Ele foi um dos maiores jogadores da história do Fluminense e do futebol mundial, onde sempre é apontado como um dos maiores de todos os tempos. Campeão carioca com o lendário “timinho” em 1951 e mundial em 1952. Fez quase 300 partidas pelo Flu entre 1949 e 1956, marcando quase 100 gols, respectiva e precisamente 297 e 97. Jogou sua primeira Copa do Mundo em 1954 como atleta do Flu. Fez o primeiro gol da história do Maracanã. Nos anos 1970, voltou ao clube para treinar nada menos do que a Máquina Tricolor. Com todos esses dados, o que faz com que Didi não seja enaltecido como o grande ídolo que é do Fluminense?
Uma história próxima dos 70 anos. Numa transação bastante conturbada, Didi deixou o Fluminense em 1956, seduzido por uma ótima proposta salarial do Botafogo intermediada por Dona Guiomar, sua esposa e famosa por infernizar a vida dos cartolas em defesa de seu marido, isso sem contar o valor baixo que Didi recebia nas Laranjeiras, em função dos descontos de pensão alimentícia. Para piorar, no ano seguinte veio a final do Campeonato Carioca de 1957, o Botafogo deu uma sova por 6 a 2 no Flu, Didi jogou tudo e cumpriu uma promessa: se fosse campeão, andaria do Maracanã a General Severiano. É compreensível que o calor da época mais o trauma da decisão fizessem com que parte da torcida não quisesse lembrar de Didi, mas os tempos passaram, o jogador ganhou o mundo e já tinha uma história imensa com as três cores imortais.
Foi o Fluminense que projetou Didi no tope do futebol brasileiro e internacional. Ao lado de heróis como Castilho, Pinheiro, Telê e outros grande nomes, o camisa 9 ganhou o mundo e construiu uma carreira primorosa. A tradicional acomodação histórico-cultural do Fluminense fez com que Didi não estivesse mais no imaginário popular como jogador do clube – trata-se de uma culpa que não pode ser terceirizada.
Neste sábado (8) Didi faria 94 anos. Ele foi um símbolo de elegância e talento, um supremo multicampeão do mundo e sua história no Fluminense precisa ser valorizada à altura. Há recursos infinitos para isso, basta haver vontade política.
Sobre Didi, por ocasião de sua morte, assim escreveu outro craque – tricolor – do futebol e das letras, Tostão, em sua coluna para a Folha de São Paulo:
Didi foi talvez o melhor armador do mundo de todos os tempos. Atuava com a cabeça em pé, sem olhar para a bola e com o corpo ereto. Enxergava mais que os outros. Tinha um toque bonito e elegante -“príncipe etíope” (Nelson Rodrigues). Um passe preciso, curto ou a 40 metros de distância.
Na partida contra a seleção do Peru, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 58, Didi acertou um chute forte, de curva, com a parte externa do pé. A bola subiu e, ao chegar ao gol, caiu rapidamente, como uma folha seca. Inesquecível e eterno.