Amigos, amigas, o jogo de ontem foi a pá de cal sobre a nossa esperança de que o Fluminense engrenaria de vez na temporada. Engrenar de vez, na minha visão, é conseguir manter o nível das apresentações em 80% ou 90% dos jogos.
Tivemos essa esperança ativada com a sequência de grandes atuações contra Cruzeiro e Atlético Nacional. Foram três partidas para serem exaltadas como três das melhores exibições do ano, de modo que me parece ser o melhor caminho para estabelecermos uma análise nos debruçarmos sobre o que aconteceu de especial naquelas partidas.
Na partida contra o Cruzeiro, que terminou com empate de 1 a 1 e um único chute a gol do adversário, que Rodolfo aceitou, a grande novidade foi o centro nervoso do meio de campo formado por Allan, Daniel e Ganso. O Fluminense cresceu absurdamente em sua transição ofensiva, qualificando a posse de bola. Léo Artur completou o meio de campo, enquanto Yony e Luciano fizeram a dupla de ataque.
É bem verdade que tivemos dificuldades para furar o bloqueio defensivo do Cruzeiro, mas dominamos o adversário, o que não aconteceu na goleada de 4 a 1, graças à mudança de comportamento do adversário, que adiantou suas linhas. O grande momento daquele jogo acontece após o gol do Cruzeiro, estabelecendo 2 a 1 no placar. O Fluminense não se abate e segue pressionando em busca do gol, estabelecendo domínio sobre o adversário e controle do jogo.
O outro fator chave para o desempenho do Fluminense é a entrada de João Pedro. Entrando no segundo tempo, fez três gols nas duas partidas. Quando começou jogando, contra o Atlético Nacional, fez três no primeiro tempo e ainda computou uma assistência para Luciano. Vale lembrar que o Fluminense sofreu acentuadamente na defesa na primeira etapa, apesar da goleada. Não há problema maior nisso se o Fluminense, ao ir à frente, cria e converte mais. Foi o que aconteceu nas duas goleadas seguidas.
Estávamos convictos de que chegara a hora de alçar grandes voos no Brasileiro. O problema é que a maratona de jogos impõe certas dificuldades. Veio o jogo com o Bahia e o Fluminense foi para campo sem Allan e Ganso, desmontando nosso centro nervoso, deixando Daniel sobrecarregado. Além disso, fomos sem Luciano e Diniz recuou João Pedro para colocar Pedro no comando do ataque, tendo a companhia de Yony. Aparentemente, uma formação ofensiva mortífera, só que a bola precisa chegar e o meio de campo do Fluminense ficou encaixotado na própria defesa tentando furar o bloqueio alto do Bahia. Quando Diniz tentou consertar, o VAR entrou em ação para desequilibrar o jogo.
No jogo da Colômbia, o Fluminense teve seu centro nervoso completo e João Pedro no ataque. Tivemos um começo de jogo defensivamente sofrível. Luciano perdeu um gol feito e, com 1 a 0 de desvantagem, tivemos que administrar o jogo. Conseguimos controlar a partida a partir da metade do primeiro tempo, tomando conta do meio de campo, e no segundo, levando a marcação para a nossa intermediária e cedendo a bola para o Atlético. Prova de maturidade e um resultado normal.
Todos nós esperávamos uma jornada terrível contra o Atlético PR. O problema maior não foi termos ido para o jogo sem Ganso. O problema maior foi achar que Aírton seria capaz de substituí-lo. Lento, sem ritmo de jogo, contribuiu decisivamente para tornar nossa saída de bola presa fácil para a marcação pressão do Athlético. Para completar, acabou expulso num momento crítico do jogo.
Ora, podemos perceber facilmente onde está 80% do problema nas derrotas para Bahia e Athlético PR. Diniz tem um time que se estrutura a partir do seu centro nervoso, formado por Allan, Daniel e Ganso. Quando perde um ou dois desses jogadores precisa repô-los. É aí que entra o problema. Contra o Bahia, Diniz recorreu a Yuri, que era reserva do reserva no Santos, que acabara de chegar ao Fluminense e fizera poucos tempos. Yuri foi substituir Allan, que é o homem de segurança da defesa. Percebam que, mesmo inferiorizado numericamente, o Fluminense subiu de produção na Fonte Nova quando Daniel foi fazer o papel de Allan, com Ganso entrando no meio.
O que eu quero dizer é que Diniz precisa identificar alternativas para o Fluminense não se desmanchar cada vez que perde um de seus três meias. O principal nome para recompor aquele setor é o de Caio Henrique. O outro é Léo Artur, e Guilherme também pode ser testado, além do Zé Ricardo, que ninguém sabe, ninguém viu. Você precisa ter jogadores rápidos, com domínio de bola e excelente passe para escapar às tentativas adversárias de encaixotar nossa saída de bola, como fizeram Bahia e Athlético.
Eu esperava que Diniz deslocasse Caio Henrique para o lugar de Ganso, no meio, e colocasse Mascarenhas na lateral-esquerda, de modo a não comprometer a qualidade do nosso setor de segurança. Além de rápido e bom de passe, Caio Henrique é forte e rápido na marcação. Além disso, sabendo que a grama sintética desequilibra para o time deles, nós tínhamos que ter feito o que fizemos no segundo tempo, cedendo a posse de bola e tentando jogar nos contragolpes. Nós tínhamos que jogar no erro deles e não eles no nosso.
Se eu tivesse todos os jogadores do elenco disponíveis, eu montaria meu time com Rodolfo, Gilberto, Matheus Ferraz, Digão e Mascarenhas; Allan, Caio Henrique, Daniel e Ganso; Pedro e João Pedro. Faria a transição no 3-1-4-2, com Allan entrando entre os zagueiros e Caio Henrique atuando por trás de Ganso e Daniel, com os laterais jogando espetados, como verdadeiros alas. É time para meter medo em qualquer um. O problema é que Pedro está na França disputando o Torneio de Toulon que, na verdade, não é o Torneio de Toulon que conhecemos. Para piorar, corremos o risco de perder Matheus Ferraz e Yony González para o jogo contra o Cruzeiro.
Enfim, até para que Diniz tenha paz para trabalhar, precisamos jogar por resultados nos próximos três jogos. Já não é o mais importante se o time joga bem. Nós temos que vencer o Cruzeiro e descolar pelo menos quatro pontos contra Flamengo e Chapecoense. Depois, é esperar para ver o que o mercado e o novo presidente do Fluminense vão dizer. Seria um sonho se não saísse ninguém. O mais importante, porém, é que Diniz invista pesado no que deu certo, o que inclui ter as opções certas de reposição.
Saudações Tricolores!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
#credibilidade
Boa tarde, Savioli. É verdade. Aqui, contra o Atlético, todos já sabemos como ele joga. Não sei como o Diniz embaralhou tudo. E ele que já treinou este rubro-negro. E, mais, saiu daqui. Agora, em que pese todos os problemas contra o Bahia, eles estavam rezando prá terminar o jogo. Então você já deu a receita. Abraços.