Direto de Washington (por Paulo-Roberto Andel)

Antigamente o Fluminense contratava jogadores protagonistas de outros times. É. Caso de Washington, que hoje faria 63 anos e chegou ao Flu aos 23, vindo de grande campanha no Athletico, chegando às semifinais do Brasileiro na temporada 1983.

Embora jovem, Washington já tinha rodagem. Surgiu no falecido Galícia da Bahia, foi para o Corinthians, depois o Internacional de Porto Alegre, a seguir o Athletico e finalmente o Fluminense.

O artilheiro não era uma unanimidade, e a torcida levou algum tempo para perceber suas sacadas geniais, como por exemplo o corta-luz nas laterais, deixando marcadores no chão. Mas a parceria com Assis foi definitiva e então grandes gols surgiram como o de voleio contra a Gávea. Balançando as redes e ganhando títulos, finalmente caiu nas graças da torcida tricolor. Estava consagrado o Casal 20.

Para 99% dos tricolores, o gol apoteótico de Washington foi o marcado contra o Vasco, driblando o mundo até despachar Acácio, marcar e escrever uma das páginas eternas do Maracanã. Em 1987 o Flu não foi campeão, mas ganhou o poderoso campeão Vasco três vezes sem tomar um gol sequer. Um belo prêmio de consolação à época, que hoje transformariam num título. Sim, um super gol.

Agora, o último grande gol de Washington merece também muitos aplausos: foi marcado em sua antepenúltima partida como o camisa 9 tricolor. Fluminense e Vasco fizeram um dos maiores jogos de todos os tempos, decidindo a vaga para as semifinais da Copa União em 1988, já em 1989.

O Flu marcou logo no começo com um gol inusitado de Donizete, e o Vasco empatou com um gol de placa de Bismarck após passe de Roberto Dinamite. O Tricolor se classificava com o empate e, num jogo eletrizante, o Vasco virou no último minuto numa cabeçada do zagueiro Leonardo, após José Roberto Wright marcar obstrução de Edinho dentro da área.

O resultado obrigou uma prorrogação de 30 minutos e, mais bem preparado fisicamente, o Flu fez 1 a 0 com o jovem atacante Zé Maria. Repetindo uma jogada que havia tentado sem sucesso no tempo normal, Washington entrou na área e, com um lindo toque sutil, desconcertou Acácio: fez o segundo gol, garantiu a classificação para o Fluminense e se tornou o assunto do dia seguinte no Rio de Janeiro. “Rapaz, que golaço do Negão*”.

Assis e Washington já tinham jogado juntos no Internacional e no Athletico, mas foi no Fluminense que os dois amigos se consagraram de vez. Juntos, levaram o Flu a jornadas de glória. Assis faleceu menos de um mês após Washington – é que o Casal 20 tinha a missão de navegar pela eternidade.

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*Reprodução de expressão comum à época, sem nenhuma conotação racista, que era muito utilizada a ponto da torcida tricolor cantar frequentemente uma música para Washington nas bolas paradas, dado que era um excelente cabeceador e um jogador bem alto: “Ão, ão, ão, na cabeça do negão”.

1 Comments

  1. Washington Coração Valente, atacante de mesmo nome, também não era unanimidade e fez um dos gols mais emocionantes do Século XX.
    Este nome parece cair bem nas Laranjeiras.

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