Ah, a vaidade! Ah, a arrogância! Essas duas, que parecem gêmeas univitelinas, quando não siamesas, costumam aprontar bastante, principalmente em dupla, e sempre para cima daqueles que, sabe-se lá por quais razões, criam enredos fantasiosos para disfarçar o fracasso de experiências malsucedidas.
Primeiro, este “blogueirinho” colaborador bissexto precisa apresentar algumas um credenciais. Tenho 61, sou tricolor de resistência desde pequeno, pois sei que fui disputado, desde o berço, por parentes e amigos que torciam para todos os grandes do Rio de Janeiro (Guanabara) à época. Inclusive o America, de quem sou vizinho. Morei 26 anos fora do Rio e, apesar de uma rápida experiência torcendo para um clube local EM CONJUNTO com o Fluminense, o que é a regra de muitos estados Brasil afora (haja vista o sucesso de nossos rivais em mandar jogos em outras cidades), jamais deixei de acompanhar o Tricolor. Sou sócio desde 2009, ex-Conselheiro trabalhador (se perdi 04 seções em três anos de mandato, foi muito, e com todas as ausências justificadas, e numa era em que o conselho se reunião, ao menos, uma vez por mês), assisto todos os jogos que posso e já estive até fora do país, e olhe que numa fase nada animadora.
Feito isso, eu te pergunto, ó professorzinho pardalzinho do (atualmente) futebolzinho brasileirinho: quem é você para me criticar? Quem é você para determinar se sou ou não tricolor, contando como métrica, apenas, as tuas gêmeas vaidade e arrogância? De onde você tirou a ideia estapafúrdia de que a conquista da Libertadores e, recentemente, da Recopa, te transformaram num soberbo soberano da magnificência do ludopédio?
Quem foi que disse que a você que as tuas contratações (não esqueça que você andou dizendo que todos os jogadores que vieram para o Flu neste início de ano são pedidos teus) deverão ser objetos de louvação indiscutível?
Ontem mesmo você viu que teve que injetar sangue novo, ainda que com invencionices assustadoras. Pardalzinho, já deu essa coisa de colocar a gerontocracia do elenco (ou de quem pode estar por trás dele) em campo, para depois usar parte das cinco substituições para tentar corrigir a falta de intensidade.
Encurralar a LDU com as mexidas do banco foi até fácil, é só ver o segundo tempo, onde conquistamos a sonhada vitória espanta-fantasma. Só que os demais grandes do Rio de Janeiro não são iguais aos equatorianos. Sabem muito bem, inclusive nos salões e bastidores, como funciona a engrenagem tricolor. Sair trocando bolas de um lado para o outro, na frente do gol (meu xará Fábio quase pôs a bola pra dentro da nossa meta em um desses lances), já é jogada manjada (Opa!), qualquer adversário sabe como pressionar e, como uma hora o erro aparece, sabe aproveitar e nos derrotar. Como ontem, pois foi empate com sabor de derrota.
Pardalzinho, tem tanta coisa do teu chilique na entrevista coletiva que eu queria combater, mas daria um livro. Vou pegar um ou outro ponto que me interessa mais. Você falou no orçamento do rival, três vezes maior que o nosso. Mas você mesmo não referendou a “narrativa” de que os “reforços” vieram sem custo? Se o rival gastou em dólar para aumentar, e com qualidade, seu já estrelar elenco, e nós gastamos “… 1/3 disso…”, onde foram parar esses dólares (ou reais, ou euros, ou kwachas, não importa a moeda)? E quem foi que, na verdade, fez as contratações? Você não pensou na montagem do time quando fez esses “pedidos”?
Depois eu é que sou criticado por, supostamente, “… não ter dado dois treinos na vida…”.
Outra coisa: de onde você tirou a ideia de que “… a bola não precisa ir na direção do gol para ser gol…”? Acho que você não leu as regras do futebol. Ou ficou com raiva do Fluminense ter tido que fazer gols para vencer os rivais na conquista da Libertadores? Essa mesma competição que funciona, para você e os teus protetores e protegidos, como a comprovação de que você estava certo e que o seu auto endeusamento é supremo. Ah, lembre-se que tivemos que fazer gols em 05 (cinco!) ex-campeões da própria competição. Até vou ser generoso contigo: acho que você queria dizer que a bola pode chegar no gol depois de uma infinidade de passinhos, esse tique-taque que você ama. Mas, para isso, é preciso sair da inércia de toques em um setor concentrado do campo e avançar com ela dominada em sucessivas trocas de passes. E superando os adversários. Pegar um rebote na intermediária adversária e voltar a bola pro goleiro e recomeçar, porque você não sabe ver o futebol sem esse padrão de toquezinhos para lá e para cá, não vai conduzir a nada.
Outras duas coisinhas: 1) Controle as tuas emoções, para que teus comandados também se controlem em campo e não fiquem de faniquitos a qualquer marcação de falta, lateral ou escanteio. Chega de ver o Fluminense ter o maior número de cartões amarelos e vermelhos do futebol brasileiro, mesmo “… não fazendo mais faltas do que ninguém…” (a frase é tua, tá!); 2) Não coloque os jogadores para fazerem parte desse coro contrário a quem não te idolatra e ao teu grupo. Félix, Wendel, Paulo Goulart, Paulo Victor (só para ficar em alguns), todos goleiros de seleção brasileira, sofriam críticas pesadas, em um tempo em que a torcida invadia a sede social de Laranjeiras para ter umas conversas com o presidente de turno. Nenhum deles pegou o microfone para reclamar que estavam criticando os campeões de 1969, 1970, 1971, 1973, 1975, 1980, 1983, 1984, 1985… Nove títulos, sem contar Taça Guanabara e os diversos torneios que o Flu disputava nos anos 1970 a 1980. Você tem quantos no Fluminense, mesmo? Aliás, você era tão “versátil” quanto quer que os teus comandados sejam?
Para terminar, e voltando à questão do orçamento: se o Fluminense continuasse a buscar títulos, como um time grande deve fazer, o bolo cresceria. Ao invés do “orçamento de 1/3”, poderíamos ter um orçamento de 1/2, ou 2/3. Se o Fluminense continuasse a buscar títulos, o nosso zagueiro titular não seria “vendido” a troco de bala para um futebol banido da Europa. Teríamos vários de nossos jovens, vindos da base, em vitrines que significariam melhores negócios para o bem do Fluminense. E isso inclui comissões, sim, pois eu não sou trouxa a ponto de achar que os negócios são só entre os clubes.
Um conselho de quem não te acha o gênio da raça, tampouco um burro com sorte: procure um psicólogo, faça uma terapia. A tua teimosia vai te levar para a fogueira das vaidades.