O Fluminense não jogou bem diante do Volta Redonda. Novamente o time teve uma primeira etapa muito ruim, só que dessa vez os ajustes de Diniz não funcionaram como no FLU x fla.
Muitos jogadores estiveram abaixo tecnicamente, principalmente os homens de meio campo. Alguns questionam a titularidade de Keno, outros o posicionamento de Árias, outros as substituições corriqueiras. A grande verdade é que o tricolor ainda não desabrochou na temporada vigente e vive de lampejos do futebol outrora apresentado.
Como já relatado aqui em minha coluna tática, Diniz ainda não achou os onze iniciais e uma forma efetiva de concretizar o domínio da bola em gols.
A contratação de Keno e a chegada de Marcelo mudaram o rumo do time montado ano passado. Tínhamos Matheus Martins, jogador de circulação e finalização em uma das pontas e quem dava profundidade pela esquerda era Caio Paulista, jogador sem técnica mas com fôlego de sobra.
Com Keno, a sistemática mudou, afinal ele é ponta e tem como características a amplitude e a profundidade. Diniz iniciou o ano com Yago compondo pela esquerda, afinal ele gosta de trabalhar com quatro homens de meio, independentemente de utilizar o 4-2-3-1 que, em tese, preconiza dois pontas entre os cinco homens de meio. Mas, com a saída de Yago e após a boa atuação contra o Bangu, parece que o eleito para a vaga foi Keno.
A escolha de um ponta pela esquerda, talvez já preparando o time para a chegada de Marcelo, que vai trabalhar muito mais por dentro do que pelo fundo, mudou a função de Árias. Antes livre para circular e ajudar nos formigueiros montados pelas laterais, agora o colombiano tem jogado mais preso ao flanco direito, para ajudar na amplitude e também na recomposição.
Com o objetivo de evitar contragolpes mortais contra a linha de defesa alta, Diniz tem prendido mais os laterais em uma linha média e soltado os pontas para dar profundidade. Isso tem esvaziado o meio e obrigado o Flu a tocar de lado, o que deixa a posse sem objetividade, sobretudo nos primeiros tempos. Abaixo o campo tático do meio vazio que tem acometido o rendimento do Flu.
A verdade é que Fernando ainda não encontrou o time. Outra verdade é que o time, tecnicamente, ainda não se encontrou na temporada atual. Temos vários jogadores que ainda não chegaram perto do nível apresentado ano passado, como Nino, André e Ganso. Talvez a ideia de que mantivemos o técnico e temos um time pronto, seja uma mentira que queremos acreditar.
Foi mantida a forma de jogar, mas ainda não foi encontrado um time que seja dominante e ao mesmo tempo competitivo. Conseguimos enxergar certa evolução, mas por vezes enxergamos também uma falta de caminho a ser seguido. O Flu se encontra no purgatório, ora enxergando o céu e outra sentindo o calor do inferno.
O que não pode acontecer é o comportamento de jogar todo o trabalho no lixo a cada revés, assim como não se pode exaltar com veemência a cada triunfo. O equilíbrio que Diniz necessita em seus propósitos também precisa ser encontrado no crivo do torcedor.
Em que pese não termos o time ajustado nesse período da temporada, o que já poderia ter ocorrido, não estamos começando do zero. Pode ser que abrir mão de Keno e colocar outro meia seja a solução, mas existe uma questão comportamental muito nítida. O time oscila momentos de baixa e alta concentração, ou seja, é o famoso oito ou oitenta. Talvez seja o excesso de férias, de festas e de pão e circo. E a torcida não quer só domínio, ela quer domínio, diversão e títulos.
Salve o Tricolor!