Editorial – De Otávio a Diniz, um Fluminense de mau gosto

Às vésperas de um jogo decisivo para tentar cancelar uma participação humilhante no Campeonato Carioca, o Fluminense segue vítima de negócios duvidosos e até fake news praticada por ex-funcionários.

Muitos torcedores se perguntam sobre o seguinte: faz sentido contratar o volante Otávio, do Atlético Mineiro, pelos valores especulados na imprensa esportiva?

Um jogador que sequer é titular em sua equipe, com um contrato de quatro anos?

E que barraria jovens revelações do clube, mais uma vez?

Certamente não faz o menor sentido do ponto de vista dos sócios e torcedores do Flu, mais uma vez.

É a repetição de um comportamento no mínimo duvidoso em relação ao cofre tricolor. Coisa para beneficiar empresários que ganham percentuais financeiros e só. Para o Fluminense, nada.

II

Entrevistado num podcast de grande porte nesta semana, Fernando Diniz prestou um verdadeiro desserviço ao clube que tanto diz amar.

Disse o ex-treinador que o Fluminense tem sorte em ter seu atual presidente, que acertou as contas do clube.

Boa ou má sorte?

O ex-treinador deve ser muito grato ao atual presidente: dele ganhou uma renovação indevida de contrato quando já fazia uma campanha deprimente no Campeonato Brasileiro de 2024, o que lhe deu uma bela grana extra. Logo depois, foi demitido, deixando o Fluminense pela segunda vez na zona de rebaixamento.

Ter ganhado títulos no Fluminense não lhe dá qualquer autoridade para praticar uma mentira deslavada em público.

Qualquer criança alfabetizada sabe que financeiramente falando, a situação do Fluminense é de penúria. É um clube perdulário que tem una dívida bilionária, que só cresce a olhos nus, ainda que disponha de bastante dinheiro (mal gasto).

Fernando Diniz está na eterna galeria dos imortais do Fluminense pela conquista da Libertadores 2023. Ponto. Isso não o torna um deus infalível e inquestionável.

Ele também está diretamente vinculado a duas campanhas horrorosas (2019 e 2024), que quase rebaixaram o Tricolor duas vezes – na última, o processo foi quase irreversível.

Defender as atuais contas tricolores só pode ser fruto de duas alternativas: completa ignorância a respeito do rombo no Fluminense ou deliberada má fé para proteger o ex-patrão generoso.

O tempo dirá se o problema é uma questão de mera estupidez matemática com irresponsabilidade ou de mau caratismo.