Amigos, amigas, estou reaprendendo essa arte de analisar futebol voltando às origens.
Se em outros tempos o que valia era a visão da arquibancada, nos últimos anos fui relegado à telinha, que até é fiel, mas incompleta.
Redescubro, enfim, que o meu papel é transmitir algo mais que a análise fria, embora essa não possa faltar, o que é um complicador e tanto para quem esteve na arquibancada do Maracanã na noite de ontem.
É muito difícil narrar o acontecido para quem não esteve presente ao grande show da vida que foi o Fla-Flu de ontem. O que posso dizer é que tive, na saída do Maracanã, a impressão de que fora o Fluminense o vencedor da partida.
Será que nossa torcida passou a admirar derrotas?
Não, o aplauso efusivo de nossa torcida, que praticamente se recusava a deixar a arquibancada ao final do jogo, não era para a derrota, mas para a dignidade com que os 14 cavalheiros que estiveram em campo se portaram, sobretudo na segunda etapa.
Chegou a ser constrangedor ver o atual campeão brasileiro fazendo cera diante do nosso Fluminense. Não que seja algo de anormal um adversário cair de joelhos e usar de artifícios diante do gigantesco Fluminense e sua inigualável torcida.
Só que estamos falando do melhor time do país, que teve a faca e o queijo na mão para nos liquidar ainda no primeiro tempo. Afinal, com oito minutos, já venciam por 2 a 0.
Poderiam ter feito mais, em que pese a desorganizada valentia de nossas linhas, que tremeram nos minutos iniciais, como foi contra o Botafogo, quando levamos uma bola no travessão com menos de cinco minutos de jogo.
Só que era o Botafogo, que se borrou quando percebeu que a opção tática não dera certo e o Fluminense já vencia por 2 a 0. O Fluminense, não, mesmo perdendo pelo mesmo placar, continuou destroçando o coração de seus torcedores com uma série de erros, mas não abriu mão de pressionar a saída de bola dos café com leite, provocando erros em profusão do adversário.
Todos mal aproveitados, é bem verdade, mas tinha essa tal de dignidade. Como a da arquibancada, que cobrava indenização às famílias das vítimas do lamentável episódio do início do ano passado, tarefa que deveria caber à própria torcida adversária.
Em determinado momento, o grito por “justiça” acabou por soar mais alto que a própria intensão. Quem grita por “justiça” a atrai primeiro para si. Mas nós, tricolores, sabemos quem deve de fato pelos seus maus feitos.
Há tantos males a cobrar, mas devemos nos concentrar nos nossos próprios erros e não no erro alheio. Os gritos de “clube assassino”, que insinuam dolo, de forma equivocada, foram substituídos por gritos de protesto legítimo, que deveriam ter soado, há muito, do outro lado, sempre festivo e inconsequente.
São problemas claro de educação e cultura de um povo que ainda precisa crescer muito.
Mas a torcida do Fluminense foi sábia, formidável. Como prêmio, deixou o Maracanã diante dos olhares atônitos e constrangidos dos café com leite.
Pois como se não bastasse a aula de cidadania, o adversário precisou recorrer a artifícios pouco ortodoxos para segurar o placar. A cera teve apoio inconteste da arbitragem, que não errou nos lances capitais, mas de tudo fez para amarrar o jogo quando o pesadelo se instalou em suas hostes.
Os instantes finais de jogo foram humilhantes para o campeão brasileiro, no campo e na arquibancada. Quem esteve no Maracanã sabe disso. Mas nós só queríamos um Fla-Flu, como nos velhos tempos, com multidões tricolores se acotovelando por lances épicos e não com 25% do estádio protestando contra “erros” de arbitragem, como se tornou comum nas últimas décadas.
Que valor tem vencer a qualquer preço?
Eu sou do tipo que nunca roubei em jogo nenhum e viro um capeta quando alguém faz isso. A vitória só deve ser comemorada quando é limpa, ou não é uma vitória e sim uma trapaça.
Não sei se todos concordam.
A verdade, no entanto, é que Odair tem um problema a resolver, que é nossa saída de bola com jogadores pouco aptos a uma transição rápida e eficiente quando pressionados. Foi o que nos legou um placar adverso de 2 a 0 com quatro minutos de jogo.
É bom que lembremos que os café com leite não são campeões brasileiros e da América por acaso. Eles têm o melhor time do Brasil, até prova em contrário.
Um time com excelentes jogadores que sabem o que fazer em campo. Jogam por música, provocam e exploram de forma formidável os erros do adversário.
Está explicado o que aconteceu no primeiro tempo. Cabe ao nosso treinador montar um time que não seja vulnerável à pressão. Para isso, é preciso ter jogadores impecáveis no passe, como tínhamos no ano passado, e muita qualidade na aproximação, para que façamos maioria em nosso campo, que não foi o que aconteceu.
O que mudou no segundo tempo foi que lançamos o tsunami Fernando Pacheco e, para bagunçar de vez o esquema do Jesus, colocamos o ogro Caio Paulista.
Um ataque com força e velocidade, que de nada adiantaria se não houvéssemos optado por variar nossa transição ofensiva, ora com ligações diretas, estourando na atrapalhada zaga rubro-negra, ora saindo por baixo.
Odair provocou um colapso na estratégia de jogo de Jesus. Se o Flamengo teve chance de meter 4 a 0 no primeiro tempo, o Fluminense, que teve dois gols anulados, poderia ter saído do Maracanã com uma virada épica.
Mas eu acho que é até bom que não tenhamos vencido. A vitória teria escondido erros que precisam ser corrigidos. Os mesmos erros que cometemos contra o Botafogo, que o ataque deles desperdiçou, no começo do jogo, nos custaram dois gols em oito minutos.
O que temos, enfim, que colocar como principal aspecto desse jogo é a vitória moral no campo e na arquibancada. Mostramos torcida e time aguerridos, que se recusaram a perder até o final.
Mostramos, antes de tudo, que o pesadelo do primeiro tempo pode se transformar em sonho para o resto da temporada, mas é preciso que tenhamos coragem de colocar os melhores em campo, se é que eles não estiveram lá.
Parabéns à torcida que esteve no Maracanã com sangue nos olhos e saiu de cabeça erguida, cantando seu amor diante de atônitos e confusos rubro-negros.
Não há melhor vitória que essa para o momento, mas pode haver para o futuro.
Saudações Tricolores!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @MauroJacome
#credibilidade
Uma correção é que eles foram campeões da América do Sul. O resto do continente compete pela Concacaf e um acréscimo é que o procurador do STJD tem que indiciar a torcida do Flamengo por homofobia.
Concordo. Eu ainda esqueci do pênalti.
St
No lance do pênalti em Pacheco, o VAR arranjou um impedimento do atacante para não marcar o pênalti. Não houve impedimento; é só rever o lance e constatar. O mais revoltante é ver que a Flapress (Globo, Sportv, Fox Sport, ESPN Brasil, etc, etc), ao passar as imagens do jogo, não repete esse lance, porque sabe que não houve impedimento. Má-fé!
Eu estava no Maracanã e não consegui entender o que os caras marcaram. Mas depois revi o lance e você está coberto de razão.
Fomos garfados. Para variar.
Embrapa vitória moral não levantei taça, o segundo tempo foi do Flu, se o juiz ñ tivesse amarrado o jogo no final, talvez empatássemos. Mas Digão e Henrique de titulares é de fazer Nelson Rodrigues espernear no caixão – o zagueiro e o volante são simplesmente horrìveis.
Odair já achou o melhor esquema para jogar com esse elenco. Agora terá que encontrar as melhores peças.