Dívida do Flu chega a R$ 1 bi em 2024? (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, eu andei alardeando por aí que a dívida do Fluminense poderia chegar à casa de R$ 1 bilhão no final de 2024.

Não se tratava de pegadinha ou algo do gênero, mas uma conclusão respaldada pela simples análise dos números.

Vamos tentar fazer isso de uma forma bem simples.

As despesas do Fluminense em 2023 (incluindo as financeiras) alcançaram o patamar de R$ 618 milhões.

Não há nada que indique que as desse ano serão inferiores.

Aliás, incluindo as contratações do meio do ano, chegamos a uma estimativa de R$ 700 milhões, porque acredito que mesmo as despesas com folha de pagamento aumentarão.

Enquanto isso, nosso orçamento de 2024 previa receita líquida de R$ 486 milhões.

A minha pergunta é: como você paga R$ 700 milhões com R$ 486 milhões? Se temos uma dívida bruta na faixa do R$ 823 milhões, um déficit de R$ 214 milhões nos levaria a um passivo superior a R$ 1 bilhão.

O fato, porém, é que o Fluminense superou as receitas previstas com transferências em R$ 110 milhões. O que eleva nossa previsão de receitas para R$ 596 milhões.

Sendo assim, a possibilidade de chegarmos a R$ 1 bilhão de dívida bruta está descartada, mas não o desastre financeiro. Afinal, estamos falando de uma dívida chegando na proximidade dos R$ 930 milhões.

Nossa meta em premiações no orçamento é de quase R$ 100 milhões. Ao que tudo indica, chegamos à faixa dos R$ 50 milhões. Para que esse quadro acima se concretize, precisaremos de mais R$ 54 milhões.

Grande parte disso deve vir, imagino, da premiação no Brasileiro. O resto, amigas, amigos, temo que alcançar na Libertadores e somar a isso a participação no Mundial. Só pela Libertadores, conquistando o título, podemos chegar a mais aproximadamente R$ 140 milhões.

Em outras palavras, só o título da Libertadores salva o nosso exercício financeiro de mais um resultado deficitário. E muito deficitário, diga-se de passagem, ainda que não eleve nossa dívida ao assustador patamar de R$ 1 bilhão.

A situação melhorou muito nos últimos dois meses. Antes, era possível imaginar o Fluminense caminhando para o rebaixamento e eliminado da Libertadores pelo Grêmio. Era possível imaginar que a venda de André não ocorresse. Alguém consegue imaginar o tamanho da tragédia?

Hoje, a possibilidade de rebaixamento é quase uma miragem, enquanto o título da Libertadores é uma possibilidade real. O que me deixa muito feliz e esperançoso, mas, por outro lado, não é possível aceitar esse tipo de gestão financeira, que se escora no imaginário, na subjetividade e na sorte.

Esse tipo de comportamento, exceto escorado em variáveis que desconhecemos, é uma ameaça existencial ao Fluminense. O pior dos cenários, ao que tudo indica, já passou, mas continuamos dependendo, como no ano passado, de feitos nas quatro linhas para evitar o agravamento severo da nossa dívida.

Os números não são precisos, até porque não temos balancetes publicados e as informações são as das demonstrações financeiras possíveis e das notícias jornalísticas. Mas podem ter certeza de que a realidade não se afasta muito disso que aqui está escrito.

Vamos galgar posições no Brasileiro, ganhar o bi da Libertadores e correr atrás do bi Mundial, que é uma missão que vai além do gozo das conquistas esportivas.

Saudações Tricolores.