Poderia ser pior. Bem pior. Diante das circunstâncias atuais, um ponto é sempre bem-vindo. Mais ainda: pelo que ocorreu no Maracanã ontem diante do Grêmio no empate em 1 x 1. Continuamos mal na tabela, teremos que torcer pelo tropeço de terceiros, mas foi um ponto importante.
Depois de fazer frente a times contra Botafogo e Inter (onde a derrota aconteceu por falhas individuais de quem sempre falha), o tricolor cumpriu péssima jornada diante do Vasco na quarta-feira passada e fez acender o farol amarelo intenso. Mas sem faniquitos: eles não adiantaram em 1996 e não adiantariam agora. Pois bem: o Grêmio deu três chutes a gol no primeiro tempo. O primeiro explodiu no travessão, o segundo passou à esquerda de Klever – o terceiro foi novamente na trave e, na sobra, o defensor Bressan empurrou para as redes com a turma da defesa parada. Tudo começou com a furada de Anderson e falar disso é soar mofado. Não começamos o jogo com três zagueiros, mas dois zagueiros limitados e um bonecão de Olinda.
Ferido pelo gol, o Flu ainda teve duas ótimas chances de marcar – uma delas, inacreditavelmente perdida dentro da grande área; a outra, num defesaço de Grohe – o melhor em campo. Sobis, sempre lutador, viajante solitário em busca das vitórias. Biro-Biro terá futuro se aprender a chutar. Dez finalizações tricolores contra quatro gremistas. Futebol não é álgebra ou aritmética em estado puro. Sim, o eterno problema da falta de lucidez na armação pesa bastante. Wagner, Bruno e Anderson? É jogar com oito hoje. Para quem esteve perto de disputar o título, o Grêmio é mais um daqueles times que, não fossem três ou quatro jogos, poderiam estar no meio de tabela – enquanto nós, pré-rebaixados pela imprensa e por uma pequena – mas incrível – parte da nossa torcida, respiramos com dificuldade mas não cansamos de lutar.
Felipe deveria entrar em campo para ficar completamente em campo e dar passes. É o que basta. O oásis de talento do Fluminense não pode ficar como mero marcador; devia ser poupado. Entrando, resgatou a racionalidade do meio-campo mesmo numa noite de brilho opaco. Depois, Luxemburgo cansou de jogar com dois a menos, mandou a campo os garotos Marcos Junio e Aílton – lateral estreante. Continuaríamos com onze, não fosse a barbaridade do senhor Alício Pena Júnior, mais um dos patéticos integrantes da má arbitragem brasileira – e prefiro achar que é patético do que safado, embora não duvide. Com marcações equivocadas e, mais uma vez, o Fluminense sendo saco de pancadas nas jogadas sem qualquer esboço de apito, a coisa poderia ter desandado. E esteve por um triz. Falta não se marca apenas no choque, mas na intenção. O zagueiro foi para bater. Não precisava nem ser pênalti – e não seria.
Nos quinze minutos finais, o Fluminense propôs namorar sua própria história de desafios às convenções: brigou contra o time do Grêmio, a arbitragem pavorosa, as próprias limitações técnicas e até mesmo a pequena parte da torcida que tentou chamar o time de sem-vergonha em vão – o que causou verdadeira catarse nas arquibancadas: de uma ponta a outra prevaleceu o canto do nosso hino, abafando rancores, o mesmo hino que diz sobre os que esperam e sempre alcançam. O cântico de amor e guerra incendiou o time psicologicamente destroçado em campo para a busca do empate.
Em 1912, Barthô fez o primeiro 3 x 2 imortal sobre o maior da Via Láctea, a sete minutos do fim do jogo. Desde então, o Fluminense já repetiu tal façanha centenas de vezes, seja em finais espetaculares ou em jogos como o de ontem, onde o importante era não perder e cair. O raio cai mil vezes no mesmo lugar – e caiu. Sobis, lutador durante todo 2013, lutou contra três gremistas na grande área: passou por dois, chutou prensado no terceiro, a bola encobriu Grohe, beijou a trave direita e aconteceu o empate. O Maracanã se cobriu em um edredom de êxtases. Alívio pelo ponto conquistado.
Não vai ser fácil. Nada fácil. A luta é incessante. Agora vem o Cruzeiro pelo caminho, o melhor do Brasil e com a simpática razão do freguês. Depois, a Ponte Preta. Quatro pontos? Seis? Três? Um? Difícil dizer. Pode até frequentar a zona de rebaixamento por uma ou duas rodadas, mas a garra que mostrou ontem – sintetizada na comemoração de Sobis – e a torcida apaixonada que tem – capaz de cantar na tempestade – fazem do Fluminense o menos provável dos times candidatos ao descenso. Os que namoram a lógica vão colocar essa frase na fogueira – mas não custa lembrá-los: por ter afirmado meses antes que o Fluminense não cairia em 2009 é que me tornei um escritor profissional e pago. Fico com Nelson Rodrigues, que os chamava singelamente de idiotas da objetividade. E é só.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: PRA/ Bravo 52
http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=1184&idProduto=1216
Caro Andel,
Agora, é contagem regressiva. É o que nos resta.
47: faltam 12 longos pontos!
ST, Luiz
Show, grande Andel!
Que vençamos os fregueses das Gerais!
ST4
Que o Flu renove com Sóbis urgentemente!! E por uma década!!
Como corre e se entrega de corpo, alma e paixão!!!!
É muito bom ver alguém trajando nossas cores com orgulho!! Verdadeiro Guerreiro Tricolor! Nos sentimos representados de verdade!
Num clube sério e com planejamento, provavelmente a renovação com o Guerreiro seria prioridade! Será no Flu? Ou priorizaremos Wagners, Andersons, Euzébios, Brunos??? Fica a dúvida, infelizmente!
Conseguiremos!
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