores que abraçarem a campanha. Algum dos caramujos falou em “jogo político”?
Imagine o clube que reforma seu anfiteatro de conquistas mas despreza solenemente a belíssima estátua de seu maior artilheiro?
Estátua pronta, linda, significativa, de graça! De graça!
O assunto é conhecido da gestão tricolor há pelo menos dois anos, sem uma palavra sequer.
Há anos e anos, o Fluminense mostra indiferença a várias iniciativas de defesa e exaltação do clube simplesmente porque elas não partiram do grupo que, mexendo as cadeiras feito Heloísa da canção de Vinny, lá sentou praça há mais de dez anos. Alguns se consideram donos da história, do pensamento e, quiçá, do próprio clube. E esse é o único motivo dessa estátua ainda não estar devidamente instalada na sede: ela não foi de autoria da curriola.
A vida cultural do Fluminense não se resume a títulos, porque nem sempre eles são alcançados, embora sempre desejados. É possível perfeitamente torcer muito para o clube – sem se aproveitar dele, não é? -, ter foco pleno na Libertadores e enaltecê-lo.
É possível ganhar a Libertadores e não abanar o rabo para os diversos erros cometidos pela gestão tricolor, a atual e qualquer outra – e não abraçar a estátua de Waldo é um erro crasso, grosseiro, estapafúrdio. Não se trata de encher o clube com monumentos, mas glorificar o maior de seus goleadores. Que tricolor lúcido poderia se incomodar com isso?
Honrar Waldo é ter escrúpulos. O maior dos artilheiros tricolores já está no céu, mas seu lugar na Terra é na Rua Álvaro Chaves, 41. Neste endereço viveu por quase dez anos, escreveu grande parte de sua gloriosa carreira e fez muito, muito, muito pelo Fluminense.
Mais do que todos os anônimos de WhatsApp e Twitter juntos e elevados à centésima potência.